Agricultura

Em busca de prosperidade

Programa visa capacitar pequenos produtores e da agricultura familiar, a fim de promover geração de renda e desenvolvimento das comunidades rurais.

Idealizado e criado em 2017 pela Pioneer, marca da Corteva Agriscience, o programa Prospera aparece como uma oportunidade para os agricultores de milho de pequenas regiões produtoras. Através dele, os homens do campo participam de treinamentos em sala de aula, e depois aulas práticas de como seus manejos, híbridos e todo suporte de monitoramento da lavoura podem melhorar, e assim, gerar maiores lucros.

Alexandro Mastropaulo, gestor do programa diz que o mesmo gira em torno do desenvolvimento rural e geração de renda para o produtor. “Estruturamos o programa de forma técnica através de treinamento em classe e no campo, e nesses treinamentos vê-se sobre boas práticas de manejos, e depois na lavoura se aplica o que aprendeu”. No ano passado houve caso em que o aumento de produtividade foi de 15 sacas/ha para 60. “Nesta edição de 2018 tivemos 302 produtores em sala de aula e 200 no campo, com estimativa de subir a produtividade para 70 sacas/ha”, declara. Na primeira edição, o número de pessoas no treinamento foi de 45 nas aulas, e 30 no campo, o que demonstra a força dos resultados e o interesse maior por parte do agricultor.

Para gerar número expressivos, Mastropaulo diz que primeiramente mostrou aos participantes que este mercado pode ser rentável para eles. “O adicional de 65, 70 sacas/ha automaticamente será benefício de mais dinheiro no bolso”. No programa, a maioria são produtores familiares com média de no máximo 10 hectares. “Claro que há as exceções, mas eles fazem parte de comunidades rurais e nós da Corteva utilizamos cerca de um hectare de cada um deles para que os mesmos possam ser treinados”, comenta.

Claudete Baumgratz, líder técnica do Prospera, se diz satisfeita ao notar o conhecimento que o agricultor adquire e coloca em prática ao final de sua participação. “É importante prepará-lo bem para temas do dia a dia, como época de plantio, manejo adequado, quando que iremos trazer os herbicidas a campo, qual o modelo de mecanização que vamos usar nas áreas, entre outros pontos que também são abordados”. Ela conta que o programa hoje está em sete cidades (Palmares, Passira, Limoeiro, Feira Nova, Aliança e Itambé, todas em Pernambuco), além da cidade de Gurinhém, na Paraíba, mas, o programa tem es-copo nacional e a ideia é futuramente expandir e consolidar o aprendizado em outros Estados. “Nos locais atuais, o foco de necessidade de cada um é diferente, e buscamos sempre a linha fina para ajustar e atender a todos com qualidade, em prol do agronegócio brasileiro”, declara.

Fazer o simples rende mais

Os produtores que participam do Prospera, em sua maioria, não têm acesso a grandes tecnologias e nem estão acostumados a utilizá-la em suas pequenas plantações. Já o que a multinacional oferece através deste programa está diretamente ligado ao mundo tecnológico, que se bem utilizado faz a produtividade dobrar, e neste caso, chega até quadruplicar. Porém, para obter resultados ainda mais satisfatórios, é preciso simplificar a linguagem utilizada em sala de aula, para gerar o melhor entendimento dos agricultores participantes.

Segundo Mastropaulo, o primeiro passo fica por conta da equipe técnica, que entende qual o linguajar que deve ser adotado para os treinamentos, e a partir daí, consegue adaptar todo o projeto para que o produtor consiga absorver o máximo de informações. Além disso, o corpo de instrutores da Corteva fica em tempo integral à disposição para acompanhar e sanar as dúvidas que ficam na mente dos homens do campo.

Além disso, o programa tem por característica todo ano, assim que se encerra a participação dos produtores, reunir o time da companhia e realizar uma reflexão para ver o que deu certo e quais os pontos que precisam ser ajustados para o ano seguinte. “Visamos crescer o número de produtores, e para isso queremos cada vez mais falar a mesma língua que ele, para que o entendimento e os resultados sejam ainda melhores”, diz.

Aliás, a ausência do saber e utilização de tecnologia foi um dos fatores principais que levaram as cidades selecionadas a serem as primeiras contempladas com a aplicação do programa. Segundo o gestor, dados de governo e da indústria foram comparados e notou-se que havia no Norte e Nordeste uma área grande de falta de conhecimento de tecnologias para melhorar a produção no campo. “Assim, viemos com o programa para Pernambuco, para entender a região e desenvolver com estes produtores”, conta o gestor do Prospera. Em cima disso, Claudete comenta que isso reforça o fato de a Corteva lançar e conduzir o programa não para vender produtos. “Estamos aqui para gerar conhecimento, renda e credibilidade para aquele que participa do nosso programa, e leva os conhecimentos à campo em seu dia a dia”.

Um diferencial na edição deste ano é que também foi abordada a questão de produção de silagem e Integração Lavoura Pecuária (ILP), uma vez que foi identificada a dificuldade de pecuaristas da região ofertar alimento nutritivo e em quantidade adequada para seu plantel. “Com uma boa produção de silagem e possivelmente adoção da ILP, o pecuarista consegue iniciar o processo de recuperação de pastagem, diminuindo seus custos de produção”, declara.

Ciclo que traz lucros

Álvaro Jorge Borba é produtor rural do município de Itambé, e em sua propriedade produz cana-de-açúcar e trabalha com pecuária de leite, além do milho. Ele conta que conheceu o programa quando ao transitar pela estrada passava por uma plantação da commoditie que achava bastante interessante, pois destoava do tradicional da região. “Eu via que tinha alguma coisa de diferente nesse milho e um certo dia recebi o convite para ir a um dia de campo do Prospera aqui em Itambé. Chegando lá me impressionei bastante”, diz. Dessa forma, o produtor achou que ali estava uma oportunidade para introduzir a cultura em sua comunidade. “Inicialmente parti para o sistema de ILP, para suprir as próprias necessidades da pecuária de leite, já que nosso grão tem que vir de fora. Então, se eu produzisse meu grão, meu custo de produção iria diminuir”.

Borba conta que sua produtividade cresceu e que com o apoio técnico da Corteva na lavoura, mais dinheiro entrou em seu caixa. “As expectativas são de colher 80 sacas por hectare, o que vai acima da expectativa que tínhamos aqui, onde no cultivo tradicional seria abaixo de 30. Além disso, segundo análise do pessoal da empresa, o potencial da lavoura é de até 180 sacas/ha”, declara. Segundo ele, isso muda sua vida como produtor, e também a de toda região, pois abre-se mais uma alternativa que não seja a cana-de-açúcar. “Senti-mos a necessidade de diversificar e quebrar um pouco o paradigma da cana, para ter novas opções para os produtores”.

Não somente na parte financeira é que o produtor celebra esta sua nova fase, e revela que o nível de conhecimento e de utilização de tecnologia no campo evoluiu muito depois do Prospera. “Quando eu cultivava milho aqui trabalhava com cerca de dez aplicações de inseticidas, e não conseguia controlar mesmo assim. A partir do programa, fiz minha lavoura baseada nos aprendizados novos e obtive resultados satisfatórios realizando apenas uma aplicação de inseticida e mais nada”, declara. Outra mudança notada é que antes Borba fazia capinação e colheita manual, já hoje deu um salto e tudo está tecnificado. “Nesse meu primeiro ano de programa, plantei 12 ha de milho, para 2019 serão 30. Me sinto preparado para esta evolução e tenho certeza de que novos bons resultados virão”.

Para Claudete, o caso de Borba só reforça a coragem por parte dos produtores em investir e plantar milho numa região que é dominada pela cana-de-açúcar. “Trazer uma inovação, uma cultura anual e dentro desse espírito trazer a utilização de uma tecnologia que é mais aplicada no Brasil central e adequá-la para cá, é bastante interessante”, comenta. Segundo ela, o que principal se vê de mudança no dia a dia dos agricultores é na parte comportamental, com o engajamento familiar. “Isso é importante, pois mesmo dentro de propriedades pequenas existe sucessão familiar e há a preocupação de como está a próxima geração que irá se manter na lavoura”. Também há a questão de trazer as mulheres para buscar conhecimento, uma vez que elas também estão no campo. “É a busca por um espaço na agricultura, onde queremos elevar o espírito de cooperativismo entre a comunidade e se tornar formais diante do mercado”, diz.

Devido ao rápido sucesso do Prospera, atualmente produtores de outros Estados, como Alagoas, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte, vêm até Pernambuco para também participar do treinamento em sala de aula e a campo e voltar para sua propriedade com novos conhecimentos e formas de melhorar a renda. “Isso aponta que eles querem apoio, querem aprendizado e saber se de fato dá certo”, declara Claudete. Para ela, o agricultor já entendeu que esta cultura anual se torna possível, com tecnologia no campo, serviço mecanizado, que irá gera alta produtividade.

Ação na fase final

Se engana quem pensa que os trabalhos da equipe do Prospera se limita ao acompanhamento durante e depois da participação dos produtores no programa. Mastropaulo comenta que perceberam que depois que os produtores colocavam seus produtos a venda, faltavam técnicas para conseguir comercializá-lo. “A partir disso, fizemos alguns conta tos com as indústrias, para conseguir absorver esta produção. E aí decidimos que para este ano iríamos introduzir esta parte comercial para dentro da sala de aula”, diz. Este treinamento tem por conceito explicar a dinâmica do preço de grão e como que o frete compõe o preço, por exemplo. “Basicamente eles vão ter noção do preço da região e como calcula-lo em relação ao frete, para conseguir melhores saídas do cultivo”. Um ponto que o gestor do programa ressalta é que a orientação dada é que eles comercializem formalmente estes produtos, pois aí o Estado irá os reconhecer como produtores de grãos, e assim a indústria irá buscar realizar negócios.

Claudete diz que a grande sacada é que os produtores irão aparecer como produtores para o mercado, para quem compra saber que o agricultor está ali no campo produzindo. “É valorizar o homem do campo, que além de renda e produtividade, se sente visto por nós que somos uma multinacional, e as demais empresas da indústria, que serão as consumidoras do milho produzido pelos agricultores destas regiões”, comenta. Nesse sentido, Borba revela que num primeiro momento não tinha intenção de comercializar o milho, e sim tirar como consumo próprio. Mas hoje conforme vai aumentando sua área de produção, irá ter disponibilidade para comercializá-lo. “Pernambuco é um centro de agricultura e pecuária de corte, e assim, tem uma demanda grande de grãos. Penso que nossa região, a Zona da Mata, tem como ajudar a suprir um pouco desta necessidade através da venda do milho de qualidade, produzido por nós”, declara o produtor.

Texto e Fotos: Bruno Zanholo

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