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Mulheres ganham espaço na operação de máquinas agrícolas

Dados do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) apontam que 292 mulheres se capacitaram em 2020 e se tornaram aptas a operar máquinas agrícolas, por meio dos cursos realizados em parceria com os Sindicatos Rurais do estado. Dentre elas está a trabalhadora de Mirassol d’ Oeste, Erinelza dos Santos, 37, que também constará na estatística de 2021. Atualmente, ela é uma das participantes do treinamento em Operação de Colheitadeira de cana-de-açúcar, que ocorre neste mês de março.

Há dois anos, Erinelza atua na área e até agora já operou dois tratores: um Valtra BH 190 BT e um Valtra BH 194, ambos com peso médio de dez toneladas.  No período da safra da cana-de-açúcar, outras cinco companheiras se juntam à Erinelza para operarem máquinas agrícolas na mesma propriedade. “Somos cuidadosas, geralmente nosso trator é mais limpo e recebemos elogios por sermos detalhistas”, afirma.

Desde criança, Erinelza sonhava em operar a máquina, mas só pode realizar este sonho a partir de 2018 quando se capacitou para a função. “Eu tinha 10 anos de idade e já gostava, mas ainda não tinha força nem para segurar o volante”.

Assim que pode, a trabalhadora fez um treinamento por conta própria para conseguir a atual vaga de emprego. Desde então já perdeu as contas de quantos treinamentos pelo Senar-MT e Sindicato Rural de Mirassol d’ Oeste já concluiu para se qualificar cada vez mais. “Não estou bem lembrada, mas acho que foram dois a três cursos só no ano passado”, afirma.

Segundo o presidente do Sindicato de Mirassol d’ Oeste, Francisco Ferreira, a presença de mulheres tem sido cada vez mais constante na demanda de treinamentos nessa área. “Elas têm procurado bastante o Sindicato. Algumas trabalham aqui na cidade com a cana-de-açúcar e outras conseguem emprego em cidades como Sapezal, que é mais voltada para a cultura de grãos”.

No médio norte, Jercina Xavier está trabalhando na colheita da safra 20/21 há dois meses. O trabalho foi conquistado após capacitação em Operação de Colheitadeira de grãos, pelo Centro de Treinamento de Sorriso. “Não queria fazer o curso apenas por fazer. Depois que terminei, fui atrás de emprego. Com o treinamento eu ganhei experiência e melhorei o currículo. Hoje eu adoro meu trabalho. Estou onde sempre quis chegar”, destaca.

Desafio

 Camila Ribeiro Gaspar, 27, é tecnóloga em agricultura de precisão e foi a primeira instrutora mulher a ser credenciada ao Senar-MT na área de mecanização agrícola. Com seis anos de experiência na função, a profissional diz que ainda há preconceito. “Foi muito complicado e até hoje ainda há alguma resistência. Mas, com seis anos de estrada têm coisas que a gente ouve e não se chateia mais”.

A engenheira de segurança do trabalho e instrutora credenciada, Valéria Adelaide, ministra o treinamento da Norma Regulamentadora 31.12. Segundo ela, a capacitação das mulheres supre um gargalo no campo que é a mão de obra qualificada. “A operação de máquinas é um dom e têm muitas mulheres que descobrem essa paixão. Por gostarem da área, elas buscam se capacitar e acabam se destacando. Hoje, em geral já encontramos mulheres trabalhando em usinas e em grandes propriedades e isso tudo é muito positivo”.

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