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SOJA - FERRUGEM À VISTA:
rev 141 - novembro 2009

Primeiros focos da doença foram identificados dois meses antes, em comparação com a safra anterior. O Fenômeno “El Nino” deve agravar a proliferação até o final do ano. A ferrugem asiática passou a ser a principal inimiga do sojicultor com a chegada do fungo P. pachyrhizi, causador da doença, na safra 2000/2001. Durante a safra seguinte, as estimativas mostraram que as perdas nas lavouras com a incidência da ferrugem chegaram a 125,5 milhões de dólares, segundo dados da Embrapa Soja (Londrina-PR). Para a safra atual, os agricultores devem ficar em alerta já que o primeiro foco da doença foi encontrado em 21 de setembro, na região de Ponta Porã (MS).

Quatro dias depois, o Consórcio Antiferrugem (uma rede de combate à doença, que tem o Ministério da Agricultura, como coordenador e, vários segmentos da cadeia produtiva da soja) encontrou outros oito focos em Formoso do Araguaia, em Lagoa da Confusão (TO) e um foco no município de São Miguel do Araguaia (GO), regiões de várzea onde é permitido o cultivo de soja na entressafra para produção de sementes, plantio de material genético ou para realização de pesquisa científica.
Atualmente, já foram identificados 16 focos da doença no País, localizados nos Estados de Mato Grosso do Sul, Tocantins, Paraná e Goiás. Com isso, os especialistas sugerem que sojicultores redobrem a atenção nesta safra em comparação a anterior, quando o primeiro foco só foi encontrado em 18 de novembro, dois meses mais tarde.
Segundo o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja, faltou cuidado dos produtores com a soja guaxa (variedade que germina a partir de grãos perdidos na colheita e derrubados pelos caminhões na beira de estradas), que deveriam ser retirados, para não deixar hospedeiros para o fungo. De acordo com o pesquisador, essas plantas infectadas com ferrugem representam uma fonte importante de inóculo para disseminar a doença na safra 2009/10.
Além deste ponto, o pesquisador Rafael Soares, também da Embrapa Soja, alerta para o fenômeno “El Nino”, que será o responsável pelo alto número de chuvas nos últimos meses do ano, oferecendo condições favoráveis para a proliferação do fungo nas lavouras brasileiras. Além de trazer boas condições, as chuvas são responsáveis pelo plantio tardio em diversas regiões.

Unindo dois problemas

Com os focos precoces e o alto nível pluviométrico no final do ano, os sojicultores deverão encontrar mais incidência de ferrugem do que nas safras anteriores, mas isto não significa que o problema trará prejuízos drásticos. Para Soares, o sojicultor já tem experiência com o manejo da lavoura em relação ao controle da doença, além de contar com produtos eficientes e específicos para o Brasil. “Mas não é porque o produtor sabe que terá alguns focos que ele deve se desesperar e começar a usar fungicida precocemente”, ressalta o pesquisador.
Na Fazenda Búfalo, em Nova Ubiratãn (MT), a lavoura da soja está sendo plantada desde o dia 10 de outubro e só deve terminar em 25 de novembro. São 29 mil hectares (ha) de soja na safra atual, dois ha a mais que no ano passado, quando a lavoura teve prejuízo na ordem de 1,5% decorrente da ação da ferrugem asiática. Para esse ano, o gerente da fazenda, José Roberto Richert Machry, espera não ter nenhum prejuízo com o fungo. “Ano passado tivemos uma pequena perda, mas nesse ano faremos aplicação preventiva de fungicida em torno dos 45 dias, e imaginamos zerar o problema nesta safra”, explica.
Para o gerente de projetos Kenji Utsumi, da DuPont – empresa que atua na área de pesquisa e desenvolvimento de defensivos agrícolas – a melhor maneira de controlar o fungo é utilizando o fungicida assim que aparece os primeiros botões florais, visando atingir toda a planta. “Se o produtor demorar mais um pouco para fazer a aplicação, os botões começam a sair e se tornam guarda-chuvas, impedindo que a parte de baixo da planta receba o produto, e assim, deixando-a sem proteção”, explica. Após a primeira aplicação, recomenda-se que seja realizada a segunda entre 14 e 25 dias, dependendo da incidência da doença.
Na última safra, o Estado do Paraná teve o maior número de focos identificados pelos meios de controle, como o Consórcio de Ferrugem, mas segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Rafael Soares, isso se deve ao maior números de institutos de controle localizados no Estado em relação aos demais. Na safra 2008/2009, foram identificados 2.884 focos em todo o Brasil, sendo 1.582 (54,5%) apenas no Paraná. O segundo Estado em quantidade de focos registrados foi a Bahia, com 277 (9,5%).
Apesar da precoce identificação da ferrugem, o mês em que os produtores são mais afetados pelo problema é fevereiro, quando a planta já está desenvolvida. Com o clima quente e úmido, o fungo se prolifera, necessitando maior atenção do produtor
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