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AGRISHOW 2009 - A CRISE MELOU
rev 135 - maio 2009

Sem as grandes montadoras de máquinas, pouco público e uma renda de negócios baixa, a 16ª edição de uma das feiras mais importantes para o País teve de amargar a síndrome de um mundo em recessão. Dos 775 expositores esperados inicialmente, a Agrishow 2009, fechou com 725, numa área 240 mil m². E o público visitante, desavisado, que só apareceu em peso nos últimos dias da feira, ainda procurava, em vão, pelas grandes montadoras de máquinas agrícolas, que deixaram de participar neste ano em função da crise. Fato que fortaleceu, de certa forma, os negócios das pequenas montadoras e o desempenho no setor de implementos agrícolas.

Programas como o Mais Alimentos, do governo federal, e o Pró-Trator, do governo do estado de São Paulo, ajudaram a impulsionar os negócios. Esses dois programas funcionam como uma ferramenta de financiamento de máquinas, implementos e insumos agrícolas para os agricultores familiares.
A Tramontini tratores, que está inclusa no programa do Mais Alimentos, foi a que registrou os melhores resultados em relação ao Agrishow de 2008. De acordo com o gerente comercial da empresa, Júlio César Cercal, o índice foi 40% superior. Das máquinas levadas até Ribeirão Preto, nenhuma ficou para contar história – todas vendidas. “Sem a presença das grandes montadoras, tivemos a oportunidade de apresentar melhor o nosso produto e, com isso, fechar negócio”, declara.

Demonstrações de campo

Com o objetivo de apresentar as máquinas e implementos agrícolas em ação, seja no plantio, na colheita ou mesmo no trato com o solo, a feira organizou uma série de demonstrações tanto para produtores familiares como para industriais. As grandes vedetes não estavam – o que deu espaço, novamente, para as pequenas montadoras mostrarem a que vieram para a feira. O produtor de cana e água ardente, de Juruaia (MG), Ilton José Bueno, estava presente na apresentação de uma colhedora de cana. “Minha intenção é ver de perto o que tem de tecnologia aqui na feira e ver se eu consigo fechar negócio, e levar uma para eu usar na minha propriedade”, declara.
Já para o engenheiro agrônomo, Paulo Abreu, que representa uma empresa americana de pulverizadores e implementos agrícolas, essas demonstrações servem de referencial sobre como está o nível de tecnologia das empresas brasileiras. Há 10 anos, Abreu acompanha a Agrishow e defende a participação dos produtores nessas dinâmicas, para conferir o que há de lançamento, novas tecnologias, novos processos de preparo de solo, além de softwares que são usados pelo maquinário agrícola. “Ao longo de todos esses anos, uma das grandes coisas que tenho visto, com a adequação das feiras, é que os próprios fabricantes passaram a melhorar a qualidade de seus produtos, tanto na questão de acabamento de solda, como em termos de qualidade de pintura”, destaca.
Entre as práticas e dinâmicas apresentadas, os visitantes puderam conferir tecnologias voltadas para colheita, plantio mecanizado, preparo de solo, pulverização, entre outras técnicas direcionadas às culturas de cana-de-açúcar, feijão, milho e produção de pastagem.

Saldo negativo

O mundo em recessão e a situação do setor de máquinas brasileiro seriam mais do que suficientes para dizer que qualquer resultado na Agrishow seria ótimo. Nesse sentido foi aberta coletiva a jornalistas, no segundo dia do evento. A primeira notícia: o mercado de exportação de máquinas agrícolas fechou o primeiro trimestre do ano com uma queda 44% em relação ao mesmo período no ano passado. De acordo com a análise de Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a crise fez com que países estrangeiros reduzissem drasticamente os valores das máquinas agrícolas, produzidas por eles, o que prejudicou o Brasil no desempenho de vendas.
A segunda notícia, para fechar o saldo negativo brasileiro: a apresentação um estudo de 10 anos, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), no qual relacionava a taxa de investimento no setor industrial de máquinas. O Brasil ficou 1,8 ponto porcentual abaixo da média dos países da América Latina, com 16,9%. No mundo, a média ficou em 23,7%.
Em termos de vendas, o presidente da Abimaq acredita na recuperação gradual nos próximos meses. “Chegamos no fundo do poço em março, e a tendência é melhorar daqui para frente”, acredita. Já no setor da indústria, Aubert diz que está nas mãos do governo em melhores políticas para o setor, nos quesitos disponibilidade de crédito e, principalmente, tributação – o que onera a produção brasileira e a torna sem competitividade no mercado externo.


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