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Expointer – a edição da paz

O gesto do Presidente da Federação da Agricultura do rio Grande do Sul, Fasul, Carlos Spertto, de soltar uma pomba branca ao final do encerramento da cerimônia de abertura oficial da 24º Expointer, uma das principais feiras agropecuárias do país, foi interpretado por muitos como um ato de concretização do clima que reinou durante todo o tempo, dentro do parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Normalmente marcado pela polêmica fato mais acirrado nos últimos dois anos, a Expointer 2001 conseguiu superar a edição anterior em número de expositores, comercialização e público, atingindo o seu principal objetivo de ser uma feira que reúne todo o agronegócio gaúcho e brasileiro, dentro de um evento especializado.

É bom recordar que nada foi fácil para a concretização desta edição. Ameaçada de não acontecer, devido ao ressurgimento de focos de aftosa em municípios fronteiriços ao Uruguai, precisou brigar muito com os órgãos de defesa sanitária do Ministério, e trabalhar bastante para convencer os produtores para que viessem. A maioria estava receosa de que as vendas fossem fracas uma vez que na condição sanitária em que o Rio Grande do Sul se encontra, não pode enviar animais para fora do estado. “Isto representa uma queda de 30% na comercialização da feira”, lembra Marcelo Silva, Presidente do Sindicato das empresas Leiloeiras do RS.

Mas o que se viu foi um resultado acima das expectativas da grande maioria. Mesmo com um número menor de animais presentes, em relação ao ano passado, cerca de 5.307, a comercialização de animais durante a Expointer 2001 superou o volume de vendas dos últimos anos, totalizando R$ 2.377.780. Foram vendidos 1.357 animais, que alcançaram preços médios de R$ 1.752. Este número aumenta para R$ 2.912 se forem excluídas as vendas dos pequenos animais, que possuem valor agregado bem menor. Em 2000, foram comercializados 1.467 animais, ao valor médio de R$ 1.440 por unidade. Este ano foram comercializados 551 pequenos animais (aves, pássaros e coelhos), contabilizando R$ 30.290. As vendas para fora do Estado representaram 8% do volume de animais negociados e equivalente a 17% do valo comercializado pela Feira.

Repetindo a edição passada as raças Aberdeen Angus, Limousin e Texel foram as que se destacaram em termos de resultados financeiros. O crescimento em animais vendidos e em receita, porém, não foi na regra na edição deste ano. A maioria dos criadores de raças venderam menos e reduziram a movimentação. Segundo o levantamento final dos criadores de Angus adquiriram 37 animais de elite por R$ 358 mil, contra R$ 271 mil por 32 exemplares em 2000. Foram vendidos ainda 35 rústicos por R$ 81,6 mil. A raça teve o maior número de embriões comercializados e ficou com o segundo maior preço da feira, R$ 42 mil pelo touro grande campeão, vendido pela Cabanha Reconquista Itapevi, de Alegrete, RS.

Já o faturamento cresceu de R$ 197,8 mil no ano passado para R$ 223,21 neste ano. É a segunda maior movimentação da feira, apesar da queda de 113 para 90 vendas. ainda assim, é a maior representação, seguida pelos bovinos leiteiros Jersey, com 73 animais contra 49 de 2000. Os investidores em Jersey gastaram um total de R$ 145 mil. Outra raça de bovinos de leite, a Holandês subiu de 21 para 32 animais vendidos, faturando R$ 75,7 mil.

O Limousin continua com o preço top da mostra. Nesta edição, a grande campeã Maragogipe Gemima TE foi arrematada por R$ 58,8 mil, para o criador paulista Carlos Magnani, em uma venda que teve o clima de ter sido previamente acertada. Entre os eqüinos, a raça mais valorizada continua sendo a Crioula, da qual os 12 exemplares vendidos em pista totalizaram R$ 120,02 mil.

Outro destaque ficou por conta da venda dos rústicos da raça Hereford e Braford. Os 11 touros Hereford foram fizeram a média de R4 3.257 mil sendo que o mais caro saiu por R$ 4.200 mil vendido por Roberto Collares, de Bagé. O comprador foi Carlos Alberto Macedo, de Quaraí. Já a raça Braford vendeu 40 animais com a média para as fêmeas ficando em R$ 1.106 mil e para os machos, R$ 5.528 mil. O total de remate ficou em R4 79,800 mil. O preço mais alto do Braford foi de R$ 5.040 mil vendido por Alfeu Fleck, de Alegrete.

Na avaliação do presidente do Sindiler, Marcelo Silva, os números deste ano refletem otimismo. “Tivemos uma comercialização praticamente igual ao ano passado com números bem menores, o que significa um incremento nas médias, 30% superiores a 2000”, estimou. Eduardo Knorr, da Knorr Remates, considera que a Expointer se superou este ano.

“Além da aftosa, as pessoas estavam temerosas em investir, por causa da indefinição com os corredores sanitários”, ressalta. Ele lembra ainda a importância do anúncio do ministro da Agricultura Pratini de Moraes de que, cumprida as normas da Oie, os mercados externos e internos estarão liberados.

O secretário da agricultura José Hermeto Hoffmann disse, por sua vez que afirmando que todos os resultados contradizem àqueles que não acreditavam na possibilidade de superação dos gaúchos. “Com a mobilização do Governo do Estado, das associações de raças, das entidades de criadores e trabalhadores rurais, prefeituras e de todos aqueles que se somaram a nós na questão da vacinação, conseguimos realizar a feira, que se mostrou um sucesso”, disse Hoffmann.

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