Em
2009, as instituições financeiras cumpriram
a promessa e ofertaram crédito ao produtor rural. Em
2010, a tendência é reforçar o caixa do
agricultor perante ao cenário favorável.
Em
2008, em meio a turbilhão da crise financeira, especialistas
econômicos apontavam que aquela situação
teria pouco impacto sobre o agronegócio brasileiro.
Reforçando a tese, muitas instituições
financeiras afirmavam que garantiriam o crédito aos
produtores rurais e a renegociação de suas dívidas.
Naquela ocasião (dezembro de 2008), os bancos apostavam
que o País sobressairia da crise financeira, que abalava
o mercado norte-americano. Doze meses depois, as previsões
e as promessas se cumpriram? Para o vice-presidente de Agronegócios
do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes, a resposta
é sim. No auge da crise, um conjunto
de medidas foi adotado pelo governo com o intuito de manter
o crédito aos produtores. Em 2009, ele disponibilizou
10 bilhões para financiar a agricultura, conta
Guedes. O governo ainda criou uma linha de crédito
de 5 bilhões para agroindústria, no ano passado.
Diante da situação, o Banco do Brasil não
se retraiu, ao contrário, antecipamos os recursos e
linhas de crédito ao agricultor. Com isto, houve um
crescimento de até 30% ao Plano Safra (julho de 2008
a julho de 2009), conclui.
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Os
desembolsos realizados pelo Banco do Brasil na safra 2009/2010
superaram R$ 15 bilhões, compreendendo o período
de julho a outubro. O valor representou um incremento de 28%
em relação aos recursos liberados no mesmo período
da safra anterior. Desde o início do atual Plano Safra
foram aplicados mais de R$ 3,4 bilhões na agricultura
familiar e R$ 11,6 bilhões na agricultura empresarial,
um crescimento de 36% e 26%, respectivamente, em relação
ao mesmo período da safra 2008/2009. Dos R$ 15 bilhões
desembolsados, R$ 11 bilhões foram destinados às
operações de custeio, representando mais de
73% do total de recursos liberados. Para a agricultura empresarial
foram destinados R$ 8,8 bilhões em operações
de custeio, crescimento superior a 22% em comparação
ao mesmo período da safra anterior. As operações
de investimento e de comercialização apresentaram
o desembolso de R$ 854 milhões e de R$ 1,8 bilhão,
respectivamente. Na agricultura familiar, foram aplicados
R$ 1,3 bilhão em operações de investimento,
incremento de 217% em relação à safra
anterior, com destaque para o Programa Mais Alimentos,
que contratou 8,8 mil operações no valor total
de R$ 397 milhões. Para as operações
de custeio da agricultura familiar foram desembolsados R$
2,1 bilhões. Dentre os fatores que contribuíram
para o desempenho apurado, podemos destacar o aumento da oferta
de recursos na safra 2009/2010; a disponibilidade (desde primeiro
de julho) de normativos, sistemas e recursos para contratação
dos financiamentos da safra 2009/2010; a redução
dos custos de produção e a diminuição
do endividamento dos produtores, pontua Guedes.
E quando o assunto foi renegociação de dívidas
antigas por parte do produtor? Para o diretor de Gestão
de Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), José
Sydrião de Alencar Júnior, foram renegociadas
com os mini e pequenos produtores rurais 229.1525 operações
de crédito no valor de R$ 931,7 milhões. A
renegociação possibilitou a esses produtores
o recálculo do saldo das parcelas em atraso, concessão
de bônus previstos na lei, além de novos prazos
para pagamento de suas obrigações, diz.
Na opinião de Alencar Júnior, a crise provocada
pelos títulos sub prime americanos repercutiu sobre
o setor bancário brasileiro, de uma maneira geral,
na forma de uma retração na oferta de crédito
dos bancos privados, como um mecanismo de precaução,
mas isto não ocorreu nos bancos públicos. Com
isso, nas instituições públicas não
houve uma redução de pedidos de crédito
pelo produtor em 2009, pelo contrário, tivemos um aumento
significativo. Até outubro de 2009 já foram
contratadas 281.965 operações de financiamento
rural, envolvendo recursos da ordem de R$ 2,9 bilhões,
dos quais R$ 632 milhões se destinaram aos agricultores
familiares. O Banco tem aumentado a disponibilidade de recursos
para atender às demandas por crédito agropecuário,
inclusive por meio de novos programas como o Pronaf
Mais Alimentos, argumenta Junior.
Segundo ele, durante a crise as atividades agropecuárias
sobressaíram também uma vez que o governo manteve
as políticas que já vinha sendo implementadas,
como os Planos-Safras e o apoio à agricultura familiar.
Para as atividades agropecuárias, o governo não
adotou medidas especiais, como foi o caso da redução
dos impostos dos veículos e dos eletrodomésticos
da linha branca. Uma política recente foi o Programa
de Aquisição de Alimentos, que permite aos municípios
adquirir localmente um percentual dos alimentos da merenda
escolar, o que ajuda a dar vazão a produção
da agricultura familiar. A criação desse programa,
entretanto, não pode ser atribuída à
crise, pois fez parte de um planejamento maior e mais estruturado
de apoio à agricultura familiar, conta.
Crédito
Privado
Os bons resultados obtidos em anos anteriores (e diga-se de
passagem, mesmo perante a crise financeira), fizeram com que
algumas instituições privadas resolvessem fortalecer
o vínculo com o produtor rural e desmentir a ideia
de retração perante a situação
vivenciada no início de 2009. E na disputa pela preferência
do produtor, o Banco Bradesco quer continuar fazendo jus ao
status de maior repassador privado de crédito rural.
Nós especificamente temos presença forte
em todos os municípios brasileiros. As fronteiras agrícolas
é a própria origem do banco, diz o diretor
de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Osmar
Roncolato.
Em 2009, aponta ele, a grande mudança positiva foi
o incentivo ao crédito rural. Devido às
operações do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) durante o período
da crise, a indústria continuou produzindo. Com isto,
o governo alinhou novas normas que foram dadas à possibilidade
de nós oferecermos crédito ao produtor,
frisa. Acreditamos que ainda haverá um crescimento
de 10% de crédito rural, devido ao conjunto da própria
formação da política agrícola,
o que favorece o homem no campo, argumenta.
Outra instituição que está se consolidando
entre os seus clientes rurais é o Grupo Santander Brasil.
Independentemente do cenário, sempre acompanhamos
os produtores rurais, pois o apoio ao agronegócio faz
parte da história da instituição. Por
isso, oferecemos a eles mais do que crédito, ou seja,
uma completa consultoria financeira, para que ele mantenha
os seus negócios sustentáveis independentemente
da conjuntura econômica e das dificuldades inerentes
do setor, como foi o ano passado, diz o superintendente
de Agronegócios do Banco Santander, Walmir Segatto.
Para o superintendente, o ano passado deixou marcas na agricultura,
por causa de um item: o alto custo de produção.
Mas, por outro lado algumas ações foram
positivas, como a queda de produção que fez
com que algumas commodities melhorassem no preço e
a renegociação do produtor. Foi a época
marcada por uma margem de pouco dinheiro e muita renegociação.
Por outro aspecto, os produtores estão aprendendo a
se planejarem antecipadamente, se organizarem e utilizar as
ferramentas certas para administrar bem o seu trabalho, a
sua fonte de renda, pontua.
Em
2010 o Banco do Nordeste destinará, para o exercício
de 2010, a quantia de R$ 1,4 bilhões para a agricultura
familiar e R$ 2,0 bilhões para pequenos, médios
e grandes produtores rurais. Outra ação importante
do Banco, que pretende continuar neste ano, tem sido a campanha
para aumentar a aplicação em financiamentos
de custeio agropecuário para a agricultura familiar.
O
Banco do Brasil prevê para este ano boas perspectivas
para o agronegócio que serão favoráveis
devido ao mercado mundial. A única questão apontada
é quanto ao câmbio. Se o real se valorizar
mais que o dólar, o saldo final pode ser comprometedor
e negativo, diz o vice-presidente de Agronegócios
do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes.
Após
a crise, o mercado apresenta um cenário favorável
a praticamente todas as commodities, com boas perspectivas
de resultado, seja em função de aumento de produtividade,
seja em relação a preço ou aumento de
demanda. Esta conjuntura sinaliza um grande momento para investimentos,
que aliado ao nosso conhecimento do mercado e do cliente,
nos capacita a oferecer bons negócios para 2010,
conclui o superintendente de Agronegócios do Banco
Santander, Walmir Segatto.
A
concessão de crédito deve continuar crescendo
e o Bradesco está preparado para um mercado que deve
crescer 10% este ano. Até o final de setembro de 2009,
a carteira de crédito do banco estava em R$ 8,7 bilhões,
o que representou um incremento importante em doze meses,
afirma o diretor de empréstimos e financiamentos do
Bradesco, Osmar Roncolato. 1
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