Agricultura

Gado com grife e qualidade

O reprodutor ainda conseguiu ser o touro mais pesado do Brasil, registrando, aos 42 meses, 1.450kg. Tal trabalho lhe conferiu a condição de Melhor Expositor e Melhor Criador de Marchigiana da década de 90. Vale ainda destacar que Dellamuta é o único criador de Marchigiana do mundo que conseguiu fazer a variedade mocha da raça. Os produtos foram obtidos através de cruzamentos a partir de uma fêmea 7/8 Marchigiana com Nelore Mocho. Hoje, passados dez anos, a tamoio possui vários animais PO mochos.

Na exploração das raças puras, a fazenda Tamoio se destaca pela forte comercialização de touros, principalmente da raça italiana. “O fato de meu estoque de tourinhos estar sempre baixo ou mesmo zerado é conseqüência de muito trabalho e investimento na formação de uma marca sólida, que espelhe qualidade e eficiência para o mercado”, ressalta Dellamuta. Para ele, esta é uma recompensa gratificante que mantém o estímulo ao trabalho e o negócio no azul. O pecuarista explica que a marca é o grande diferencial, já que boa parte dos rebanhos dispõe de genética bastante similar.

O principal mercado para os reprodutores da Tamoio está na região Nordeste, em especial nos Estados de Sergipe, Pernambuco e Maranhão. Mesmo com a certa retração observada na comercialização das raças européias, nos últimos meses, Dellamuta é enfático ao afirmar que “não dá para reclamar. Como em qualquer negócio, estamos sujeitos a altas e baixas do mercado, que são inevitáveis e que, por isso, precisam somente ser bem administradas”. Em média, seus touros estão deixando a casa por valores entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil. Também os garrotes apresentam boa liquidez. Aos 15 meses são comercializados pela base de R$ 3,5 mil.

O outro bom produto da Tamoio, propriedade que fica no município de Capão Bonito/SP, é o bezerro 1/2 sangue Nelore com Marchigiana ou, em menor oferta, Nelore com Limousine, comercializado para engorda. Estes animais cruzados, vendidos entre 8 e 10 meses (após a desmama) recebem cotação per capita entre R$ 450 e R$ 500. Normalmente, ficam para terminação no Estado de São Paulo. Dellamuta percebe certa predileção pelos cruzados Marchigiana, que saem da fazenda mais pesados e alcançam período de abate rendendo de uma a duas arrobas a mais de carne.

Além do bom trabalho desenvolvido dentro da fazenda, Dellamuta também explica o bom desempenho do Marchigiana pelo salto genético que os criadores da raça promoveram nos últimos anos, basicamente utilizando somente sêmen de campeões italianos. O reconhecimento, segundo ele, não é somente nacional, onde se observa um crescimento no número de selecionadores da raça; mas também internacional. Dellamuta relata que ouviu de juízes italianos que estiveram no Brasil avaliações que refletem a paridade de qualidade do gado entre os dois países.

O trabalho na fazenda

A Tamoio possui 520 alqueires de terras, divididos em 50 piquetes de braquiária decumens, humedícula e estrela africana roxa. O pastejo rotacionado é o sistema utilizado para a ocupação das pastagens. Boa parte da fazenda recebe adubação anualmente, porém as reformas profundas ocorrem, em média, a cada seis anos de trabalho. A Tamoio ainda dispõe de áreas de cultivo de milho, responsáveis pela produção de 1,5 mil toneladas de silagem/ano. O produto destina-se a alimentação de gado puro, principalmente no inverno, por ocasião da seca. Embora a fazenda possua fábrica de ração, somente o gado de pista conta com os grãos.

Até a desmama, os bezerros puros dispõem de creep feeding, com feno de alfafa e ração balanceada para a faixa etária (tudo de produção própria). Nesta dieta, permanecem até o período da desmama, que acontece aos sete meses de idade. A partir daí, os bezerros entram no manejo normal da fazenda, resumidamente, pasto de boa qualidade, mineralização e silagem de milho. Já a vacada Nelore de campo e suas respectivas crias só dispõem de pasto e mineralização, ao longo de todo o ano. Socorro alimentar, mesmo, só vem para aquelas fêmeas que apresentarem escore corporal muito baixo. Dellamuta é mais um pecuarista que defende a rusticidade do gado como uma das importantes aliadas do produtor, no dia-a-dia da fazenda.

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