Agricultura

Physalis: tem jóia no pomar!

Uma fazenda no interior de São Paulo apostou numa produção e comercialização de uma fruta exigente na cultura e no mercado. Além de ser exótica, a physalis, que tem um alto valor agregado, ganhou nesta propriedade um cultivo diferenciado.

Popular nos quintais das casas do interior da Bahia e com um crescimento em abundância no Pará, a physalis (Physalis pubescens L), originária das Antilhas (poderia colocar onde fica as antilhas), vem conquistando cada vez mais o paladar dos brasileiros e as prateleiras do mercado internacional. Também conhecida como camapum, saco-de-bode, joá-de-capote, a fruta se espalha na América, dividindo-se em aproxidamente oito espécies.

Da mesma família dos tomates (Solanaceae), a Physalis é uma fruta pequena, bonita e de sabor ácido e adocicado, ao mesmo tempo. Possui uma parte comestível protegida por uma delicada folha seca, que se assemelha a um papel de arroz. Sua cor vai do verde ao amarelo e, em algumas espécies, chega ao tom de roxo. Por essas particularidades da aparência e do nome, a fruta é considerada exótica.

Mas, em uma fazenda (a 50 quilômetros da capital paulista), a physalis ganhou espaço suficiente para manter uma produção, que em 2008, chegou a 600 quilos (kg), sendo 400 kg in natura e 200 kg, divididos entre a fruta inteira congelada (pronta para a venda) e a polpa congelada. O que parece pouco, no mercado chega a valer um preço alto. Por 100 gramas pagam-se R$ 5,00. No mercado municipal de São Paulo, a mesma quantidade chega a custar entre R$ 8 e R$ 10. Portanto, para saboreá-la isto requer um privilégio para poucos. Apesar de sua popularidade no Norte e Nordeste, a physalis ainda é novidade no Sul e Sudeste. Porém, é encontrada em grandes mercados, sendo que grande parte ainda é importada da Colômbia, a um preço alto.

Entretanto, isto tem uma explicação: o consumo restrito é por causa do alto valor agregado, em decorrência da produção limitada, do difícil manejo, da exigência em mão-de-obra, dos cuidados no transporte e armazenagem e por serem altamente perecíveis. Na Fazenda Fiore, por exemplo, além destes atributos na produção, a fruta também é cultivada organicamente, o que eleva seu sabor e a capacidade nutricional (acho melhor tirar mesmo o valor nutricional). “Este processo de produção é muito positivo, uma vez que se tem a consciência da preservação do meio ambiente. É claro, que este fator, eleva os custos. Mas, acaba compensando, afinal, optamos por oferecer melhor qualidade de vida”, avalia a proprietária Claudia Maziero.

Há dois anos, a fazenda optou pela cultura de physalis, por uma peculiaridade: a fácil adaptação ao clima. Atualmente, a Fiore é a única a conseguir a produção desta fruta, na forma orgânica. Ao todo são 50 hectares, sendo 35 deles preservados, numa área de Mata Atlântica. Porém, além da physalis há também o plantio de acerola, pitanga, amora, framboesa, limão siciliano e macadâmia, que ainda estão no início de produção. Além de cinco variedades de tomates também orgânicos. Com este diferencial, a Fazenda Fiore recebeu a certificação orgânica pela Organização Internacional de Agropecuária (OIA), um selo que garante a qualidade dos produtos, os distinguem e os diferenciam no mercado. “Com isto, estamos voltados para o mercado internacional também, uma vez que esse é mais consciente com o consumo de produtos orgânicos”, diz a proprietária.

Porém, hoje, não só o mercado lá fora está de olho na fruta. Segundo Claudia, a demanda interna é muito grande. “Infelizmente, a gente não consegue produzir o suficiente para atender a todos”, diz. “Nossos principais clientes, hoje são supermercados, empórios e doceiras (ou docerias). Muitas veem comprar as physalis, para produzirem doces ou para enfeitar, como é uma fruta bonita, ela também tem essa função”.

Nos países europeus e nos asiáticos, a physalis surge em deliciosas receitas, como um creme que combina a fruta com chantilly, neste caso a sobremesa é feita com uma physalis esverdeada, apelidada de limão do norte. Além de saboreada “in natura”, a fruta revela-se como ótimo ingrediente para sorvetes e compotas. Mas talvez a mais perfeita de suas combinações seja com o chocolate. “Ela também pode ser consumida em forma de geléia orgânica, sucos, iogurtes e saladas. A physalis também é apreciada pelos amantes de vinhos, uma vez que ajuda limpar as papilas gustativas, o que favorece sentir a diferença do gosto da bebida”, conta Claudia.

Além de ser apreciada das mais variadas formas, segundo a proprietária da Fazenda Fiore, a fruta é rica em fósforo, ferro, cálcio e contém propriedades antioxidades. Se comparada a uma acerola, pelo elevado teor de vitamina C e A, a physalis está em pé de igualdade ou até superior. Em uma porção de 100 gramas da fruta é possível encontrar vitamina A (1.730 UI contra 1.338 UI da acerola – o que quer dizer essas siglas UI? Ela expressa uma quantidade?), além de alcalóides e flavonóides (o que são isso?).

Physalis no vaso

A physalis é uma planta rústica, apesar de parecer uma “joia”. Desenvolve-se bem em regiões quentes, de clima tropical e subtropical, mas tolera bem o frio. Os arbustos podem chegar até dois metros de altura e cada planta produz três quilos de frutos (a cada florecimento? De quanto tempo é o ciclo dela?). Porém, a cultura é muito suscetível a doenças e pragas. Então, em busca de garantir uma produção o ano todo, a fazenda resolveu investir em um sistema diferenciado, ou seja, as physalis produzidas lá, estão em estufas e dentro de bombonas (o que é isso?). “Este sistema favorece o plantio, uma vez que criamos condições necessárias para a planta se desenvolver. Nestas bombonas têm pedras, areia, esterco e húmus, ou seja, criamos um perfil de solo, para tentarmos “imitar” o ambiente originário da Physalis pubescens L”, explica a engenheira agrônoma Talita Teixeira Azêvedo Gobbi.

A fazenda produz suas próprias sementes que veem de plantas sadias. A semeadura é feita em saquinhos de polietileno. A germinação se dá em cerca de 15 dias. “Com aproxidamente um mês, a muda de physalis é transplantada para as bombonas. A colheita começa quatro meses depois do plantio (fase de crescimento vegetativo). Após esta fase, ocorre a primeira colheita que se estende aproximadamente por oito meses. Porém, o ciclo compensa somente por um ano, após isto não é compensatório”, explica.

As plantas crescem bem neste sistema de vaso. “Para nós ficou muito difícil fazer a plantação diretamente ao solo, por ser uma planta arbustiva, a physalis se esparramava muito. Havia o pisoteio do fruto e da cápsula que também é vendida junto ao fruto. Além disto, nas bombonas, ela se desenvolve muito mais rápido e em estufa tem a vantagem de se produzir o ano todo”.

O sistema de estufa também veio auxiliar no controle de pragas e doenças. Assim como o tomate, a physalis também tem várias pragas que atrapalham o desenvolvimento da planta. Para isto, a propriedade investiu “pesado” em armadilhas naturais, como o uso de plantas repelentes de inseto: o cravo de defunto, a arruda, o tomilho, entre outras. “Aqui a mariposa não entra”, brinca a agrônoma.

No período de produção, a colheita da fruta é diária. Na fazenda, elas são colhidas nas estufas, selecionadas em um laboratório e seguem ainda frescas para o mercado, para garantir a qualidade ao cliente. Quem prova a primeira vez, nunca mais esquece.

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