Política

Sêmen – espaço para crescer

As empresas de inseminação artificial apontam boa comercialização de sêmen no ano e reforçam as expectativas para curto e médio prazo.

O mercado de sêmen no país e a Alta Genetics do Brasil encerram o ano muito bem”, garante Heverardo Rezende Carvalho, diretor da empresa. em 2000, a Alta Genetics do Brasil comercializou 754 mil doses de sêmen, total que, neste ano, deve alcançar 1 milhão, excluídas as doses de prestação de serviço. O recuo do valor do dólar pouco interferiu, já que as empresas no mercado brasileiro não haviam aumentado os preços conforme a moeda norte-americana.

Apesar de o relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) ser divulgado apenas no início do próximo ano, Carvalho não hesita em apontar alguns fatores que levaram o mercado a bons resultados. Contrariando a reação inicial, o embargo do Canadá à carne brasileira terminou por valorizar o produto, já que aquele país foi obrigado a reconhecer a qualidade apresentada. A isso podem ser somados os aparecimentos de casos da doença vaca louca e a incidência de aftosa, ambas em países da União Européia.

Em relação à empresa, ele explica que, até outubro deste ano, o índice de crescimento na comercialização de sêmen para animais de corte e de leite mostrou-se animador. Mais: apesar de problemas no setor leite, o crescimento das vendas de sêmen aumentou 23%. E a expectativa é de fechar o ano com margens maiores. Já a evolução das vendas de sêmen para corte saltou 40%, índice bem acima do registrado pelo mercado nacional, cujas médias oscilam entre 10% e 12%.

Na opinião dele, o desempenho das vendas pode ser explicado por algumas das estratégias adotadas pela empresa, como o treinamento de 200 técnicos e o lançamento do sistema Frisch, além da contratação de touros dos Estados Unidos e de touros Nelore, campeões e reservados mais os trabalhos de progênies realizados em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Ele acredita no mercado receptivo, com crescimento de 7%, enquanto a média do ano passado não superou 3,6%. Lembra a expectativa em relação à estação de monta, que teve o apoio das chuvas, ao contrário da seca dos anos anteriores. Animado Carvalho conta que a empresa espera crescimento de vendas de 33% para este ano. As perspectivas mostram-se positivas, já que “quem quer permanecer no mercado, precisa de tecnologia para garantir maior produção e custo menor”, garante.

A opinião otimista para o mercado no próximo ano é partilhada por Maurício José de Lima, gerente de marketing da Lagoa da Serra. A empresa espera ampliar a venda de sêmen. O ano passado registrou a comercialização de 1,240 milhão de doses, entre leite e corte. Para 2001, a estimativa é de 1,430 milhão de doses. Portanto, o crescimento em torno de 14%. Desde a década de 90, as vendas da empresa crescem em torno de 10% ao ano. Essa evolução é creditada ao treinamento e reciclagem de técnicos.

Ainda nessa linha de trabalho, a Lagoa da Serra firmou parceria com o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema agroindustrial (Pensa), grupo de estudos da Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, coordenado por Marcos Fava Neves. O trabalho tem como objetivo a análise de tendências de mercado, crescimento e ações adotadas pela empresa. Como parte desse trabalho, criou-se o conselho Consultivo, formado por produtores experientes da pecuária nacional, nove deles em corte e oito em leite.

Dessa forma, a empresa e o conselho Consultivo analisam as decisões estratégicas da central – em serviços investimentos e projetos. Em uma reunião anual representantes da empresa apresentam planos e procuram validar iniciativas junto ao Conselho.

Colabora também para o fortalecimento do mercado, a procura por sêmen de animais Nelore e Nelore Mocho, como conseqüência do interesse por carne orgânica ou carne verde. Neste ano, a venda de sêmen para a raça deve atingir 390 mil doses, 30% a mais do que o ano passado. Lima lembra também os bons resultados da crise com o Canadá e a incidência da vaca louca na Europa. O cenário revela-se mais animadora com a boa perspectiva para a estação de monta deste ano.

Lima garante que a reutilização dos estoques de sêmen, ocorrida em 2000, em função da tardia estação de monta, terminou em botijões desabastecidos. Resultado: 2001 e o próximo ano devem mostrar vendas otimistas, especialmente o setor de corte, pois o “Brasil tem amplas condições de atuar como fornecedor de carne para o mundo”. O mesmo não acontece com o setor de leite, que ainda mostra baixo índice de inseminação artificial. Entre os seis milhões de doses comercializadas no Brasil, apenas um terço é direcionado ao gado de leite. Na opinião dele, há muito espaço para crescer, já que “somente 8% do plantel leiteiro são inseminados e 5% do plantel de corte”.

Luiz Fernando H. Sampaio, supervisor de marketing do produto leite Lagoa da Serra, aposta no crescimento da inseminação artificial no setor leite. E justifica a expectativa, pois “investir em tecnologia é a única solução para o produtor que pretende permanecer no mercado”. Para ele, o crescimento vertical, ou seja, aumentar a produção por animal, é a saída correta. Exatamente o contrário do crescimento horizontal, traduzido pela compra de animais.

Baseado nos resultados deste ano, que se mostraram animadores apesar da crise enfrentada pelo leite e somaram 400 mil doses vendidas, das quais 340 mil para a raça holandesa e 60 mil para as demais ele espera mais em 2002. No ano passado, por exemplo, foram comercializadas 360 mil doses, entre 310 mil para holandesa e 50 mil para outras raças de leite.

Já a estação de monta para o rebanho de leite não gera expectativa. O mercado revela-se desaquecido, em razão da queda do preço do leite em junho deste ano. “Espera-se retomada de preço ao produtor em janeiro do próximo ano”, afirma. “Na verdade, eu gostaria de acreditar na estabilidade de preços pagos ao produtor no próximo ano”.

Eros Milanez, diretor comercial da Central de Inseminação Artificial Yakult, partilha do consenso sobre o crescimento do mercado de sêmen para corte e leite, “apesar do preço abaixo do esperado no setor leite”. Na opinião dele, o mercado deve crescer entre 12%, já que registra maior em busca de tecnologia para o rebanho. Auxilia também o investimento no chamado boi verde e a ascensão do Nelore.

Neste ano, a empresa deve apontar aumento de 32% em relação ao ano passado, com 12% do marketshare. em 2000, por exemplo, a comercialização da Yakult em doses de sêmen para corte e leite ocupou 9,5% do mercado. Para ele, o crescimento das vendas resulta da abertura de novas áreas, como o Centro-Oeste, mais o aumento de suporte ao produtor, o que se traduz por vendas orientadas, conforme área, raça e região do país.

O programa de teste de progênie das raças Nelore, Tabapuã, Limousin e blonde dÁquitaine firmado entre o Yakult e a Embrapa e o Instituto de Zootecnia também motiva a comercialização. A estação de monta completa o cenário positivo.

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