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OVINOCULTURA DE ALTA PERFORMANCE
rev 132 - fevereiro 2009

Alta produtividade na produção ovina canadense não é uma opção de cada produtor. É uma questão de permanência no negócio. As dificuldades que o clima impõe com oito meses de inverno rigoroso, de temperaturas abaixo de zero, exigem do criador um exaustivo trabalho na produção de alimento. Tanto para este período quanto para o do verão e primavera. A maioria dos animais é confinada. É raro encontrá-los soltos a campo.
A base da alimentação é de gramíneas de ciclo curto acrescido de alfafa, cevada e ração. O trabalho todo é feito pela família porque contratar mão de obra é muito caro. A média de tamanho de cada fazenda, é de 80 hectares conforme o Ministério da Agricultura de Ontário, no Canadá, é em torno de 80 hectares. Há produtores que trabalham em mais de uma fazenda, arrendando, mas no total não ficam maiores que 200 hectares.

A pecuária, e mais especificamente, a ovinocultura é uma importante atividade econômica na província de Ontário, província (estado) que fica no centro do País. Ao todo são cerca de 311 mil cabeças com uma diversidade bem grande de raças. Mas, segundo Cristoph Wand, supervisor regional do setor de ovinocultura do Ministério da Agricultura de Ontário, as mais criadas são: Rideau Arcott (uma raça canadense desenvolvida pelo Governo deste País), Dorset, Suffolk, Texel, Ile de France, Charolais, Border Leicester, entre outras. Já Brian Atkinson, diretor da Associação Canadense de Criadores de Ovinos, CSBA, afirma que o rebanho do País é composto por 850 mil animais e 52 raças com maior destaque para a produção de carne, mas tendo um bom rebanho laneiro, “cerca de 10% do total”, assegura.
Falando em lã a Cooperativa Canadense de Lã estima a produção anual do País, em torno de 1,5 milhão de kg. O gerente executivo, Eric Bjergso, diz que basicamente o rebanho canadense é composto pelas raças Corriedale, Rambouille e Targer. Eric afirma que cerca de 90% da produção é exportada e 10% fica no mercado interno. “A cotação atual para a lã fina é de US$ 2,00 a US$ 3,00 por kg, já os outros tipos o valor médio é de US$ 1,00 o kg.
A Ribbink Farm está localizada em Tiverton, a 250 km ao norte de Toronto, a capital da Província de Ontário. Seu principal negócio é a ovinocultura. Cria ovinos pedigree – raça Charolais – animais comerciais, (diversas raças ), além da venda de cordeiros para abate. Allan Ribbink é quem conduz os negócios e diz que por ano comercializa cerca de 8 mil ovinos e 6 mil cordeiros. A criação é feita em confinamento e isto só é possível porque ele produz toda a comida na fazenda. Tudo será colhido em forma de feno e guardado em local apropriado. Ajudado pela família ele administra 200 hectares, entre área própria e arrendada.
Uma vez ao dia Allan faz a limpeza e desinfecção do galpão de confinamento e coloca comida no cocho. Os cordeiros precisam chegar ao peso médio de 50 a 60 kg para tenham um rendimento de carcaça que garantam o lucro certo. Em termos de retorno o mercado de ovinos está pagando em média entre CAD$1.43 /kg  a CAD$ 1.70/kg para fêmeas e para cordeiros pro abate em torno de CAD$ 3,00 (mesma cotação do dólar americano).
Produtores Asssociados – Vincent Stutzki administra 100 hectares no vilarejo de Paisley, também em Ontário. Além disto, é gerente executivo de um grupo de 60 produtores que trabalham de forma associada na produção de cordeiros com o objetivo de colocação em mercados específicos, como o de imigrantes italianos, gregos, árabes e outros. Segundo ele a opção por atuar em grupo aconteceu porque sentiram que ficava mais fácil de negociar com os frigoríficos, na hora da venda, e também na compra de animais e insumos para a produção.
O grupo não trabalha com uma raça para todos. Cada um fez a sua opção. A obrigatoriedade é de entregar cordeiros, nos prazos determinados, com peso vivo entre 50 e 60 kg. “Para termos um bom rendimento”, afirma. Segundo Vincent, este sistema de associação também ajuda na questão de entrega de produto. Pode se criar uma escala de fornecimento de cordeiro para todo o ano. “Isto facilita o trabalho do produtor/fornecedor que já se programa com antecedência para ter os animais no momento certo”, ressalta o criador.
Vincent diz que o projeto já tem três anos e hoje trabalha com a idéia de promover troca de experiências entre os criadores e ter um sistema de assistência técnica para todos. “Buscamos um padrão genético e também sanitário, para atender à demanda crescente pela carne de cordeiro”, assinala o executivo. Conforme diz, com a produção que têm hoje, 300 cordeiros por semana, ainda não conseguem atender a todos os pedidos. “Mas vamos crescer e creio que em breve conseguiremos este objetivo”, afirma Vincent, complementando que hoje recebem cerca de $ 7 (dólares canadenses) por quilo vivo.

Nelson Moreira viajou a província de Ontário, Canadá, a convite do Agricultural Adaptation Council e o Ministério de Agricultura, Abastecimento e Assuntos Rurais de Ontário.


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