Pecuária

Vacinação contra febre aftosa começa nesta sexta-feira

O isolamento social para impedir o avanço da transmissão do novo Coronavírus, que provoca a Covid-19, não altera o cronograma oficial de vacinação de rebanhos contra a febre aftosa no estado de São Paulo. A primeira etapa de imunização ocorrerá de 1º a 31 de maio, conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que prevê a vacinação de 10,5 milhões de bovinos e bubalinos de todas as idades no Estado e, de 176 milhões, em todo o País. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) enfatiza que cumprir o calendário rigorosamente é uma medida indispensável e que coaduna com os pilares da Saúde Única.

“A imunização deve ser planejada como de costume, com os cuidados adicionais que o momento atual requer, ou seja, com a intensificação nos procedimentos de higienização dos profissionais e ambientes, uso de EPIs, maior distância entre as pessoas nos locais e afastamento dos trabalhadores com sintomas de alterações respiratórias”, afirma o médico-veterinário Fábio Alexandre Paarmann, membro da Comissão Técnica de Saúde Animal (CTSA) do CRMV-SP.

Vice-presidente do Regional e presidente da Comissão, Odemilson Donizete Mossero reforça a orientação de Paarmann ao mencionar que os médicos-veterinários que atuam em Defesa Sanitária Animal possuem preparação para ações emergenciais na área animal e precisam se manter alertas nesse momento delicado de saúde pública, a fim de não permitir retrocessos sanitários. “Doenças de alto risco sanitário – como é o caso da febre aftosa, que não é notificada em São Paulo desde 1996 –, exigem atenção permanente.”

A fala de Mossero vai ao encontro do que ressalta o gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, Adriano Macedo Debiazzi, sobre a doença ser extremamente contagiosa. “Falhas no sistema de vigilância e no processo de imunização dos animais podem resultar em consequências negativas para o Estado e para o País, como a reintrodução da doença, tendo em vista a movimentação ilegal de animais suscetíveis, que corresponde à principal causa de ocorrência de novos focos.”

Minas Gerais também mantém o cronograma

Produtores rurais de Minas Gerais terão dois meses para imunizar contra a febre aftosa bovinos e bubalinos de todas as idades. A campanha também começa em 1º de maio, mas vai até 30 de junho. Diante do enfrentamento da Covid-19, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e responsável pela gestão da vacinação no Estado, receberá as declarações até o dia 10 de julho. O novo prazo da primeira etapa da campanha anual busca preservar a sanidade dos rebanhos e manter o compromisso com a economia do Estado.

Para mais segurança e comodidade durante o período de contenção aos avanços do coronavírus, o produtor rural mineiro deve ficar atento às informações sobre a campanha de vacinação, já que o atendimento presencial nos escritórios do IMA em todo o Estado está temporariamente suspenso. No mesmo site, o produtor fará a comprovação da vacinação dos animais usando o formato eletrônico de declaração ou, caso seja cadastro, acessando o Portal de Serviços do Produtor. Uma outra opção, se o produtor preferir, será o envio da declaração para o e-mail da unidade do IMA de sua região.

A imunização do rebanho é obrigatória e fundamental para o Estado manter o reconhecimento internacional de zona livre com vacinação. Esse cenário favorece o agronegócio, pois estimula o acesso a mercados internacionais, contribuindo para o Produto Interno Bruto de Minas Gerais.

União e apoio

O diretor-geral do IMA, Thales Fernandes, pede apoio aos produtores rurais mineiros e reforça que a vacinação é essencial para manter o rebanho do Estado sadio e livre de focos da doença. “É muito importante cumprirmos o calendário oficial da vacinação. Entendemos que o momento é difícil e sem precedentes, mas precisamos, mais do que nunca, nos unir para um trabalho em conjunto, mantendo acordos internacionais que garantam a exportação da carne bovina de Minas Gerais. Prorrogamos o prazo da campanha para mais tranquilidade dos produtores rurais, favorecendo suas condições para a vacinação.  Cumprindo o calendário oficial, poderemos, futuramente, colher os frutos da sanidade do rebanho mineiro. Contamos com a parceria dos produtores e das entidades representativas do setor para que todo o rebanho bovino e bubalino seja vacinado”.

Em virtude do atual cenário de enfrentamento à Covid-19, o IMA recomenda ao produtor rural a utilização de máscara de proteção ao se deslocar até o estabelecimento para a compra da vacina. A vacina de 2 ml deve ser adquirida em estabelecimento credenciado para a revenda e conservada em temperatura entre 2 e 8 graus centígrados, do momento da compra até a vacinação dos animais. Recomenda-se também programar a aplicação para os horários mais frescos do dia.

O produtor que não vacinar os animais estará sujeito a multa de 25 Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais (Ufemgs) por animal, o equivalente a R$ 92,79 por cabeça. A declaração de vacinação também é obrigatória e o produtor que não o fizer até 10 de julho de 2020 poderá receber multa de 5 Ufemgs, o equivalente a R$ 18,55 por cabeça.

Medidas durante a pandemia

Conforme divulgado pelo Mapa, os criadores de rebanhos terão recursos tecnológicos e prazo estendido para os envios das comprovações de vacinação de rebanhos contra a febre aftosa aos órgãos sanitários.

Caberá ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) de cada Estado e às entidades representativas que compõem as equipes gestoras estaduais do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) estabelecer as formas de comunicação sobre a etapa de vacinação, bem como auxiliar na vacinação de propriedades que tenham dificuldade de executá-la nesse momento.

Quanto às doses da vacina, a orientação do governo é que sejam adquiridas por telefone ou internet. De acordo com o Ministério, quando isso não for possível, a venda direta ao produtor deverá acontecer respeitando as medidas necessárias para evitar a transmissão da Covid-19, tanto por parte dos produtores rurais, quanto por parte das revendas de vacina, que deverão determinar horários e procedimentos exclusivos para atendimento de produtores com idades acima de 60 anos ou pertencentes a grupos de risco.

“A possibilidade de as declarações serem realizadas por sistema informatizado, assim como o Estado poder viabilizar um fluxo logístico das vacinas de forma a não expor os produtores rurais a aglomerações, foram aspectos decisivos para a manutenção da etapa”, afirma Debiazzi.

Mossero enfatiza que, em um momento crítico como o atual, “medidas como esta, baseadas nas orientações das autoridades de Saúde, são assertivas e necessárias para as cadeias produtivas.”

As adequações permitirão que tanto produtores quanto o serviço oficial tenham condições de executar suas atividades, na opinião de Paarmann. “Isso, sem prejudicar a vacinação efetiva e, também, sem onerar produtores com multas que poderiam ser aplicadas se estivéssemos numa situação de normalidade”, pontua.

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