Pecuária

Porco: nutrição animal

Na suinocultura, a alimentação dos animais em confinamento é a mesma praticamente o ano inteiro. Entretanto, assim como ocorre em outras espécies, é preciso considerar as necessidades nutricionais em cada fase do desenvolvimento desses animais, o que permite o melhor desempenho do criatório e mais lucratividade ao produtor.

Para planejar um programa nutricional adequado para o rebanho suíno é necessário conhecer os valores nutritivos de cada tipo de alimento para se obter melhor aproveitamento e utilização, conforme destaca Francine Taniguchi Falleiros, médica veterinária e assistente de Pesquisa e Desenvolvimento Tortuga Cia. Zootécnica Agrária.

De acordo com ela, esse conhecimento é indispensável, principalmente, devido a grande diversidade de alimentos existentes e de subprodutos utilizados nas formulações de rações para suínos. “O entendimento das informações dos valores, composição química, energética e digestibilidade dos alimentos, além de necessário, é essencial na busca de redução dos custos e da melhor produtividade”, garante.

Ao contrário do que acontece em algumas outras criações, nas quais os produtores estão atentos ao começo da estação de seca na maior parte do País, ela explica que para a suinocultura não é aplicado um programa nutricional para este período específico, pois os porcos são animais confinados que consomem praticamente o mesmo tipo de dieta ao longo do ano, alterando apenas alguns ingredientes, quando necessário. “As rações destinadas aos suínos são fornecidas ao longo de todo ano, garantindo o melhor desempenho dos animais. A demanda nutricional é conhecida em cada uma das fases (creche, crescimento e terminação) e os produtos são formulados especificamente, em termos de proteínas, vitaminas, minerais, energia, entre outras, para atender essas demandas nutricionais”, ressalta Francine Taniguchi Falleiros.

Em relação aos custos com a alimentação de suínos, Jorge Pacheco, gerente de vendas Nutriserviços da Guabi, considera que, em média, esses gastos no Brasil correspondem entre 65 a 70% dos custos nas granjas estabilizadas e de ciclo completo. Os suínos industrializados são alimentados basicamente com milho, farelo de soja e farelo de trigo, além dos suplementos vitamínicos e minerais. “Temos algumas diferenças nas fases pré-iniciais e iniciais, quando as exigências dos animais nestas fases são maiores e estes necessitam de ingredientes nobres, de alta digestibilidade e alto valor biológico, para expressarem todo seu potencial genético, tais como: soro de leite em pó, leite em pó, plasma, enzimas, aminoácidos e aditivos. Essas rações apresentam características próprias e são marcadas pelo seu alto custo, mas baixo consumo”, destaca. Segundo ele, o planejamento da alimentação na suinocultura moderna está relacionado ao consumo de ração de cada fase (conforme tabela 2).

O gerente detalha que nas fases pré-iniciais e iniciais os suínos consomem 15 % de toda a ração produzida na granja. Nestas fases, há a participação de suplementos vitamínicos e minerais, que em média apresentam inclusão de 30%. O restante é dividido entre o milho, farelo de soja, óleo e açúcar. Já nas fases de recria e terminação o consumo é de 68 % da ração produzida. Ele acrescenta ainda que os suplementos são responsáveis por apenas 4 % da inclusão na ração e nos outros 96% são utilizados milho e farelo de soja. As fases de reprodução consomem 17% do total produzido na granja. A ração é composta 96% de milho, farelo de soja e trigo, os outros 4% são de inclusão de suplementos.

“Em todas as fases de produção a participação do milho, farelo de soja e farelo de trigo são essenciais na formulação das rações e na composição dos custos das dietas para a produção de suínos. A aquisição, armazenagem e a utilização de ingredientes substitutos ou alternativos (sorgo, milheto, casca de soja, farelo de arroz, gérmem de milho, entre outros) são fatores importantes para o planejamento da alimentação do rebanho. As ofertas desses ingredientes dependem da produção regional de alimento e plantio de outras culturas na safra de inverno. Já o momento adequado para a aquisição do milho acontece na safra, garantindo desta forma os melhores custos para a produção”, explica.

Em uma exploração industrial o balanceamento deverá ocorrer durante todo o ano da mesma forma, conforme explica Jorge Pacheco. Ele leva em conta que os suínos passam a vida toda confinados e não têm acesso à busca de alimentos. “Cada fase de criação apresenta uma exigência nutricional diferente e devem-se utilizar fórmulas específicas para cada fase (pré-inicial, inicial, crescimento, terminação, gestação e lactação). Há necessidade de oferecer proteínas, energia, fibras, cálcio, fósforo, entre outros nutrientes necessários, para que os animais possam expressar todo seu potencial genético. A adoção de volumosos e suplementos para melhorar o desempenho dos suínos ao longo do ano não se aplica aos suínos”, finaliza.

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