Por Melina Bonato* – A digestão dos bovinos é predominantemente realizada no rúmen, por meio da fermentação por comunidades microbiológicas. Assim, alimentar o gado de forma saudável significa alimentar sua microbiota ruminal. O retículo-rúmen – que é o primeiro compartimento do sistema digestivo dos bovinos – compõe cerca de 85% do estômago de um animal adulto e possui capacidade de até 200 litros. Nesse ambiente anaeróbico, os nutrientes são adicionados por meio da ingestão de pastagem, alternada com períodos de ruminação, que é responsável pela redução do tamanho das partículas ingeridas.
No caso do gado de corte, esses animais são desmamados e criados em pastagens até atingirem o peso corporal necessário para serem movidos para o confinamento, onde ocorre a fase final de engorda. Antes do confinamento, a dieta é baseada principalmente em pastagem, com pouco ou nenhum alimento concentrado. Ao chegar ao confinamento, os bezerros precisam passar por um processo de transição para uma dieta rica em concentrados, o que exige adaptação das populações bacterianas no rúmen. Esse período de adaptação é essencial para alcançar o equilíbrio bacteriano ruminal ideal, minimizando o risco de doenças ruminais, como a acidose.
Perturbações ruminais podem ter impacto negativo no desempenho dos animais e na rentabilidade das propriedades. Isso ocorre porque esses potenciais problemas afetam negativamente a taxa de conversão alimentar, ou seja, a transformação dos alimentos em ganho de peso. Cada ingrediente da dieta desempenha um papel importante na manutenção e no desempenho dos bovinos. No entanto, para que esses alimentos cumpram sua função, é crucial que sejam consumidos e digeridos de forma satisfatória.
A ingestão adequada de alimentos depende da quantidade total de nutrientes recebidos pelos animais para atender às suas necessidades de crescimento, saúde, produção e reprodução. Esse processo é regulado e influenciado por mecanismos físicos, químicos, metabólicos, neuro-hormonais, além da ingestão de água e fatores ambientais.
É fundamental garantir um equilíbrio adequado entre os ingredientes da dieta, considerando a disponibilidade de nutrientes e a atratividade dos alimentos, para alcançar as metas de produção desejadas. Nesse sentido, é necessário cuidar do rúmen, promovendo práticas de manejo adequadas, como uma alimentação balanceada e de qualidade.
Quando falamos dessa questão, não podemos deixar de observar que a imunonutrição tem grande importância para a pecuária. Esse conceito envolve a interação entre a nutrição e o sistema imunológico dos animais. Através de uma alimentação adequada, é possível fornecer nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e antioxidantes, que fortalecem o sistema imunológico e melhoram a resistência do animal a doenças. Além disso, aditivos alimentares, como probióticos e prebióticos, podem ser incluídos na dieta para promover um equilíbrio saudável da microbiota ruminal, melhorando a digestão e a absorção de nutrientes. Soluções desse tipo têm sido desenvolvidas por empresas como a ICC, empresa líder em soluções nutricionais naturais à base de leveduras para produção animal.
Portanto, a saúde ruminal desempenha um papel crucial no sucesso da pecuária brasileira. Investir em estratégias que promovam uma saúde ruminal adequada, como a transição alimentar correta, contribui para o crescimento saudável dos bovinos e para a maior rentabilidade da atividade. Dessa forma, é possível garantir um sistema produtivo eficiente e sustentável, promovendo a qualidade da carne e do leite produzidos, além de minimizar os impactos ambientais.
(*) Melina Bonato é bacharel, mestre e doutora em zootecnia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gerente global de pesquisa e desenvolvimento da ICC
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