Política

Censo 2007: “para conhecer melhor o produtor rural”

O IBGE realiza neste ano o Censo Agropecuário; o principal e mais completo levantamento sobre a estrutura e a produção da agricultura e da pecuária brasileiras.

O IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realiza neste ano o censo agropecuário, que visa atualizar as informações sobre a atividade agropecuária.Este recenseamento constitui o principal e mais completo levantamento sobre a estrutura produtiva do setor primário brasileiro, suprindo a carência de informações sobre os aspectos econômicos, sociais e ambientais da atividade agropecuária.

O primeiro censo agropecuário realizado no Brasil foi o Censo Agrícola de 1920. A Diretoria Geral de Estatística, responsável pelo Recenseamento Geral de 1920, enviou uma missão técnica aos Estados Unidos para obter informações sobre o planejamento do XIV Censo Americano. Parte integrante do Recenseamento Geral de 1920, os Censos Econômicos investigaram vários temas e aspectos econômicos, entre eles a produção agropecuária. Assim, a atividade agrícola brasileira foi objeto de levantamento censitário pela primeira vez em 1920. Apesar da complexidade do tema, o primeiro recenseamento da agricultura realizado no Brasil adotou modelos simples de formulários, inspirando-se tanto em normas já consagradas, como também no exemplo norte-americano. Funcionários da Diretoria Geral de Estatística (DGE) foram enviados a vários Estados, com instruções muito específicas, a fim de organizarem os cadastros das propriedades rurais e dos estabelecimentos industriais, que serviram de base à distribuição dos questionários. Foram elaborados cadastros das fábricas instaladas e em operação, dos estabelecimentos agrícolas e de criação existentes em cada município, com base nos assentamentos oficiais do imposto territorial ou do registro geral de terras.

A data de referência deste Censo foi o dia 1º de setembro de 1920, para os dados de estoque, pessoal ocupado, maquinaria, e, para os dados de produção e movimento de animais (compra, venda e abate), o ano de 1919. Não foram investigadas as propriedades rurais cuja produção anual estava abaixo de 500$000 (quinhentos mil réis). De lá para cá outros nove censos agropecuários foram realizados, sendo que o último foi feito em 1996.

O Censo Agropecuário visitará até o dia 31 de julho cerca de 6 milhões de estabelecimentos em todos os 5.564 municípios. O universo a ser pesquisado é composto por estabelecimentos agropecuários que atuam nos segmentos de agricultura, aquicultura, pecuária, avicultura, apicultura, sericicultura, extração vegetal, silvicultura, beneficiamento e transformação de produtos agropecuários. “Basicamente pergunta-se qual a extensão da sua propriedade, qual a produção agrícola da propriedade, quando é feita a colheita, se a produção é vendida. Na questão pecuária, qual é o seu plantel, especificando esse plantel quantitativamente, se tem gado leiteiro qual é a quantidade de leite produzido, se é vendido. Os censos servem para o planejamento, para conhecer o seu perfil. É importantíssimo conhecer o que nós produzimos, quantos somos, o que fazemos”, explica Luiz Laerte Soares, recenseador do IBGE na área do Vale do Paraíba, região nordeste do Estado de São Paulo.

Além do censo agropecuário, o IBGE realiza também a contagem populacional que será realizada em todos os municípios com até 170 mil habitantes. No entanto, como em algumas unidades da federação apenas um ou dois municípios ficariam de fora por terem mais de 170 mil habitantes, o IBGE decidiu incluí-los também na pesquisa. Dessa forma, a Contagem da população será realizada em todos os municípios com até 170 mil habitantes e em outros 21 com população acima dessa faixa, abrangendo 110 milhões de pessoas, ou seja, em torno de 60% da população do país; e vai pesquisar as seguintes variáveis referentes a características da população: sexo, idade e migração. Os dois recenseamentos estão sendo feitos em conjunto e a Contagem não será realizada em todos os municípios por conta de limitações orçamentárias. Outro motivo que levou o IBGE realizar o censo populacional nos municípios com até 170 mil habitantes é o fato de que ali se concentram os efetivos da população que interferem nos valores repassados pelo Fundo de Participação dos Municípios. O corte em 170 mil habitantes também foi baseado na estimativa de população dos municípios calculados pelo IBGE em 2005 e divulgados para o ano de 2006. Dos 5.564 municípios brasileiros, 5.414 possuem menos de 170 mil habitantes, e somados aos outros 21 que também serão pesquisados, perfazem 5.435, representando 97% do total. Apenas 129 municípios, ou seja, 3% do total, não serão pesquisados.

Mesmo sofrendo com falta de verbas, o Censo deste ano traz uma inovação: Ele é o primeiro da história a ser totalmente informatizado. Os recenseadores estão munidos de um computador de mão, também chamado de PDA (Personal Digital Assistence), facilitando o preenchimento, evitando erros de digitação e impedindo que os recenseadores deixem de contar um domicílio ou contar mais de uma vez o mesmo estabelecimento, já que ele é também provido de GPS (Global Position System), o sistema via satélite que permite localizar com exatidão seu posicionamento no globo terrestre: “O que é importante frisar é que as informações coletadas a partir desse censo vão ter uma velocidade muito maior porque utilizando a tecnologia da informática nós vamos ter resultados finais do censo em tempo recorde e com precisão, nunca visto no Brasil”, explica Laerte Soares.

O IBGE é um órgão governamental que tem por finalidade retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania. “O importante na entrevista é saber que o IBGE não é um órgão fiscalizador, é um órgão que busca informações estatísticas, então não tem porque ter medo de dar informações ao IBGE, porque a população vai ter essas informações em seu benefício próprio, e o Brasil vai conhecer a complexidade e o perfil do segmento agropecuário no país”, afirma Luiz Laerte Soares. O coordenador de área do IBGE no Vale do Paraíba e do litoral norte, Dagnaldo Alcântara Rios afirma que é conveniente receber os recenseadores e não ter receio de responder às suas questões: “A gente gostaria de frisar que, quando o recenseador chegar nas propriedades rurais, por causa da violência que hoje está assolando inclusive as zonas rurais, que ele [recenseador] se identifique e que o proprietário veja que ele está com uma vestimenta caracterizada, com uma jaqueta com toda a identificação do IBGE, e que tem o telefone, 0800-21-81-81, que vai identificar prontamente o recenseador para ele”.

Esse Censo é de suma importância para o Brasil e principalmente para quem vive do campo, como esclarece Soares: “Todos os trabalhos do IBGE são importantes para a população. Ela mesma que subsidia os trabalhos do IBGE. No caso dos censos é importante que os entrevistados dêem as informações corretamente para o IBGE, para que ele tenha em seu benefício próprio as informações corretas, para que a gente tenha as questões de políticas públicas bem adequadas para o cidadão e para o país”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *