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É seguro utilizar sementes de pastagem da safra passada?

As sementes de pastagem têm um recurso de adaptação evolutiva chamado de dormência, ou seja, elas estão vivas, mas seu processo de germinação é naturalmente atrasado. Esse recurso biológico é desencadeado para garantir a perpetuação da espécie na natureza, porque permite que a semente sobreviva por um longo período e germine em um momento oportuno. Algumas cultivares apresentam esse fenômeno com maior frequência, como a Xaraés e Humidícola por exemplo, mas também pode ocorrer com Marandu, Mombaça, Piatã e demais cultivares.

Segundo o zootecnista da Sementes Oeste Paulista – Soesp, Diogo Rodrigues da Silva, as sementes forrageiras podem ser sim comercializadas após um período de espera, mas é preciso se atentar principalmente à validade do teste de viabilidade na sacaria. Esse dado é mais relevante do que a data da safra da semente.

Quando adequadamente armazenada, a quebra desta dormência ocorre de maneira natural e gradativa. “Em alguns casos, esse fenômeno pode levar uma safra toda para acontecer e por isso é tão comum encontrar sementes colhidas em safras passadas, sendo comercializadas somente agora”, destaca o especialista.

A identificação

É interessante sabermos que este processo de dormência não é uma característica exclusiva das sementes novas ou velhas e pode ser desencadeada por diversos fatores, portanto a “safra” não é necessariamente o melhor critério para escolha de uma semente boa. Por isso, devemos nos basear nos resultados viabilidade e germinação real, assim como o prazo de validade.

Uma vez identificada a dormência em um lote de semente, as sacarias devem ser armazenadas com temperatura em torno de 25 ºC e umidade de 60%. “Se bem armazenada, a dormência da semente é rompida naturalmente com o tempo, até que a ela esteja pronta para germinar. Realizamos esse acompanhamento através de análises periódicas de germinação”, afirma o zootecnista.

Somente após a quebra da dormência a semente é beneficiada e incluída no processo de tratamento Advanced. Essa tecnologia exclusiva tem como objetivo produzir sementes de altíssima qualidade, com isso o produtor tem maior segurança e a garantia de um tratamento resistente, além do inseticida e dois fungicidas, atribuindo uma maior proteção à semente e assim indicadas para o uso na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

No final de todo esse processo, uma nova amostra é coletada e verificada a porcentagem de viabilidade e germinação. Somente após essa aprovação é que as sementes são liberadas para comercialização. É muito importante ressaltar que atualmente o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) não exige resultados de germinação para a comercialização de sementes forrageiras. Testes de pureza, viabilidade, germinação real, dentre outros, independente de qual seja a safra da semente, podem garantir a qualidade da semente que chega até o produtor.

Por exemplo no caso de dormência, quando identificada, as sementes não são imediatamente comercializadas. O lote segue para um armazenamento em condições controladas, até que a dormência seja quebrada e a semente esteja pronta para germinar.

“Não há problema algum em adquirir sementes de safras passadas, a safra não é o melhor indicativo da qualidade da semente, o mais importante é que a semente esteja com o teste de viabilidade dentro da validade. Assim como um bom vinho, ele pode ser de uma safra antiga ou nova e ter um excelente desempenho.”, finaliza o especialista.

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