Pecuária

Ovelhas: a evolução da caprino e ovinocultura no Brasil

No cenário mundial, referente a caprinos e ovinos, em número de animais, a China tem o maior rebanho do mundo, seguida, pela ordem, por Índia, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Reino Unido, Turquia e Espanha.

O mercado nacional nas duas atividades encontra-se aquecido e o consumidor, parte fundamental do processo, busca, cada vez mais, por produtos e empresas que ofereçam, acima de tudo, qualidade. Já o criador tem o desafio de incrementar seu negócio. Como? Investindo em genética e estando atento a todas as transformações do mercado que possam agregar valor à sua criação.

Isso pode ser creditado a fusão de alguns fatores: a profissionalização das associações de criadores e dos próprios caprinovinocultores; a busca por informação e tecnologia que contribuam em prol do desenvolvimento da criação e os constantes investimentos em genética, nutrição e sanidade que, ao contrário do que muitos pensam, não podem ser encarados como custo.

Ao analisar o Brasil, devemos levar em consideração a grande área disponível de pastagem e aproveitá-la de forma racional, com planejamento técnico, com um diferencial: produção de carne a custo reduzido. Além disso, o cordeiro, animal jovem com idade preferencialmente inferior a 150 dias e peso vivo entre 28 e 32 kg, é o produto mais valorizado. O pastejo direto, utilizando forrageiras de elevada produtividade e valor nutritivo, tais como Coast cross, Tiftons, Pangola, Transvala, Estrelas, Tanzânia e Aruana, é a melhor opção para a atividade. Na gestação, as matrizes são mantidas em pastagens, num sistema rotacionado, e após o parto, durante todo o período de aleitamento, que varia de 45 a 60 dias, ficam em pastagens específicas para a cria dos cordeiros.

Com qualidade, boa disponibilidade da forragem, constante acesso à água e mistura mineral adequada não há necessidade de qualquer outro tipo de suplementação alimentar para as ovelhas durante o período pré-parto. Todavia, após a parição, por melhor que seja a situação da pastagem, a suplementação alimentar é necessária, tanto para as matrizes como para as crias. O manejo rotacionado das pastagens é uma das condições básicas para a produção intensiva de cordeiros em pastejo. Em comparação às condições de pastejo contínuo, um tempo adequado de repouso, associado a um período curto de pastejo intenso, com um rebaixamento significativo da altura da forrageira, possibilita maior produção e qualidade de forragem, além de ajudar a diminuir o nível de contaminação dos animais por larvas de helmintos parasitas. O Brasil possui centros de excelência em pesquisa, como o Instituo de Pesquisa de Nova Odessa – em São Paulo, e outros nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, que também podem orientar o criador sobre cada fase da criação e manejos adequados.

De uma forma geral, a caprinovinocultura tem aumentado sua participação no agronegócio brasileiro, e pela forma que ela esta crescendo, com base e seriedade, a tendência é que esse quadro se mantenha em expansão. A falta de informação, especialmente em regiões importantes do Brasil, só que menores e fora dos grandes centros, é o principal entrave à consolidação da atividade.

Os principais atrativos para o criador que quiser ingressar nesse tipo de mercado é que em uma mesma área de criação de bovinos pode-se criar uma quantidade muito maior de ovinos e caprinos, tudo isso respeitando e cumprindo um bom manejo de pastagem, cercamento apropriado e outros conceitos.

Com um rebanho estimado em 14 milhões de cabeças, a ovinocultura brasileira está concentrada em sua maioria – 9 milhões de animais -, na região Nordeste, principalmente na Bahia, estado onde a atividade é bem atuante. Segundo números da Associação Paulista dos Criadores de Ovinos (Aspaco), em 2004, São Paulo foi o estado que registrou o maior crescimento de rebanho. Para se ter uma idéia do cenário atual e do potencial que a carne de cordeiro ainda pode atingir no Brasil, o consumo per capito/ano desse nicho é de 700g, número baixo, principalmente em comparação aos países onde mais se consome esse tipo de carne, caso da Nova Zelândia, que tem uma média anual de 32 kg por pessoa. Em relação à caprinocultura, o rebanho brasileiro é composto atualmente por 10 milhões de cabeças.

Vale destacar que o Brasil importa 10% da carne ovina e caprina que precisa para suprir sua demanda. Por falar em demanda, só para a cidade de São Paulo, há necessidade da formação de um plantel com 3 milhões de matrizes para produção média de 500 mil cabritos e cordeiros de qualidade/mês para abate.

Nesse contexto, o papel das empresas, principalmente de insumos, é incentivar o setor, oferecendo ao criador produtos de qualidade, com total controle da matéria prima utilizada para maximizar os resultados produtivos.

Além disso, a colaboração dos órgãos governamentais nas pesquisas nestas áreas é fundamental, inclusive com o apoio do governo federal, que poderia beneficiar áreas carentes do Brasil com as tecnologias geradas, servindo como um estímulo à criação de caprinos e ovinos e, ainda por cima, aumentaria a renda dessas regiões.

* Antonio Agusuto Coutinho – Engenheiro Agrônomo e Coordenador Nacional de Caprinos e Ovinos da Tortuga Cia. Zootécnica Agrária

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