Negócios

Preço em queda e diplomacia são riscos nas exportações para a China

O Ministério da Agricultura foi informado nesta segunda-feira que a China retomará as importações de carne suína da unidade da BRF em Lajeado, no Rio Grande do Sul, suspensas em julho após suposta detecção de covid-19 nos produtos. Para Ernani Carvalho da Costa Neto, coordenador do Núcleo de Agronegócios da ESPM Porto Alegre, a notícia é positiva, mas não deve ter muito efeito prático. “Poucos frigoríficos brasileiros interromperam as exportações em virtude da covid-19. O efeito dessa liberação é pontual”, afirma.

As exportações de frango brasileiro para a China seguem em ritmo forte em 2020, porém apresentam queda de 13% no preço em relação ao ano passado, considerando o período de janeiro a outubro. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para Carvalho, esse é a queda nos preços é o maior obstáculo para os produtores atualmente. “Essa queda de receita dos exportadores é em parte causada pela administração das compras ao longo do ano pelos principais importadores, de forma a baixar os preços”, afirma.

Além da queda de receita, outro risco para os exportadores vem da diplomacia. Na semana passada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atacou a China sobre o 5G em post no Twitter. Após apagar a publicação, foi defendido pelo vice-presidente Hamilton Mourão e pelo Itamaraty.”A China é pragmática e sabe separar as questões políticas das comerciais. Porém, incidentes como esses podem ser aproveitados pelos negociadores chineses para avançar com seus objetivos na prática comercial”, afirma Ernani. “A China é o maior cliente brasileiro no agronegócio e declarações ofensivas podem atrapalhar os exportadores brasileiros.”

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