Agricultura

Trigo: brusone ameaça a lavoura no cerrado

O pesquisador Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados, alerta que o período é propício para o surgimento da Brusone, principal ameaça às lavouras de trigo do Cerrado. A doença, causada pelo fungo Magnaporte grisae, afetou no ano passado até 40% da produção de algumas lavouras do Centro-Oeste do país.

Os sintomas típicos da doença são o branqueamento das espigas, comumente da metade para o ápice. Mas, em alguns casos, pode ocorrer em toda a parte aérea da planta. Nas folhas, explica o pesquisador, podem ser observadas, ocasionalmente, lesões elípticas com margem de coloração marrom-escuro e centro claro (acinzentado). Já na espiga a infecção ocorre no ráquis.

“O fungo requer molhamento de mais de 10 horas e temperaturas entre 23 e 28°C”, destaca Albrecht. O pesquisador salienta ainda que a brusone é uma doença policíclica. “O intervalo de tempo necessário para uma nova infecção é de 7 a 12 dias e a disseminação ocorre, principalmente, através do vento”.

Segundo o pesquisador, o início do espigamento é a fase ideal para a aplicação preventiva de fungicidas. A melhor eficiência para o controle da brusone pode ser obtida pela combinação de triazóis e estrobilurinas no início do espigamento, e a aplicação de uma segunda dose 15 dias após, já no final do espigamento para proteger a grande maioria das espigas emergentes.

Até o período da maturação do trigo, os produtores precisam monitorar diariamente a lavoura. Outra recomendação do pesquisador é evitar o excesso de água. “O aumento do tempo de molhamento favorece o surgimento da Brusone”, lembra.

A Embrapa Cerrados disponibiliza um site (www.cpac.embrapa.br/hidro/) com recomendações para o monitoramento de irrigação no Cerrado. Os produtores das cultivares de trigo BRS 207 e 210, Trigo Embrapa 22 e Trigo Embrapa 42 têm acesso a recomendações específicas de acordo com o tipo de solo.

O pesquisador, no entanto, mostra-se otimista quanto à safra de trigo irrigado para este ano. A área de trigo irrigado na região de Cerrado do Centro-Oeste se manteve estável em relação ao ano passado com cerca de 45 mil hectares. “As condições climáticas têm ajudado o desenvolvimento das plantas no Cerrado. A perspectiva é de boa produtividade e qualidade”, salienta. A produtividade média das lavouras de trigo irrigado do Cerrado está se mantendo em torno de 5 toneladas por hectare, mas Albrecht destaca que este ano há muitas lavouras com potencial de 6 toneladas e algumas com até 7 toneladas.

A grande procura por sementes de trigo neste ano, em função da queda no preço da saca de feijão, esgotou o estoque de sementes. O saco de feijão, cotado entre 85 e 90 reais no início de 2006, despencou para um valor entre 55 e 60 reais. “O trigo, em torno de 26 reais o saco, é mais atrativo”.

Para os meses de agosto e setembro, há a previsão de ocorrer diversos Dias de Campo de trigo irrigado, na região do cerrado, para o lançamento das cultivares BRS 254 e BRS 264, desenvolvidas pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Trigo. Os novos genótipos de trigo possuem alto potencial de produtividade e boa qualidade industrial. “As sementes estão sendo multiplicadas, e em 2007, teremos uma grande disponibilidade de sementes para comercialização”.

A BRS 254 possui alta força de glúten e alta estabilidade, características que os moinhos exigem para a panificação, e um potencial de produtividade de 6 toneladas por hectare. A BRS 264 é um material com potencial de produtividade de 7 toneladas por hectare, boa qualidade industrial e precoce. O ciclo da emergência a maturação da BRS 264 chega a ser quinze dias menor comparado com as variedades que estão sendo cultivadas pelos triticultores da região do Brasil Central.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *