Se
nos últimos dois anos a difusão em maior escala
da DEP (Diferença Esperada de Progênie) no setor
de corte tem se revelado uma tendência consolidada,
contribuindo para o ajuste de qualidade do rebanho nacional,
para a pecuária leiteira o serviço de controle
leiteiro é uma realidade que soma várias décadas,
buscando a excelência genética para o rebanho
leiteiro. Um e outro método de controle genético
buscam os mesmos fins, com a única diferença
de que o controle através da DEP ganha relevância
tardiamente, com o advento da padronização da
carne de acordo com qualidade dos animais. Portanto, controle
leiteiro nada mais é que a coleta de dados para teste
de progênie e melhoramento genético. Este controle
tem como finalidade a identificação de vacas
e rebanhos de excelência produtiva e reprodutiva, tendo
em vista o melhoramento do potencial produtivo da raça
leiteira. De modo generalizado, o serviço de controle
leiteiro ocorre no Brasil da seguinte maneira: ao solicitar
o serviço de controle leiteiro, o produtor recebe,
mês a mês, a visita de um controlador oficial
que, basicamente, realizará dois procedimentos: mensuração
do leite produzindo individualmente pelos animais no dia e
a coleta de amostra de leite, também individual, para
medição do volume de proteína e gordura,
e contagem das células somáticas. Considera
- se produção diária de uma vaca a quantidade
de leite e seus componentes produzidos no intervalo de 24
horas, delimitada por 3 ou4 ordenhas. Portanto, é a
partir de uma verificação mensal que se faz
a média diária de lactação, aferida
pelo cálculo de uma série e dados ( como quantidade
de leite obtida no controle anterior, intervalo em dias entre
a data do parto e a data do primeiro controle de lactação,
etc). Apesar de dispor dos serviços de controle leiteiro
da Associação Brasileira de Criadores (ABC)
há décadas, única entidade capacitada
a realizar o controle zootécnico em território
nacional, em 1984 a Associação Brasileira dos
Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH) passou
a aplicar individualmente o controle leiteiro, com autorização
do Ministério da Agricultura, medindo de modo unificado
a produção de rebanho Holandês no Brasil.
Inicialmente, o controle leiteiro da raça holandesa
se restringiu a somente quatro propriedades no Estado de São
Paulo, passando a 12 em 1986 e atingindo rapidamente 200 clientes
nos anos seguintes. Atualmente a entidade agrupa no Estado
de São Paulo 250 cliente, com uma estimativa de 12.500
a 13.00 animais controlados. O trabalho é feito através
dos 11 núcleos da entidade espalhada pelo estado. Cada
núcleo conta com 3 funcionários, envolvidos
diretamente na captação de dados. Em pouco mais
de 10 anos a adesão nacional ao controle leiteiro realizado
pela ABCBRH foi tão expressivo que apenas um número
muito reduzido de pecuaristas da raça continuaram utilizando
os serviços da Associação Brasileira
de Criadores. Segundo um levantamento aproximado, há
atualmente no Brasil de 48 a 50 mil animais da raça
holandesa controlados mensalmente, através dos núcleos
e entidades filiadas à raça em diversos estados.
Para Altamir Marques, chefe do serviço de controle
leiteiro da ABCBRH, esta adesão explica - se "
pela mudança da percepção comercial dos
pecuaristas, muito mais criteriosa, e por um trabalho de conscientização
desenvolvido pela Associação". Entretanto,
o fator preponderante "tem sido o rápido retorno
da Associação e seus filiados aos pecuaristas
e a prática de custos mais realistas". O controle
realizado pela ABCBRH não apenas ganhou fama nacional
como também conquistou o respeito de pecuaristas e
entidades de outras raças leiteiras. Hoje em dia, por
exemplo, o núcleo da raça holandesa no Ceará
está encarregado do controle leiteiro de rebanhos das
raças jersey e búfalo, Em muitos estados do
país são vários os rebanhos das raças
jersey e pardo - suíço que tem seu controle
leiteiro sob a coordenação da ABCBRH. Este controle
estende - se também à raça girolanda,
principalmente nos estados de Goiás, Minas Gerais,
e Espírito Santo. Com apenas um ano de trabalho, o
controle de outras raças leiteiras já contabiliza
cerca de 5 mil animais. Para Maria Giselda de Moraes, superintendente
técnicas da Associação Brasileira dos
Criadores de Jersey, "o trabalho desenvolvido pela ABCBRH
em São Paulo e em núcleos de alguns estados
tem significado maior agilidade na coleta e envio dos dados,
facilitando a atualização do desempenho da raça".
A grande maioria dos rebanhos da raça Jersey controlados
pela ABCBRH estão circunscritos a quatro estados -
São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Ceará,
perfazendo um total de 47 rebanhos atendidos, com maior predominância
no Paraná e em São Paulo.
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