Embrapa
desenvolve clones de café arábica que reduzirão
o tempo de desenvolvimento de cultivares pela metade. A novidade
estará disponível em escala comercial ainda
este ano. Nos últimos anos, a plantação
de café vem despertando um grande interesse nos agricultores,
não só devido aos bons preços que a saca
do café vêm alcançando no mercado, mas
também pelas modernas técnicas de cultivo, o
que possibilita a obtenção de uma produtividade
bem mais elevada. E em breve, mais uma novidade chegará
aos campos e, em especial, para os produtores de café
arábica, que poderão ser beneficiados com uma
tecnologia que será testada no campo, em 2010. Tradicionalmente,
a espécie Coffea arabica é comercialmente propagado
por sementes, mas
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essa realidade pode se modificar a partir desse ano, quando
serão distribuídas cerca de 500 mil mudas clonais
da espécie, produzidas em larga escala em uma biofábrica-piloto,
via embriogênese somática (um dos métodos
utilizados na cultura de tecidos de plantas, a qual envolve
o processo de desenvolvimento de embriões a partir
de células somáticas). O objetivo inicial é
validar a tecnologia e avaliar o comportamento dos clones
junto a produtores rurais de várias cooperativas de
Minas Gerais.
Com a iniciativa da Embrapa Café, Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia Fundação Procafé,
por intermédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia
de Minas Gerais (Sectes), a pesquisa teve início há
12 anos, selecionando, por meio da propagação
vegetativa, plantas matrizes com características de
grande interesse agronômico. O desenvolvimento
de cultivares de Coffea arabica é um processo que costuma
demandar cerca de 30 anos, até que uma nova cultivar
chegue ao campo, explica o pesquisador da Embrapa Café,
Carlos Henrique Carvalho, um dos responsáveis pelo
estudo. Porém, esse tempo pode ser reduzido para
cerca de dez anos com a seleção de plantas matrizes
e produção de mudas clonais por embriogênese
somática. Essa técnica é considerada
a alternativa mais adequada para a multiplicação
de plantas híbridas em larga escala. A produção
em pequena escala para avaliação experimental
de plantas matrizes já é dominada pelas instituições
participantes do projeto, argumenta o pesquisador.
Em caráter experimental, a propagação
por embriogênese somática já foi testada
com sucesso para a multiplicação de híbridos
F1 em alguns países da América Central. Plantas
obtidas por este processo apresentam comportamento semelhante
ao de plantas oriundas de sementes, não havendo limitação
para a sua utilização. A Fundação
de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), por demanda
levantada pelo Polo de Excelência do Café (PEC/Café),
é uma das instituições que apóiam
financeiramente o projeto, além da Fundação
Procafé, CNPq e Consórcio Brasileiro de Pesquisa
e Desenvolvimento do Café.
Vantagens
para o bolso
Além de acelerar o processo de produção,
o pesquisador da Embrapa, Carlos Carvalho aponta que há
vários benefícios com a propagação
vegetativa, entre elas, estão a possibilidade de produzir
mudas de plantas matrizes com características de grande
interesse e que dificilmente seriam reunidas em uma cultivar
propagada por sementes, a resistência à nematóide,
ao bicho-mineiro (que provoca perdas significativas na lavoura,
entre 20 a 30%) e à ferrugem do cafeeiro (Hemileia
vastatrix) que merece real atenção. Tal doença
pode causar prejuízos de até 50% da produção.
Além de trazer boa qualidade de bebida e alta produtividade,
o que desejo de muitos produtores. A resistência
incorporada neste material evitaria o controle químico
que onera o custo de produção e representa risco
à saúde e ao meio ambiente, acrescenta
Carvalho.
O programa de melhoramento genético do café
trabalha para o desenvolvimento de cultivares que aliem resistências,
qualidade superior de bebida e elevada produtividade, principalmente
para as regiões ideais para a cultura, que hoje se
estendeu por todo o País, se firmando nos Estados de
São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito
Santo, Bahia e Rondônia. Porém, a fixação
destas características é difícil, havendo
ainda grande segregação para resistência
ao bicho-mineiro e produtividade pouco uniforme. Para que
este material chegue ao mercado pelo método tradicional,
estima-se um prazo de dez a 15 anos. Porém, a produção
de cultivares clonais a partir de plantas superiores permitirá
a liberação comercial em um curto espaço
de tempo. Até no final de 2010 e início de 2011,
já se esperam as primeiras plantas, diz o pesquisador.
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