Os
pecuaristas que decidiram partir para um trabalho de seleção
da raça Red Angus tem a convicção plena
de que "ela é a bola da vez". Sem receio
de aproveitar - se modismo para disseminar o seu uso nos diversos
programas de cruzamento realizados por aí, eles apostam
firme na qualidade para garantir seu espaço definitivamente.
"Os resultados alcançados nos produtos 1/2 sangue
são nosso melhores cartão de visita". afirma
Luiz Eduardo Batalha, titular Chalet Agropecuária,
que, juntamente com mais oito criatórios, firmou recentemente
um contrato de franquia com Leachman Cattle Company. Nesse
projeto pioneiro, a Leachman um dos mais conceituados criatórios
de Red Angus do mundo se encarregará de transferir
para o Brasil 560 da sua genética, enviando a partir
de outubro embriões com o que o criatório norte
americano tem de melhor. Serão cerca de 9 mil embriões
vindos dos Estados Unidos ao longo de quatro anos. "
É, provavelmente, o maior negócio de gênero
já realizado", afirma Batalha, garantindo a qualidade
do material genético empregado em todo o projeto: "
Os Leachman estão colocando em nossas mãos 50
anos de seleção, e tem um enorme interesse no
resultado do trabalho, já que eles também são
sócios do projeto, uma característica dos negócios
da Leachman em todo o mundo". Para ratificar sua opinião,
Batalha cita o leilão realizado pela empresa norte
americana no primeiro semestre deste ano, quando, em três
dias, foram vendidos cerca de 2.500. " Os quatro maiores
preços do remate eram de animais oferecidos por criadores
franqueados pela Leachman, que vendem como convidados. O dono
da Chalet resume a filosofia do projeto que se inicia. "
Queremos criar uma marca forte para nossos animais e para
o produto final, que, respectivamente, seja para o pecuarista
sinônimo de eficiência produtiva e reprodutiva
e para a dona de casa, seja sinônimo de carne de boa
qualidade e a bom preço. Nisso, um bem elaborado trabalho
de marketing será fundamental", esclarece.
A médio prazo, o projeto engloba inclusive controle
total sobre a abate, corte e venda dos produtos com a marca
Red Beef. " Vamos colocar à disposição
do consumidor um produto diferenciado, mas que não
vai ter preços fora da realidade. O importante é
popularizarmos a boa carne para forçar todo o setor
a seguir o caminho da qualidade", afirma, sentenciando
aqueles que não estiverem preocupados em atender as
exigências deste novo mercado a perda de espaço
rapidamente. " Os produtores serão forçados
a se modernizar e os frigoríficos vão cobrar
esta postura deles. Quem ganha com tudo isso é o país".
O programa de disseminação da genética
Leachman pelo mundo conta com grande apoio do governo americano,
que ofereceu uma linha de financiamento especial para o projeto
no Brasil, com pagamento em três anos a juros de 7%
ao ano. Além disso, todos os animais nascidos da parceria
terão DEP feito pela Universidade do Colorado e registrado
nas associações de Red Angus dos dois países.
" Isso será de vital importância para garantirmos
a credibilidade do que estamos fazendo. A pecuária
vive de produção e produção se
mede em números. Não podemos admitir às
portas do terceiro milênio que ainda se escolha animais
melhoradores num rebanho apenas com p olho, utilizando fatores
muitas vezes subjetivos no julgamento". Para dar orientação
constante aos participantes, é prevista a vinda periódica
de técnicos para acompanhar o trabalho desenvolvido
aqui e também para identificar as melhores fêmeas
de cada criatório ( duas em cada cem nascidas) para
a Fêmeas serão inseminadas seguindo determinação
da Leachman e os produtos nascidos, que receberão uma
marca especial, terão seu valor de venda repartido
da seguinte forma: Fêmeas (1/3 para o franqueado - proprietário,
1/3 para a Leachman e 1/3 para cobrir custos de inseminação
etc); machos (1/2 para o sócio - proprietário
e 1/2 para a Leachman). No caso dos machos a Leachman fica
ainda com 5% do valor de venda de cada filho vendido até
o final de sua vida reprodutiva.
Um
Mercado sem igual
O
projeto com Red Angus não é único negócio
da Leachman Cattle Company no Brasil. Pioneira no chamado
bovino composto, ela também está desenvolvendo
em parceria com a CFM um trabalho com a raça Montana,
por ela desenvolvida nos Estados Unidos. A forma como a Leachman
vê o mercado Brasileiro se resume na frase de Lee Leachman,
filho de Jim Leachman e responsável pelos negócios
da empresa fora dos Estados Unidos: "O Brasil é
o futuro da carne no mundo". Para ele, o país
reúne condições de ambiente e criação
propícios à exploração plena do
potencial genético dos animais. Ele lembra que em Montana,
onde tem seu escritório, chove cerca 260mm/ano. "A
média do Brasil é 2.000mm/ano", compara.
Batalha lembra que o que falta realmente é melhorar
a qualidade genética do rebanho do Brasil. "Temos
tudo para ser o melhor produtor de alimentos para o mundo.
Basta colocar animais de padrão superior no rebanho
nativo, zebu ou azebuado. Se a campo, vai o Red Brangus; se
a cobertura tiver que ser a campo, vai o Red Brangus. O importante
é reduzir de forma rápida e significativa a
idade de abate no gado comercial, a idade de primeira cria
nas fêmeas e a idade de início de cobertura nos
machos. O tempo é cruel", afirma, contando que
cada dia a mais que o boi se mantém no posto representa
uma perda de US$1,20/cabeça. "A qualidade da carne
também tem que melhorar, num país onde o grosso
dos abates ainda acorre de forma clandestina", completa,
apontando o Red Angus e Red Brangus como os que oferecem as
características desejadas de forma mais satisfatória.
Confiante no sucesso da empreitada, o titular da Chalet mostra
na ponta do lápis o quanto o país está
carente de projetos como esse: " Consideremos um rebanho
de 40 milhões de fêmeas e um índice de
vacas inseminadas artificialmente no país ao redor
dos 4%. Tomando - se como média um touro para cada
25 matrizes teríamos a necessidade de aproximadamente
1,5 milhões de touros servindo. Com uma renovação
de rebanho de machos de 10% ao ano, precisamos, só
para renovação do plantel, 150 mil novos reprodutores
a cada ano. Nossa meta é colocar no mercado perto de
1.500 tourinhos por ano, ou seja, 15 da demanda atual".
Parceira da Chalet nas aquisições que fez durante
o leilão Leachman em Montana, a Lagoa da Serra também
faz parte do projeto, encarregando - se da venda de sêmen
de Red Angus com a marca Leachman por todo país. Além
disso, o zootecnista Fábio Dias, da Lagoa, passou a
ser responsável pelos negócios da Leachman no
Brasil. Entre as novidades que deverão surgir em breve
está o Leilão Leachman Chalet, que deve ser
realizado nos moldes do que acontece nos Estados Unidos.
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