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Agrishow – setor em compasso de espera

As incertezas quanto ao futuro e as resoluções que seriam tomadas num futuro próximo pelo governo federal, deram o tom das conversas com produtores rurais e representantes de empresas que atuam no mais variados segmentos da produção agrícola nacional.

No balanço feito logo após o encerramento o volume de negócios fechou em R$ 500 milhões, números dentro das expectativas segundo Sergio Magalhães, presidente do sistema Agrishow, para quem a redução de 34% na comparação com 2005, quando a feira gerou negócios superiores a R$ 760 milhões é reflexo direto do alto endividamento do produtor rural brasileiro e do câmbio que impede que a safra seja vendida por valor justo.

A participação do público supera 115 mil pessoas. Em 2005, a feira recebera 138 mil pessoas. O recuo de 16,6% é considerado normal pela organização que aponta novamente as adversidades das grandes culturas como a razão principal da ausência de sojicultores, especialmente do Paraná, que sempre marcaram presença em grande número em Ribeirão Preto.

Magalhães ressalta que, apesar da queda no faturamento, já prevista nas previsões iniciais, tendo em vista as dificuldades de culturas importantes, caso da soja, milho e algodão o resultado pode ser considerado muito bom e o produtor que compareceu está de parabéns, pois mesmo enfrentando toda sorte de adversidades ele não deixou de prestigiar o trabalho agroindústria que trabalha duro para criar tecnologias inovadoras que facilitam o dia a dia campo. “A proposta primeira das feiras de tecnologia não é fundamentalmente a consolidar negócios, mas a apresentação de tecnologias em máquinas, equipamentos e serviços ao agricultor”, enfatiza. “E a Agrishow Ribeirão Preto 2006 mostrou muito dinamismo das empresas, que vieram ao evento, com muitos lançamentos e novidades tecnológicas”, conclui.

Entre as personalidades que marcaram presença, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues que participou da abertura oficial do evento. Apesar do tom efusivo das críticas, o ministro fez um discurso bastante realista, inclusive, sobre o pacote de medidas para conter a crise no setor. Rodrigues admitiu que as medidas não vão sanar todos os problemas que o produtor rural enfrenta. No entanto, a situação é emergencial e por isso o pacote visa atingir pontos que para o governo são cruciais como garantia de preço mínimo para escoamento da safra e renegociação de dividas junto ao setor industrial.

Culturas perenes elevaram a média das vendas

Sem sombra de dúvidas os olhares estavam todos voltados ao setor sucro-alcooleiro, que foi o grande responsável pela movimentação financeira da Agrishow Ribeirão Preto 2006, Além deles, os cafeicultores e citricultores também marcaram participação importante na feira. Dirceu Ourique Vieira, gerente de qualidade do Grupo Fockink, de Panambi, RS, mostra que, nas vendas da empresa, os produtos que se aplicam às lavouras de cana-de-açúcar tiveram maior consolidação de negócios.

Quanto à participação da empresa na edição deste ano da Agrishow, o gerente buscou ser bastante realista. Até o terceiro dia do evento 50% da meta de vendas já tinha sido atingida. “Se tudo transcorrer no mesmo ritmo, até o final do evento, a meta será atingida” ele diz. Os números, no entanto, são mais modestos que os anos anteriores. Na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, RS, as vendas da empresa foi 5 vezes menor, na comparação com 2005, quando o faturamento foi de R$ 205 milhões. Com relação ao público o gerente diz que, o comportamento do produtor rural está dentro da normalidade. “A visitação ao estande é constante de produtores, estudantes e técnicos, buscando explicações sobre o funcionamento de produtos e custo de implantação”.

Segundo Alberto Honda, engenheiro agrônomo e gerente de marketing da empresa Máquinas Agrícolas Jacto, o ambiente não está nada favorável para a realização de negócios. “As Agrishow’s de Rio Verde (GO) e Rondonópolis (MT), já demonstraram isso”. Segundo Honda as feiras de tecnologia não servem somente para as empresas consolidarem suas vendas. “É um ambiente onde as empresas têm a oportunidade de mostra tecnologias em produtos e serviços e o produtor de conhecer essas tecnologias para futuros negócios”, observa. Desde que começaram os primeiros problemas no setor até hoje a empresa já demitiu, mais de mil funcionários. Atualmente à fábrica da empresa, que fica na cidade de Pompéia, SP, trabalha com metade do seu efetivo. “Hoje, não dá para fazer prognósticos sobre o mercado de um mês para frente”, fala.

O segmento de cana-de-açúcar, café e citrus, vivem um momento à parte. Para as lavouras de citrus, a empresa trouxe um lançamento que promete revolucionar o conceito de pulverização dos pomares. O pulverizador tipo atomizador ‘Arbus 4000’ faz aplicações bilaterais, em plantas de até seis metros de altura. Os modelos de seis e oito ventiladores, posicionados, em duas linhas verticais de angulação regulável, mantém o equipamento na aproximação ideal durante a pulverização do pomar, explica José Tonon Junior, gerente de produto turbo-atomizadores da Máquinas Agrícolas Jacto. O tanque é feito de polietileno e tem capacidade para armazenar 4.000 litros de produto. Outra novidade é nos ramais dos ventiladores que trazem um conjunto de 32 bicos, tipo cone, de cerâmica e válvula anti-gotejo, com registro para abertura e fechamento individuais, ou seja é muito mais segurança, eficiência e economias nas aplicações, destaca Tonon.

Pecuária se mantém de pé

O setor destinado à agroindústria pecuária também sofreu uma forte redução de área, quando comparado há anos anteriores, quando o crescimento de expositores e público era notável. As empresas tradicionais dentro do segmento não deixaram de comparecer, porém, tudo numa proporção bastante racional. Segundo Guss Laeven, diretor presidente da central de inseminação Lagoa da Serra, a realidade não comporta gasto desnecessários. “É importante a participação das empresas no evento para dar peso, no entanto, a maior parte, está com seus orçamentos reduzidos e isso inclui também verba para feiras agropecuárias”, diz.

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