Pecuária

Nelore – em busca da pecuária de “ciclo curto”!

Encontrar dentro das diferentes combinações genéticas possíveis indivíduos que ofereçam alta performance reprodutiva e de conformação, além de conseguir transmitir essas características para seus descendentes é o desafio que a pecuária moderna impõem aos criadores. A busca por produtividade na produção de carne, exigência imposta pelos mercados internacionais, está levando um número cada dia maior de pecuaristas a investir pesado no melhoramento genético de seus rebanhos. Para isso, o uso de tecnologias como a inseminação artificial, fertilização in-vitro (FIV) e a transferência de embriões são ferramenta que se incorporaram ao processo e que se tornam importantes para realização do trabalho. Francisco Vieira, gerente comercial da Central de Inseminação Nova Índia, diz que a tendência, cada vez mais é uma pecuária de ciclo curto, onde a rotatividade de animais dentro da propriedade está se tornando um fator importante na hora de se contabilizar os resultados. “Hoje, os recursos disponíveis proporcionam um acesso muito fácil ás diferentes linhagens genéticas”, observa.

Segundo Vieira, a quantidade de informações técnicas disponíveis nos sumários das centrais de inseminação, atualmente, é gigantesco. No entanto, isso só é possível graças aos longos de anos de esforços despojados pela entidades representativas de raças e do governo federal em realizar, em parceria com os institutos de pesquisa, testes de performance reprodutiva e provas de ganho de peso em animais de diferentes raças. Essa massa de informação proporciona ao criador da atualidade saber qual o cruzamento ideal para ser aplicado na sua propriedade. Isso está proporcionando uma revolução dentro da cadeia produtiva da carne bovina, atraindo, inclusive um número significativo de novos criadores, empresários de outros segmentos que estão enxergando no agronegócio, uma oportunidade de investimento com retorno cada dia mais rápido e seguro. Os mais capitalizados que têm potencial de investir em diferentes linhagens genética estão se tornando do dia para noite, criadores de ponta dentro das associações.

A heterose nesses casos funciona como uma ferramenta importante e que, quando manipulada corretamente apresenta resultados bastante satisfatórios, explica o técnico.” A combinação de diferentes códigos genéticos garante as futuras gerações, um maior vigor híbrido, além de garantir uma maior variabilidade genética disponível no mercado, o que é muito bom, diga-se de passagem”, conclui.

Proporcionalmente os bovinos de origem zebuína, sobretudo, o Nelore representam cerca de 80% desse universo da pecuária de corte no Brasil. Por conta disso muito do que se comercializa em termos de genética bovina, possui uma parcela de sangue zebu. No entanto, o que alguns especialista observam é que nas últimas décadas esta ocorrendo um estreitamento das bases genéticas nas populações de bovinos, ou seja, os reprodutores disseminadores de material genético estão se restringindo a um pequeno grupo. Em níveis elevados esse fato pode acarretar uma diminuição do potencial produtivo desses genes devido a pouca variabilidade genética dos criatórios, explica Adriano Rubio, presidente do conselho técnico da Asbia, Associação Brasileira de Inseminação Artificial e Diretor Superintendente da Sersia Brasil Inseminação Artificial. A busca por melhoramento genético deve partir primeiro da seleção dos melhores indivíduos de uma raça, vacas e touros. A partir daí, a escolha do melhor cruzamento é um segundo passo, que precisa ser tomado com a ajuda de um veterinário ou técnico especializado. Para Rubio, não importa se o cruzamento vai ser realizado entre indivíduos da mesma raças ou de raças diferentes. A escolha correta deve partir de uma analise detalhada sobre os dados produzidos por esse animal durante a sua vida reprodutiva.

A marca OB de propriedade do pecuarista Ovidio Carlos de Brito, desenvolve um projeto de seleção com as raças Nelore Mocho e Brahman desde 2000, buscando a conservação dos recursos genéticos e melhoramento genético das raças. Através de seu trabalho de cruzamento, o pecuarista mostra que a filosofia da OB Nelore Mocho é baseada em um tripé composto por : avaliação genética e calculo de Dep’s para características de produtividade; banco de germoplasma da marca OB; avaliação do eficiência reprodutiva. O criador conta que encontram-se guardadas em butijões, material genético de 15 das principais linhagens da raça Nelore, esse banco genético garante a eficiência dos cruzamentos. Já a analise de desempenho reprodutivo é feita pelo professor Jan Bonsme, zootecnista consagrado e que foca seu trabalho na eficiência reprodutiva. Brito, enfatiza a expressividade dos resultados. No ano de 2002 o criatório teve 10 Deps contempladas pelo sumário do PMGRN, Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore. “Os touros OB aparecem no sumário de líderes em 7 características de reprodução e produção”, observa o criador.

O PMGRN, foi criado no ano de 1998, por pesquisadores da USP em parceria com nelorista de São Paulo e Minas Gerais. O trabalho de colheita de informações começa com os animais, a partir do nascimento, passando por uma pesagem e por volta dos 9 meses a mensuração de perímetro escrotal, Essa avaliação segue até os 18 meses de idade. Após completada essa etapa, os dados são encaminhados a ANCP e uma vez processados e consistidos são incorporados a base de dados e utilizados na forma de relatórios para o gerenciamento mais próximo dos rebanhos. De acordo com técnicos da ACNB, Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, o objetivo do programa é subsidiar o criador com as ferramentas de seleção, buscando maximizar o ganho genético e lucratividade do seu empreendimento.

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