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Pecuária de cria requer planejamento, adequação e equilíbrio

Por Catarina Lopes* –   A atividade de cria é de primordial importância por se tratar da base da pecuária. O sucesso produtivo do animal está fortemente ligado ao seu desempenho durante esta fase, uma vez que é o início da atividade do segmento, seja ele leite ou corte. Por isso, para que haja a otimização dos índices zootécnicos e produtividade do setor, o esforço deve ser focado na fêmea (bezerra, novilha e/ou vaca), já que ela é quem vai fornecer o principal produto, o bezerro.

O sucesso de uma operação de cria é multifatorial, depende de bom manejo, boa nutrição e um plano reprodutivo adequado a realidade da fazenda, seja com estação de monta natural, inseminação artificial, repasse de touros e etc. No entanto, além da fêmea se tornar prenhe, o sucesso da pecuária de cria está atrelado ao momento que a mesma emprenhou durante a estação de monta (EM) e, quando ela irá parir, desmamar a sua cria e consequentemente quantos kg de bezerros/vaca exposta irá produzir. É sabido e bem definido que a adoção da EM nas operações de cria traz inúmeros benefícios para operação, tais como: melhoramento genético, concentração dos manejos (nascimento, desmama), homogeneidade de produção (bezerros), entre outros. Desta forma, iremos focar no momento em que a fêmea se torna gestante ao decorrer da EM e em quantos kg de bezerros serão produzidos por vaca exposta a EM. Sendo assim, a estação de monta nos servirá então, para definir o momento em que queremos que o bezerro nasça.  E, por isso, devemos sempre pensar no equilíbrio da vaca e bezerro, bem como nos questionar sobre qual o momento ótimo para ocorrer a parição? O que desejo da fazenda? Qual é o número ideal de vacas prenhes e bezerros nascidos? E por fim, quantos kg de bezerros desmamados eu gostaria de alcançar.

O clima do centro oeste brasileiro é caracterizado por estações bem definidas com períodos chuvosos (novembro – abril) e períodos de seca (maio – outubro), consequentemente há uma flutuação na oferta de forragem em quantidade e qualidade. Nesse sentido, dentro da pecuária de cria a adequação/personalização dos manejos (EM e parição) com as estações do ano trazem benefícios para operação como um todo, de forma que as matrizes fiquem prenhas e passem o terço inicial e médio de gestação nos períodos com melhor oferta e qualidade de forragem (período das águas), dessa forma, a parição ocorrerá no período da seca. Os animais provenientes das matrizes que se tornam prenhes no início da EM são denominados/conhecidos como “bezerros do cedo”.

Mas, qual é a importância do momento em que as matrizes se tornam prenhes? Para responder esta questão, trazemos três pontos importantes abaixo:

– Desafio sanitário ao recém-nascido, os animais que nascem no período seco do ano, não enfrentam lama e umidade, desta forma, reduzem os riscos de infecções e doenças, uma vez que o animal ainda em seu início de vida, ainda não possui o sistema imune maduro e consequentemente baixa imunidade. Sendo assim, o planejamento do momento do nascimento com o menor risco sanitário aos recém-nascidos reflete em animais mais saudáveis durante a fase inicial da vida produtiva, evitando um retardo do desempenho (morbidade) e resultando em melhores índices zootécnicos ao desmame (ganho de peso diário e peso vivo).

– Nutrição vaca-bezerro, tendo em vista a sazonalidade climática e a flutuação da oferta de quantidade e qualidade das pastagens durante o ano, as matrizes que se tornam prenhes no início das chuvas (novembro-dezembro) passarão maior tempo de sua gestação, terço inicial e médio, com oferta de forragem em quantidade e qualidade. A nível de desenvolvimento fetal, o terço inicial é responsável principalmente pela organogênese (formação dos órgãos) e o terço médio pela miogênese pela formação das fibras musculares.

– Dias pós parto – maior porcentagem de vacas paridas antes ou bem no início da EM.

Em resumo, ao planejar o sistema produtivo de cada propriedade busca-se um equilíbrio entre todos os fatores que podem influenciar a safra de bezerro (EM, parição, EM seguinte, entre outros), mas vale ressaltar que quando falamos da pecuária de cria devemos pensar no “conjunto” por completo e não somente em índices isolados como a taxa de prenhez, e junto com o planejamento da operação e tecnologias disponíveis busca otimizar maior produção de kg de bezerros desmamados por matriz exposta na EM.

(*) Catarina Lopes é Diretora Comercial e Veterinária da Nutricorp

Foto: Divulgação Nutricorp

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