Comer
pipoca quentinha, na frente da tv, no cinema ou nas festas
juninas requer muito mais que uma panela, gordura ou um microondas.
Quem poderia imaginar que, dentro daquela embalagem que apresenta
um preço muito acessível tivesse uma gama de
pesquisas de desenvolvimento de sementes, para a produção
de uma pipoca maior e sem piruás? Segundo Diego Man,
sócio - diretor da MAD Product Distribuidor Ltda, que
importa grãos de milho de pipoca para empresas como
Hikari e Yoki, nos Estados Unidos existe uma infinidade de
variedades de sementes, cada uma para um tipo de clima, solo
e outros fatores climáticos diferentes", afirma.
Todas elas desenvolvidas geneticamente, a fim de produzirem
plantas mais resistentes, grãos mais uniformes e pipocas
com um nível de expansão grande , ou seja, maiores
e sem deixar os desagradáveis piruás (grãos
que não estouram). Para Geraldo Davanzo, gerente de
assistência técnica da Pioneer Sementes Ltda,
localizada em Santa Cruz do Sul, RS, as pesquisas são
necessárias porque "a cultura do milho para pipoca
é muito frágil, com o pé da planta sendo
muito sensível a doenças", explica. No
Brasil, a Pioneer é a única empresa que desenvolve
pesquisas nessa área, tendo um produto comercializado:
a pipoca híbrida Pioneer Zélia foi colocada
no mercado há cinco anos e é vendida a cooperativas
e revendas. O Instituto Agronômico de Campinas também
desenvolveu uma semente híbrida - IAC 112 -, mas ainda
não está sendo comercializada. Todas essa tecnologia
é necessária para atender a uma demanda de consumo
muito grande. Os norte - americanos são o povo que
mais consome pipoca no mundo e, o consumo no Brasil está
aumentando a cada ano. "O consumo brasileiro de milho
para pipoca gira em torno de 70 mil/ton. ao ano. Há
quatro anos, o consumo era de 30 mil/ton. ano", relembra
Diego Man explicando que o pico de vendas, cerca de 40% do
volume de vendas anual, acontece no período das festas
juninas ou em Maio, Junho e Julho. Concorda com ele o diretor
comercial da Hikari, Jorge Alves. Ele afirma que, a popularização
do eletrodoméstico microondas é um fator importante
para o aumento do consumo desse item. "O segmento da
pipoca para microondas é o que mais cresce dessa área",
afirma ele. A Hikari comercializa 7,5 mil toneladas por ano
de milho para pipoca e o seu diretor compara o mercado do
grão para panela e o para microondas da seguinte maneira:
"em vendas, a pipoca de panela vende mais, cerca de 80%
contra 20% da microondas. Porém, quando compara - se
o faturamento, a diferença não é tão
grande, ficando 60% contra 40%". Mesmo tendo esse amplo
mercado, a produção de milho para pipoca no
Brasil é pequena. Existem poucos pólos de plantio
dessa cultura, resumindo - se entre a região de Itapetininga
e Tatuí, em São Paulo, Itumbiara, em Goiás
e Barreiras, na Bahia, o que propicia um mercado livre e receptivo
para as importações. Para Diego Man, as empresas
importam o milho para pipoca devido a qualidade dos níveis
de expansão dos grãos, superiores aos dos produtos
nacionais. "A média de expansão do grão
brasileiro é de 35. Oitenta por cento do consumo brasileiro
é de grãos que chegam a 38 e o milho para microondas
chega a 42 de expansão", defende. Um dos maiores
países importadores de milho para pipoca para o Brasil
é, segundo Man, a Argentina. "A Argentina tem
um grande número de distribuidores de milho de pipoca,
produzido com sementes norte - americanas", afirma. Cerca
de 70% da produção argentina é exportada
para o Brasil. Além de grãos, as embalagens
para microondas também são importadas. A impressão
que o técnico da Pioneer Geraldo Davanzo tem para explicar
a pouca atividade no país é o histórico
de baixa rentabilidade que tinha essa cultura há até
pouco tempo. "A cultura daqui não era produtiva
os grãos tinham baixa expansão, tudo porque
as sementes utilizadas não eram modernas", explica.
Ele diz que a aparência ideal é um grão
arredondado e mais amarelado, "pois essa é a preferência
do mercado". Além do mais, a área de plantio
é flutuante, o produto não é para exportação
e as vendas são feitas apenas para cerealistas. Esses
fatores e mais a forte importação da Argentina,
prejudicam e desenvolvimento da atividade no país",
cita. Porém, ele afirma que, depois do desenvolvimento
da semente da Pioneer - que tem um nível de expansão
de 35 e responde por 75% do mercado brasileiro dessas sementes,
o acesso a essa tecnologia ficou mais fácil e os produtores
aprenderam mais sobre a cultura. "O que dá a melhor
capacidade de expansão a pipoca é, por um lado
a genética de qualidade da semente e, por outro, o
correto processamento do grão, que deve ser comercializado
com uma umidade em torno de 17%, conseguida através
de um processo de secagem lento, e sem que a fumaça
afete o grão", afirma Davanzo. Ele conta ainda
que o produto garante uma boa remuneração ao
produtor, com "o preço da saca de 60Kg de milho
para pipoca sendo vendida um valor quatro vezes superior,
em média, pelo que se paga pelo milho comum".
Uma curiosidade dentro desse mercado é que, as regiões
do nordeste e centro - oeste e mais as cidades do interior
dos estados, respondem por 50% do consumo brasileiro adquirindo
o produto a granel, em mercearias e quitandas.
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