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Fruticultura: atenção à sazonalidade de preço, logística e qualidade

Por Robinson Cannaval* – Iniciar um negócio relacionado à fruticultura envolve muito mais do que vontade e capital. Fatores relacionados com gestão, manejo da cultura, mercado e comercialização impõe grandes desafios e riscos para a produção. Existem pelo menos três fatores que devem ser levados em conta para o sucesso da fruticultura: a sazonalidade do preço, logística (desde a chegada de insumos para a plantação até a distribuição final) e a qualidade do produto, afinal, “fruta se come com os olhos”. Apenas as mais bonitas e apetitosas têm lugar na mesa. Para lidar com esses fatores, alguns passos são essenciais.

O primeiro passo é analisar características geográficas da região de interesse ou atuação. Esta análise considera os requisitos para produção da fruta desejada; a identificação dos tipos de solo predominantes no local; a classificação das formas de relevo; a pluviosidade média; as temperaturas mínimas, médias e máximas do local.

O segundo passo é a definição do manejo. Para isso, especialistas levam em consideração o preparo do solo; fertilização e adubação; tratos culturais; método de colheita; definição do período ideal para início de produção; definição de manuseio na pós-colheita; lavagem e seleção; aplicação de cera e/ou fungicida; classificação; embalagem e etiquetagem. Também devem ser considerados os fatores de risco à produção em relação a pragas e doenças; os fatores de qualidade do fruto, como as características que agregam valor e a análise técnica da possibilidade de produção multi-safra no mesmo ano.

Antes de investir é preciso, por exemplo, escolher a técnica de irrigação, a aplicação de insumos, como será feita a colheita a armazenagem etc. Enfim, uma série de fatores que incidem diretamente no investimento, na qualidade do produto e no seu valor final, deve ser analisada para que os riscos sejam os menores possíveis.

O terceiro e último passo é a análise de viabilidade econômica. É preciso validar as premissas técnicas anteriores, levantar custos e preços e conhecer, no caso da busca por uma propriedade, os locais disponíveis. A análise de mercado, tanto do produto quanto de terra, se necessário, e o levantamento da logística regional também são realizadas nesta fase. Também se considera a necessidade de investimento em equipamentos ou se terceirizar é uma opção mais atrativa. Por último, é necessário decidir a estrutura organizacional de gestão. Existem diferentes formas de financiamento do projeto, como capital próprio e linhas de financiamento específicas, que podem alterar significativamente a viabilidade do projeto.

Após o levantamento dos valores citados acima, é fundamental uma análise de riscos e cenários. Nesta etapa, são simuladas diferentes combinações de variação de preços, custos, despesas. Um cuidado extra é necessário nessa análise de risco: entender  quais variáveis são essenciais e relevantes para o negócio ou, o risco, é o projeto sofrer de “paralisia por análise”. Todo o modelo e análise de risco se torna uma ferramenta de gestão ao investidor no final. Premissas adotadas devem ser monitoradas e, aquilo que é gerenciável, acompanhado de perto com indicadores de aderência e performance.

Com o aumento da competição no agronegócio, é cada vez mais crítico antecipar riscos e adotar modelos de gestão de alta performance. Afinal o lucro no negócio deve ser uma premissa, e não somente um objetivo.

(*) Robinson Cannaval Jr é sócio fundador e diretor do Grupo Innovatech, Diretor executivo da Innovatech Consultoria, Formado em Engenharia Florestal pela ESALQ/USP, com especialização em Gestão estratégica de Negócios pela Unicamp e MBAs em Finanças e Valuation pela FGV.

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