Agricultura

Sigatoka – a maior inimiga do bananal

Esta doença se alastra nas folhas da bananeira, causando uma rápida decomposição foliar, reduzindo a capacidade fotossintética da planta, podendo causar-lhe a morte, antes mesmo da formação do cacho de frutos, e a conseqüente redução da produção da bananicultura.

A doença entrou na Amazônia no ano de 1998, e já foi observada em todos os estados da Região Norte e no Mato Grosso, impedindo a comercialização da banana desses estados para o resto do país.

De acordo com o Pesquisador de fitopatologia, marcadores moleculares da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Davi Theodoro Junghans, até dezembro de 2000 as áreas endêmicas da doença eram Amapá, Acre, Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Roraima. Os estados do Maranhão, Tocantins, Goiás e Distrito Federal e Mato Grosso do Sul eram considerados áreas de segurança.

Mas, segundo Junghans, a mudança está no fato de que até então as regiões Sudeste e Sul do país estavam isentos da ameaça da Sigatoka. Em 2004 os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais registraram foco da doença, em algumas regiões produtoras.

Para o pleno desenvolvimento deste fungo são necessários altos índices de temperatura e umidade, o que é encontrado nos Estados do Norte durante o ano todo, e ajudou que a doença se disseminasse pela região, explica o Pesquisador. Entretanto, segundo ele, o Ministério da Agricultura em conjunto com as Instituições de defesa sanitária vegetal dos Estados vêm buscando treinar técnicos para evitar e/ou dificultar que a doença se espalhe para outros Estados.

“A Sigatoka Negra é uma doença muito mais agressiva e destrutiva que a Sigatoka Amarela, pois além de infectar as folhas novas ataca também as folhas velhas da planta”, explica Davi Junghans. Como sintomas característicos, há a descoloração em forma de pontos ou estrias na cor “café” entre e ao longo das nervuras secundárias da segunda à quarta folha , a partir da vela, observada somente na face inferior das folhas. Ele acrescenta que surgem estrias pretas, observadas somente em sua face superior. Além de lesões negras na face superior da folha contrastando com a marrom na face inferior e a cor verde, podendo avançar para todas as direções do limbo foliar, atingindo todas as demais folhas da planta, de acordo com Davi.

Segundo o Pesquisador da Embrapa, uma das alternativas mais viáveis e econômicas para a convivência com a Sigatoka Negra é o uso de variedades resistentes, como parte do manejo integrado de pragas. Ele declara que os materiais considerados resistentes são: FHIA- 18; Thap Maeo; Caipira; Pacovan Ken, Preciosa e Maravilha.

Como exemplo de instituições que trabalham com melhoramento de banana temos a Embrapa. Ou seja, “as pesquisas estão sendo realizadas e como ocorre com outras culturas em que doenças de difícil controle não extinguiram a espécie, a banana não será derrotada por este fungo”, afirma Davi Junghans.

Num trabalho conjunto com as Unidades da região Norte, a Embrapa Mandioca e Fruticultura já recomendou 13 híbridos resistentes à Sigatoka-negra. De acordo com a unidade de pesquisa, o uso dessas cultivares (em média 25% mais produtivas que as tradicionais) proporciona maior renda familiar e reduz a agressão ambiental por dispensar defensivos agrícolas. Também foram lançadas cultivares resistentes à sigatoka-amarela e ao mal-do-panamá.

Entretanto, mesmo com a utilização de variedades resistentes, o pesquisador lembra que há a necessidade de se utilizar outras medidas de controle da doença para se evitar a contaminação do pomar.

Segundo ele deve-se ter cuidados ao adquirir mudas certificadas, realizar o controle da Sigatoka Amarela, utilizando os fungicidas de forma correta (alternando o princípio ativo para evitar o desenvolvimento de formas resistentes do patógeno). Junghans também indica que é necessário realizar desfolha de folhas doentes, periodicamente; controlar plantas daninhas; realizar desbaste e utilizar espaçamento adequados no plantio. Além disso ele avisa que deve-se adubar de forma adequada, observar a sanidade do bananal, procurando imediatamente o técnico de seu município em caso de ocorrência de sintomas parecidos aos da Sigatoka Negra.

O transporte de frutas, mudas e partes da bananeira são, juntamente com o vento e a chuva os principais meios de disseminação dessa doença, de acordo com o pesquisador. Ele alerta que, “o controle deve ser feito através de barreiras sanitárias, no intuito de fiscalizar o carregamento de caminhões, como vem acontecendo na região de fronteira do estado da Bahia”.

Junghans orienta que não deve-se transportar mudas, frutas, folhas de bananeira das regiões afetadas para outras regiões e também não utilizar, durante o transporte, folhas da planta como material protetor de frutas, caixas e cargas de banana. Ele avisa também que é preciso coibir a entrada no bananal de veículos contendo restos de banana ou folhas de bananeira.

É preciso ainda, promover campanhas educativas e elucidativas sobre a doença, com a participação de todos os órgãos envolvidos: Ministério da Agricultura, Secretarias de Estado, Produtores, Técnicos, Comerciantes, Exportadores, Atacadistas, Despachantes, Embaladores, Ceasas, Pesquisa, Associações e outros, recomenda o pesquisador da Embrapa.

Davi Junghans afirma que apesar da grande violência da doença, parece ser um exagero acreditar que a banana irá se extinguir nos próximos 10 anos. Segundo ele, “hoje sabe-se que a grande maioria dos trabalhos de melhoramento está voltada para o desenvolvimento de variedades resistentes à Sigatoka Negra”. Junghans lembra que existe uma série de instituições nacionais e internacionais (como a Embrapa),que trabalham com a cultura e já conseguiram resultados promissores, haja visto que existem muitos genótipos resistentes ao fungo.

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