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Brasil exporta 3,6 milhões de sacas de café em março

Segundo dados do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques nacionais do produto totalizaram 3,622 milhões de sacas de 60 kg em março, volume que implica redução de 6% em relação ao mesmo mês de 2021. Em receita, contudo, observa-se um crescimento de 69,3% no mesmo comparativo, com o valor alcançando U$ 865,1 milhões.

O presidente da entidade, Nicolas Rueda, revela que o resultado de março reflete a expressiva queda de 64,6% nas remessas de cafés canéforas, que somaram 123.437 sacas. “Com os altos níveis de preço do arábica, interna e externamente, as indústrias brasileiras fizeram um rearranjo em seus blends e vêm utilizando mais conilon (robusta), cujas cotações são menos elevadas”, explica.

Já a exportação de café arábica avançou quase 1% no mês passado, para 3,142 milhões de sacas, mesmo em plena entressafra cafeeira no Brasil, destacando-se como o melhor resultado dos últimos cinco anos.

“Diante da menor disponibilidade de café nessa época, o ligeiro avanço observado é resultado da gradativa melhora no cenário logístico, que vem possibilitando os embarques previstos para o mês somados às cargas retidas nos meses anteriores. Entretanto, é imprescindível destacar que a situação logística ainda está aquém da normalidade, demandando muitos desafios aos exportadores”, comenta.

Safra 2021/22

Com o desempenho do mês passado, os embarques no acumulado do ano safra chegam a 30,256 milhões de sacas, recuando 16,5% em relação às 36,227 milhões de sacas exportadas entre julho de 2020 e março de 2021. Em receita, houve evolução de 29,5%, com o valor saltando de US$ 4,555 bilhões para US$ 5,901 bilhões.

O presidente do Cecafé analisa que, apesar da queda, o desempenho atual é positivo, principalmente considerando os entraves que os exportadores brasileiros continuam enfrentando.

“Estamos na entressafra e com uma menor oferta no ciclo atual, seguimos com gargalos logísticos e, mais recentemente, os embarques passaram a ser impactados pelo conflito na Ucrânia. Ainda assim, as remessas na temporada 2021/22 são idênticas às registradas nos mesmos nove meses da safra 2019/20, última de ciclo baixo dentro da bienalidade característica do cinturão cafeeiro do Brasil”, argumenta.

No acumulado do primeiro trimestre de 2022, as exportações chegam a 10,594 milhões de sacas, apresentando queda de 7,8% ante o desempenho nos três primeiros meses do ano passado. A receita cambial no intervalo soma US$ 2,424 bilhões, com significativo crescimento de 60,8% frente a idêntico intervalo antecedente, o maior valor dos últimos cinco anos.

“Essa redução no trimestre está alinhada à menor disponibilidade de arábica, na entressafra de um ciclo baixo, ao crescimento da procura das indústrias pelo conilon, ao cenário logístico, que segue complicado em relação à disponibilidade de navios e aos elevados custos, e, mais recentemente, aos impactos do conflito na Ucrânia”, expõe Rueda.

Rússia x Ucrânia

O prolongamento do conflito na Ucrânia já apresenta impactos nas exportações brasileiras de café. Em março, as remessas totais para a Rússia diminuíram 19%, por exemplo. “Mesmo sendo inimaginável vivenciarmos uma guerra e todo o seu trágico fator humano em pleno século XXI, esse cenário reflete a impossibilidade de se enviar contêineres e embarcações a esses destinos, com a paralisação dos trabalhos das agências marítimas na Rússia e o colapso na Ucrânia, além da retirada das instituições financeiras russas do sistema financeiro Swift, o que dificulta negócios com os parceiros locais”, conclui o presidente do Cecafé.

No primeiro trimestre deste ano, os Estados Unidos permanecem como os principais importadores do café brasileiro. Os norte-americanos adquiriram 2,103 milhões de sacas, volume 3,3% inferior frente às 2,176 milhões de sacas adquiridas no mesmo intervalo em 2021. Esse volume representa 19,8% das exportações totais do Brasil até o momento.

A Alemanha, com representatividade de 17,8%, importou 1,885 milhão de sacas (-8,7%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Bélgica, com a compra de 1,119 milhão de sacas (+29,7%); Itália, com 910.727 sacas (+0,9%); e Japão, com a aquisição de 481.498 sacas (-22,4%).

Com a extensão da guerra ao longo de todo o mês de março, chama a atenção o impacto nas exportações para a Rússia, que desceu do sexto para o oitavo lugar no ranking dos principais importadores no primeiro trimestre. Os russos adquiriram 268.754 sacas de janeiro ao fim de março, volume que representa queda de 19,3% na comparação com o mesmo intervalo de 2021.

Foto: Adobe Stock

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