Agricultura

Ervas daninhas: só defensivo não basta!

Utilização de produtos químicos é fundamental, mas sem um manejo adequado, a luta contra as plantas daninhas será perdida.

“Faz 35 anos que falo ao produtor como se deve cuidar para não deixar a planta daninha crescer e tomar espaço na lavoura, mas ninguém faz. Vou me aposentar”. A frase é do pesquisador da área de plantas daninhas da Embrapa Soja (PR), Dionísio Luis Pisa Gazziero. Segundo ele, a maior dificuldade é convencer o sojicultor sobre a necessidade dos cuidados. As plantas daninhas, mais comuns em semeadura direta, são as de reprodução vegetativa e as que possuem sementes pequenas, como o capim-amargoso (Digitaria insularis), o capim-oferecido (Pennisetum setosum), o maria-mole (Senecio brasiliensis) e a buva (Conyza bonariensis).

As plantas daninhas, mais comuns em semeadura direta, são as de reprodução vegetativa e as que possuem sementes pequenas, como o capim-amargoso (Digitaria insularis), o capim-oferecido (Pennisetum setosum), o maria-mole (Senecio brasiliensis) e a buva (Conyza bonariensis). Sendo este último um dos maiores problemas na cultura da soja atualmente. Por ser pequena, a semente é facilmente carregada pelo vento.

Uma forma de prevenir a entrada é pela: (a) aquisição de sementes de boa qualidade; (b) limpeza rigorosa das máquinas e implementos; (c) controle do desenvolvimento das invasoras, impedindo a produção de sementes ou a estrutura de reprodução nas margens de cerca, estradas, canais de irrigação; (d) utilização de um método de controle químico, com herbicidas; e, finalmente, (e) rotação de culturas, para diversificar o ambiente.

Mas, uma vez que o problema está na propriedade, o sojicultor pode conviver com ele de forma que não cause grandes prejuízos à lavoura. Mas não é de se desesperar ao ver algumas mudas no meio da lavoura, já que a erradicação é inviável em grandes plantações, principalmente pelo fato das sementes serem dormentes, ou seja, que podem ficar longos períodos sem brotar.

Com o sistema de plantio direto ocupando mais de 80% da área plantada no Brasil, atualmente, algumas mudanças no manejo das daninhas foram necessárias, como a retirada do mercado dos herbicidas pré-plantio-incorporado (PPI), técnica que teria de ser usada mexendo no solo.

Segundo Gazziero, o trabalho para conter as daninhas deve ser realizado, basicamente, com controle químico, por meio de herbicidas e com a cobertura do solo durante a entressafra da soja. As duas ações conjuntas proporcionam sucesso, já que a cobertura do solo garante a qualidade do terreno e, principalmente, não permite que a planta daninha se desenvolva.

A cobertura do solo pode ser realizada com a plantação de diversas culturas. O produtor deve levar em conta o clima da região e implantar uma cultura mais apropriada. Mas de modo geral, essa cultura a ser escolhida deve apresentar rápido crescimento inicial, possuir grande volume de massa verde, ter boa quantidade de palha e efeito alelopáticos, ou seja, que efetivamente impeçam o desenvolvimento das plantas daninhas. Em regiões de inverno mais rigoroso e com razoável quantidade de chuvas, algumas das culturas apropriadas são aveia-preta, centeio, azevém, nabo-forrageiro, aveia-branca, tremoço, trigo. Já em invernos mais amenos e com pouca chuva, pode-se cultivar milheto, sorgo-forrageiro e milho.

Cultivando essas lavouras na entressafra e utilizando herbicidas, o problema está resolvido. Outro fator importante é retirar todas as plantas daninhas da lavoura antes da semeadura, porque os herbicidas pós-emergentes não atuam contra as plantas já desenvolvidas. Pode-se fazer o controle mecânico, que, apesar da mão-de-obra, apresenta os melhores resultados.

Buva

Atualmente um problema enfrentado por grande parte dos sojicultores da região sul do Brasil é a buva, que possui duas espécies: a Conyza bonarienses e a Conyza canadensis. Por possuírem sementes pequenas, acabaram se alastrando facilmente com o vento, na entressafra da soja. Além disso, está se tornando resistente ao glifosato, de princípio ativo glicina. Com isso, produtores estão perdendo boa parte da plantação. “O correto é o agricultor erradicar a buva antes da plantação da soja. Caso contrário, a perda vai de 10 a 40% da produção”, afirma Gazziero. Além disso, resulta em aumento da umidade dos grãos colhidos e do porcentual de impurezas, reduzindo o valor da mercadoria.

Para os pesquisadores, a melhor forma de controlar a buva é realizar todos os procedimentos contra qualquer daninha, tais como: rotação de cultura, uso de produto químico, diminuição do pousio, plantação de cultura com alto grau de palha e que possa cobrir o solo suficientemente para evitar o desenvolvimento da planta.

Vale lembrar que cada propriedade tem sua peculiaridade, mas de maneira geral, pode-se considerar que a solução é um conjunto de ações. Um dos problemas encontrados pelos pesquisadores é a confusão que sojicultores fazem ao creditar o mau controle como resistência. “Muitos produtores acabam aplicando erroneamente o produto, não segue uma série de procedimentos, mas creditam a resistência à infestação das plantas daninhas”, comenta Gazziero.

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