Pecuária

Aftosa: alerta para vacinação mal feita

Aparece quase diariamente na mídia. Depois que a febre aftosa tomou conta dos noticiários, televisão, jornais, revistas e internet mostram animais sendo vacinados. A vacina comumente aparece exposta ao sol e aplicada em locais impróprios, como no lombo do gado ou no cupim. “A aplicação deve ser no terço médio do pescoço, logo à frente da ponta da paleta”, alerta o veterinário Renato dos Santos, consultor da Beckhauser Troncos e Balanças.

O veterinário ressalta, ainda, que é comum a vacina ser aplicada sem manejo adequado.

“Sob estresse, o sistema imunológico do animal não responde adequadamente à vacinação, devido ao aumento de até 2/3 na produção de cortisol.” De acordo com Santos, a aplicação no brete coletivo ou corredor colabora para o nervosismo do rebanho, uma vez que muitos animais acabam pulando e pisoteando outros mais fracos. “Além de machucar o animal, o trabalho precisa ser incessantemente interrompido para evitar o pior”, alerta.

Soltos no brete coletivo, há também o risco de quebra da agulha, sangramento e refluxo da vacina, por causa dos movimentos constantes do animal. A melhor opção para vacinação, de acordo com o veterinário, é a vacinação feita no tronco de contenção. “Toda ação a se tomar com o animal passa pela contenção. É bom para o animal, que sofre menos, é bom para o vaqueiro, que não fica exposto a riscos como chifradas ou coices, e é bom para a sanidade animal, já que contribui para a efetiva imunização do rebanho”, diz Santos.

Ao contrário do que muitos pensam, o manejo no tronco de contenção leva o mesmo tempo que no brete coletivo, é mais eficiente e mais barato. A conclusão é do Grupo de Estudos em Ecologia e Etologia Animal – Etco da Unesp/Jaboticabal, coordenado pelo professor Mateus Paranhos da Costa. No brete, a interrupção do trabalho acaba por prolongar o tempo de trabalho. “Sem contar prejuízos com equipamentos danificados, perda de vacina por refluxo, maior estresse do rebanho e mais risco para o vacinador”, afirma o veterinário. “Com o manejo racional no tronco de contenção esse tipo de ocorrência é quase nula,” finaliza.

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