Uma
prática essencial em todos os casos é a coleta
anual de amostras de solo para análises químicas
e monitoramento do nível de fertilidade do solo. Níveis
de fertilidade reduzidos indicam insuficiência do programa
de adubação adotado, podendo ser ausência
ou excesso de nutrientes. Ambas trarão resultados abaixo
do esperado e diminuirão o potencial das demais práticas
agrícolas adotadas pelo produtor, como: sementes melhoradas,
controle de mato, de pragas e doenças, entre outros.
Se o teor dos nutrientes no solo estiverem em uma faixa considerada
muito alto, a adubação pode estar
sendo superdimensionada. Isso não implica em acréscimos
adicionais na produtividade e os nutrientes em excesso podem
ser eliminados por lixiviação (dissolução
da substância pela água), pelo consumo de luxo
pelas plantas ou por erosão.
A cultura depende de um bom desenvolvimento radicular das plantas,
já que o feijoeiro tem um ciclo relativamente curto e,
para que a produção seja satisfatória,
é necessária a absorção de grandes
quantidades de nutrientes em um intervalo de tempo relativamente
curto. Para isso, é fundamental um manejo adequado de
solo para garantir boas condições para o desenvolvimento
do sistema radicular.Nutrientes
Para a produção de 3 t/ha de grãos em uma
cultura de feijão, por exemplo, serão extraídos
do solo quase 290 kg/ha de N, 55 kg/ha de P2O5 e 250 kg/ha de
K2O no pico do desenvolvimento vegetativo da planta, aos cerca
de 70 dias do ciclo. Embora o consumo pelos grãos seja
menor, também é uma quantidade considerável
de nutrientes - quase 110 kg/ha de N, 20 kg/ha de P2O5 e 50
kg/ha de K2O, que precisam ser repostos no solo para que sua
fertilidade não seja comprometida ao longo prazo.
A conclusão do trabalho de pesquisa conduzido pelo pesquisador
da Embrapa Arroz e Feijão, Nand Kumar Fageria, especialista
em solo, diz: Os resultados deste estudo mostram que os
índices de acidez do solo adequado (ou seja, pH e base,
Ca, Mg, K e saturação) podem melhorar significativamente
a produtividade do feijoeiro. Quando o pH do solo é de
cerca de 6,5, saturação por bases é de
cerca de 67%, saturação de Ca é cerca de
48%, saturação de Mg é de cerca de 19%,
K tem a saturação em torno de 3%,e Al é
totalmente neutralizado, apresenta-se um nível de rendimento
de cerca de 3200 kg/ha que pode ser alcançado.
Assim como já foi dito, essa não é uma
fórmula única que pode ser aplicada em todas as
regiões, épocas e cultivares, mas que mostra uma
base em que o produtor terá variáveis para ajustar
ao cenário próprio.Nitrogênio
alternativo
A inoculação de bactérias do grupo dos
rizóbios, que fixam o nitrogênio atmosférico
e fornecem-no à planta, é uma alternativa que
pode substituir, em menor grau, a adubação nitrogenada.
A cultura do feijoeiro pode se beneficiar do processo da fixação
biológica de nitrogênio (FBN) alcançando
níveis de produtividade de até 2.500 kg/ha.
Durante um bom tempo, o inoculante brasileiro foi produzido
utilizando-se bactérias que eram obtidas no exterior.
Depois de estudos, percebeu-se que as bactérias são
impróprias aos solos tropicais. Atualmente, o inoculante
comercial para o feijoeiro no Brasil é produzido com
uma espécie de rizóbio adaptada aos solos tropicais,
o Rhizobium tropici, resistente a altas temperaturas, acidez
do solo e em condições de cultivo favoráveis
é capaz de formar a maioria dos nódulos da planta.
A eficiência da FBN, entretanto, depende das condições
fisiológicas da hospedeira que fornece a energia para
realização do processo.
Apesar de o feijoeiro ser uma planta com grande capacidade de
aproveitamento do nitrogênio disponível no solo,
a aplicação de adubos nitrogenados tende a afetar
negativamente este processo. Solos com maiores teores de matéria
orgânica, que liberam nitrogênio lentamente, podem
beneficiar a planta do feijoeiro sem reduzir a sua capacidade
de fixação.Micronutrientes
Os micronutrientes são fundamentais à medida em
que são aumentados os patamares de produtividade, especialmente
em solos cultivados há muito tempo. A análise
do solo é necessária para auxiliar na prevenção
da ausência. Há evidências do efeito positivo
da aplicação de zinco e boro e o feijoeiro parece
ser mais sensível ao boro nos cultivos de inverno. Boro
é o micronutriente que mais limita o desenvolvimento
da cultura do feijão, pontua o pesquisador da Embrapa
Arroz e Feijão, Nand Kumar Fageria, especialista em solo.
O molibdênio (Mo) é imprescindível para
a fixação simbiótica do nitrogênio,
bem como para o metabolismo desse nutriente nas plantas. Em
alguns solos já se conhece a deficiência do Mo
e dos efeitos bastante positivos de sua aplicação
no feijoeiro, que pode ser feita com a semente ou mesmo por
pulverização. São suficientes cerca de
80 gramas por ha de Mo, aplicados por aspersão foliar
de 14 a 35 dias após a emergência, para correção
de deficiências. Com o aumento do pH do solo, devido à
calagem, também se tem aumento da disponibilidade do
Mo do solo para as plantas.
Preparo do solo
No preparo convencional do solo, para a semeadura convencional
do feijoeiro, deve ser dado destaque às práticas
conservacionistas, de acordo com as propriedades físicas
do solo e a topografia do terreno, devido à ausência
de cobertura vegetal do solo em quantidade satisfatória.
É muito importante levantar o histórico
da área, em relação à quantidade
de palha residual da última cultura, incluindo a vegetação
espontânea no pousio, para definição da
utilização de arados e de grades, comenta
Elaine Bahia Wutke, pesquisadora do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC).
No sistema de semeadura direta SSD, que também
é considerado uma prática conservacionista, não
se tem revolvimento do solo, a não ser por meio de máquinas
para romper a camada de cobertura morta e distribuir os adubos
e as sementes em profundidade e maneira adequada, favorecendo
a germinação.
A rotação de culturas, além de ser uma
prática conservacionista importante, também é
adequada e auxilia no controle fitossanitário da cultura
de feijão, favorecendo a interrupção no
ciclo de pragas e doenças, além de preservar o
surgimento de populações infestantes adaptadas
à cultura. Recomenda-se evitar o cultivo sucessivo dessa
leguminosa alimentícia por mais de dois anos consecutivos
na mesma área, para controle da população
de fungos do solo.
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