Pecuária

Crioulo: as bodas de prata do freio de ouro

Segundo o presidente da ABCCC (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos), Paulo Móglia, esta edição tem um “quê” a mais: “É um ano muito especial para nós. Esta prova alavancou a raça. A ABCCC tem 74 anos e o Freio de Ouro nasceu quando completamos 50, daí a origem do nome” disse Moglia, explicando que a prova foi criada em comemoração às “bodas de ouro” da associação.

“Nesta edição, faremos várias homenagens a todos que contribuíram e contribuem com a raça crioula”, completa. Ele conta que uma placa que mostra todos os vencedores da competição, ao longo destes 25 anos, será inaugurada durante a Expointer.

Duas novas classificatórias foram incluídas no calendário deste ano: Santa Catarina e Argentina, aumentando o número de seletivas e, consequentemente, a quantidade de pleiteantes a uma vaga na final do Freio. “A partir desta edição, portanto, o Freio de Ouro conta com duas classificatórias internacionais – Uruguai e Argentina”, relata a assesora de imprensa da ABCCC, Ana Smidt.. De acordo com a associação, estima-se que aproximadamente 500 animais passarão no Parque Assis Brasil durante a Expointer, entre provas e julgamento morfológico. O julgamento das fêmeas ficará a cargo de Álvaro Dumoncel, Jorge Agnelo e Ricardo Borges. Já os machos serão avaliados por Luis Martins Bastos Neto, Alexandre Pons Suñe e José Francisco Moura.

Golpe de vista

Os olhos atentos dos jurados acompanham o galope e a maestria dos cavalos. “Não basta ser crioulo, tem que ser Freio de Ouro”, dizem os crioulistas. Nas etapas da prova serão testadas a doma, a resistência, a docilidade, a aptidão e a coragem do cavalo Crioulo. Os trabalhos do cotidiano são reproduzidos nas pistas de provas. “É uma prova seletiva que avalia a morfologia e a funcionalidade da raça. Fazemos uma seleção das qualidades inerentes à raça dentro da própria raça”, conta Paulo Móglia.

Entre as provas, a paleteada é uma das mais aguardadas e que mais reforçam as características do Crioulo. Esta é uma etapa que simula a lida no campo. Dois cavaleiros ladeiam um garrote e, num movimento sincronizado, o derrubam com a paleta. A paleteada depende muito da coragem do cavalo e da habilidade do cavaleiro em conduzir o animal. Há ainda a prova da Mangueira. Neste caso, o objetivo é ver se o cavaleiro consegue manter o cavalo em movimento constante enquanto aparta um garrote em espaço fechado.

A prova de Andadura enaltece a docilidade e o andar do animal. “Avaliamos o tranco, o trote e o galope do Crioulo”, explica o presidente da associação. Outra prova é a de Figura, desenvolvida em um circuito demarcado por fardos de feno. “Avalia-se os movimentos, a potência de execução e submissão a todas as solicitações do ginete”, ensina Móglia. De acordo com ele a prova de giro, conhecida como “volta sobre patas”, testa a resistência e a coordenação do animal. “O ginete leva o cavalo à frente dos jurados e o faz girar sobre o próprio corpo de um lado, depois para o outro”, explana. A Esbarrada também aparece para dificultar o destino final dos cavalos participantes. “Nesta etapa o ginete acelera por uma distância de aproximadamente 20 metros e pede para o animal uma freada brusca. O cavalo fica apoiado sobre as patas posteriores”, complementa.

Segundo Móglia, as principais características da raça crioula são a rusticidade e a resistência. “Além disso, é um animal de serviço. É dócil e, por ser rústico, o custo é baixo”, adiciona. Para ele, o Freio de Ouro emprega muitas pessoas: “Há muita mão de obra especializada. Podemos contar com empregos diretos e indiretos”. Ao longo dos anos, esta importante prova abriu espaço para toda uma geração de novos profissionais. “Houve a profissionalização desta mão de obra”, revela. Segundo a ABCCC, a expansão deste setor foi tão grande que atualmente pode-se encontrar Centros de Treinamento espalhados pelo Brasil. “Estes centros são voltados a profissionais independentes que, às vezes, chegam a apresentar mais de um animal em uma final”, relata.

O evento tradicional não oferece dinheiro aos vencedores. Os prêmios da competição são um freio de ouro para o dono do cavalo e honrarias para o animal.

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