Agricultura

Clima: potencial da safra caiu em mais de 22 milhões de toneladas

“O potencial da safra foi reduzido em mais de 22 milhões de toneladas, afetando fortemente a oferta do cereal no mercado”, disse coordenador de Produção Agrícola da CNA, Maciel Silva, durante um debate realizado na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), e que reuniu representantes do governo e do setor produtivo..

Segundo ele, o café também sofreu déficit hídrico, que somado à bienalidade negativa, provocou a redução de 22% no volume produzido da safra. “No entanto, o cenário torna-se mais catastrófico com a cumulatividade do impacto das geadas, que afetarão a safra de 2022”, explicou.

Além dos efeitos climáticos, Silva cita o aumento dos custos de produção, que tem contribuído para o estreitamento das margens dos produtores. “Os altos preços dos fertilizantes, o aumento dos custos com diesel e energia estão gerando impactos expressivos nos custos, tornando ainda mais desafiador o processo de gestão das propriedades rurais”.

Maciel apresentou algumas propostas para amenizar os efeitos climáticos e mercadológicos. Uma delas é a gestão de risco. “Analisando os dados do seguro rural, o café, as orelícolas e a pecuária ainda têm participação muito incipiente na utilização desse instrumento, principalmente quando se leva em consideração o alto valor agregado, a relevância econômica e principalmente os altos riscos dessas atividades. É necessário aprimorar os produtos de seguro e garantir recursos para subvenção”.

Para a horticultura, o coordenador de Produção Agrícola da CNA sugeriu a criação de um produto de seguro multirrisco e cobertura para eventuais danos às infraestruturas de produção. Para o café, as propostas são criar um seguro paramétrico e multirrisco com cobertura dos danos às plantas e ter modelos que permitam a mensuração adequada de dano em safras seguintes de eventos como geadas, granizo e seca, com um olhar criterioso para as duas espécies: arábica e conilon.

Já para o milho, a sugestão é incentivar as seguradoras a desenvolver e melhorar produtos de seguro por talhão, para plantio consorciado e milho para silagem e aumentar o percentual de subvenção do milho 1º para aumentar a atratividade do cereal frente à soja e estimular o plantio em importantes regiões consumidoras.

“Nós precisamos ir além. É aprimorar os modelos meteorológicos e divulgação da informação e atualizar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). Ter informações públicas com qualidade, agilidade e acessíveis a todos é o primeiro passo para a assertividade das tomadas de decisão”, concluiu Silva.

Com relação às propostas legislativas, a CNA reforça a importância de o parlamento aprovar a Medida Provisória nº 1.064/2021 e o Projeto de Lei 5.925/2019, que vão contribuir para o reajuste da oferta de insumos para a produção animal.

“Precisamos ter a sensibilidade de entender a peculiaridade do momento e fornecer condições legais para que essas atividades possam ser conduzidas de forma a atender eficientemente a demanda por proteína animal do mercado interno”, concluiu.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux – Sistema CNA/Senar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *