Agricultura

Maçã: ação conjunta dá resultado

O uso de inseticidas e acaricidas nas lavouras de maças é fundamental para garantir a proteção da cultura contra as principais pragas que ameaçam sua produtividade, porém, o uso destes produtos combinado com a adoção de uma sistema de manejo integrado de pragas e doenças na lavoura permite também que as plantas ofereçam de forma natural maior resistência aos seus maiores inimigos.

Nesse sistema, deve-se conciliar diversos métodos de controle, levando-se em consideração o custo de produção e o impacto sobre o ambiente. Na produção integrada deve-se favorecer a adoção de métodos como feromônios, biopesticidas, erradicação de hospedeiros alternativos, retirada e queima das partes vegetais afetadas. A adubação equilibrada, a poda e raleio adequados são fatores que desfavorecem o estabelecimento das pragas e patógenos e facilitam o seu controle.

A profilaxia é um dos componentes mais importantes e prática obrigatória no controle das doenças. Após a poda, raleio e colheita, os restos vegetais devem ser destruídos, triturados e a seguir retirados do pomar ou incorporados ao solo da entrelinha após serem umedecidos com uma solução de uréia (1%) ou com suspensão de esterco.

A decisão sobre o tipo de tratamento fungicida e a ocasião de executá-lo deverá ser embasada nas características da doença, nas informações das Estações de Aviso e nas condições meteorológicas que ocorrem no pomar.

Os tratamentos com fungicidas de contato serão repetidos a cada sete dias ou 25 mm de chuva no controle de sarna, a cada 10 dias ou 35 mm no caso das outras doenças na maçã de variedade Gala e a cada 10 dias ou 50 mm na variedade Fuji, as duas mais populares no mercado brasileiro.

Tecnologia de aplicação

Na produção integrada, devem ser feitos, periodicamente, uma inspeção e controle dos pulverizadores, para melhorar a qualidade e eficiência dos tratamentos realizados, assim como diminuir os desperdícios de produtos e contaminação do ambiente. Quando se utilizam produtos na formulação líquida, estes podem ser adicionados diretamente no tanque com a quantidade de água desejada. Para produtos na formulação pó molhável deve-se fazer uma pré-diluição, agitando-se até a completa suspensão do produto. No manejo dos agroquímicos devem ser cumpridas integralmente as normas de segurança individual e de proteção ao consumidor e ao meio ambiente.

Para minimizar a utilização de produtos químicos sobre a fruta, deve-se priorizar as práticas de prevenção de ocorrências de enfermidades fúngicas e fisiológicas. Para tanto, é fundamental colher a fruta no momento correto, eliminar fontes de inóculo no pomar, manipular cuidadosamente a fruta na colheita, transporte, classificação e embalagem, realizar limpeza e desinfestação ou sanitização de instalações, câmaras frias, embalagens e máquinas, e utilizar adequadamente as técnicas de armazenamento.

Somente é permitido o uso de tratamento fungicida em pós-colheita em frutas de cultivares que tenham uma susceptibilidade de risco moderada ou alta a ocorrência de podridões durante o armazenamento ou que sejam adequadas para armazenamento prolongado, não sendo permitido comercializar essa fruta por um período inferior a 3 meses.

As frutas tratadas com fungicidas em pré-colheita, não devem ser novamente tratadas com os mesmos princípios ativos em pós-colheita. Assim na produção integrada não se admite o armazenamento de frutas apanhadas do chão.

Colheita

As frutas devem ser colhidas no momento adequado, segundo a espécie, variedade e a utilização prevista, ou seja, armazenamento a curto, médio ou longo prazo, ou mesmo a comercialização imediata (mercado interno ou exportação). Para isso, deve-se assegurar que os índices mínimos de maturação estabelecidos pela pesquisa sejam respeitados no início da colheita e no posterior armazenamento e/ou comercialização, permitindo com isto, uma máxima eficiência na conservação e manutenção da qualidade interna e externa da fruta.

Deve-se sempre utilizar embalagens (colheita, transporte, armazenamento, comercialização) limpas e de material não abrasivo para não contaminar e machucar as frutas. Recomenda-se, quando adequado, utilizar materiais plásticos, em perfeito estado de conservação e higienização, em vez de madeira.

É sempre importante realizar uma pré-seleção da fruta no campo, evitando misturar frutas sãs com as caídas no chão, granizadas, com danos por insetos, podridões, machucadas, etc. Não se deve deixar as frutas colhidas expostas ao sol, transportando imediatamente para a empacotadora ou “packing house” no mesmo dia, evitando-se golpes e danos durante o transporte. As frutas de produção integrada que são transportadas conjuntamente com outros sistemas de produção, deverão estar devidamente identificadas e separadas no veículo de transporte. Isso é importante para não haver confusão na recepção da empacotadora, onde deverá ser tomada uma amostra da carga para as devidas anotações no caderno de pós-colheita.

Monitoramento é fundamental

Um controle constante para identificar rapidamente a ocorrência de alguma das principais pragas que atacam a maça é sinônimo de menos trabalho e maior sucesso na eliminação do problema. Cada uma das pragas tem suas particularidades e exigências quanto ao controle.

Mosca-das-frutas: O monitoramento pode ser efetuado instalando-se frascos caça-mosca modelo Valenciano e usando como atrativo o suco de uva a 25%. O controle com isca tóxica deve ser iniciado quando houver presença da praga no pomar e as frutas apresentarem tamanho superior a 1,5 cm de diâmetro. A aplicação de inseticidas em cobertura só deve ocorrer quando for constatado o nível de 0,5 moscas/frasco/dia, utilizando inseticidas com ação de profundidade. A isca deve ser aplicada pelo menos duas vezes por semana, intensificando na periferia do pomar, nos pontos de entrada da mosca.

Lagarta enroladeira: Para o monitoramento, recomenda-se utilizar uma armadilha com feromônio para cada 5 ha, instalando no início de setembro e mantendo-a até a colheita da última cultivar.

Em pomares menores, deve-se aumentar a densidade, de modo a haver no mínimo duas armadilhas por talhão. O controle da praga deve ser feito quando houver captura superior a 20 machos/armadilha/semana. É importante analisar o monitoramento por talhão, aplicando inseticida apenas naqueles com níveis críticos.

Ácaro vermelho europeu: O monitoramento é feito através da amostragem seqüencial no mínimo em 10 plantas por talhão de 5 ha, retirando-se 5 folhas por planta e anotando-se o número destas com presença do ácaro. As plantas podem ser diferentes a cada avaliação. Para o controle deve-se levar em consideração a percentagem de folhas infestadas e o ciclo vegetativo da cultura. No início da temporada o controle deve ser feito quando 50% das folhas acusarem a presença da praga, enquanto que, no período que antecede a colheita, somente deve-se aplicar o acaricida quando mais de 70% das folhas apresentarem ácaros. Após a colheita o ácaro será controlado se a infestação das folhas for superior a 90%.

O acaricida abamectin pode ser aplicado apenas uma vez por ciclo, logo após a queda das pétalas, independente do nível populacional, e seu uso está limitado àquelas áreas com alta infestação de ovos de inverno.

Grafolita: Para o monitoramento, deve-se utilizar uma armadilha com feromônio para cada 3 a 5 ha, instalando-a no final de agosto e mantendo-a até a colheita. Em pomares menores, deve-se aumentar a densidade, devendo haver no mínimo 2 por talhão. O controle da praga deve ser feito quando houver captura superior a 30 machos/armadilha/semana.

Cochonilha: Deve-se identificar e registrar a presença das larvas (provavelmente entre setembro e novembro) e efetuar aplicações localizadas nos focos usando inseticida fosforado. O óleo mineral aplicado para quebra de dormência ajuda a controlar a cochonilha.

Pulgão lanígero: Efetuar a identificação dos focos controlando-os com dimetoato até a primeira quinzena de novembro.

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