O
anúncio da introdução da biotecnologia
que vai revolucionar esta área deve provocar mudanças
no perfil da produção, e fazer surgir grupos
de empresas e de produtores independentes a fim de enfretarem
a competição acirrada que está sendo
anunciada.
A aprovação da Lei de Patente das Cultivares,
em vigor há pouco mais de um ano, já estabeleceu
uma alteração na relação entre
os criadores desta genética e os multiplicadores. Antes
da lei, qualquer cultivar colocada no mercado podia ser reproduzida
e vendida sob nova marca sem qualquer ônus ao "multiplicador".
Hoje, dentro do custo da semente está o valor de róialtis
a ser pago para a empresa ou instituição de
pesquisa que desenvolveu aquela cultivar, mesmo que ela entre
no mercado sob nova marca. Para os que estão nesta
ponta, a aprovação da lei, reivindicada há
ponto há mais de 20 anos, é a grande salvaguarda
de garantia do retorno do investimento que, segundo pesquisadores
desta área, gira em torno de US$ 1 milhão para
cinco anos que leva o desenvolvimento de uma nova cultivar,
tempo considerado como mínimo. Segundo dados da Abrasem,
Associação Brasileira dos Produtores de Sementes
existem no Brasil cerca de 782 produtores independentes sendo
que somente 625 são associados. Estes agricultores
produziram cerca de 1,573 milhões de sementes em 97
distribuídas em algodão (11 mil ton), arroz
(118 mil ton) , feijão (23.2 mil ton), milho (166 mil
ton), soja (998,9 mil ton ) e trigo com (255,3 mil ton). O
faturamento global do setor, incluído a área
de forrageiras foi de R$ 1 bilhão. Conforme o presidente
da entidade e um dos grandes produtores no país, Ywao
Myamoto, da Sementes Mauá, PR, 92% desse volumefoi
produzido nas regiões centro - sul do país e
dos 25,5 milhões de hectares cultivados nesta região,
somente 8,4 milhões utilizaram sementes certificadas.
O restante foi plantado com semente que o próprio agricultor
produzir e guardou com finalidade de reduzir custos. Na opinião
de Myamoto, trabalhar com sementes hoje já não
dá grandes lucros como há 10 anos atrás.
O governo deixou de dar importância que o setor tinha
quando parou de apoiar com financiamentos a área de
desenvolvimento de tecnologia. "Hoje os produtores contam
apenas com o EGF semente que tem juros diferenciados mas,
como sempre, nunca chega na quantidade e no tempo certo",
reclama o dirigente. O custo de produção gira
em torno de R$16,00 a 17,00 a saco de 50 kg que é vendido
no mercado por R$ 20,00 em média. "Você
precisa produzir em grande escala paga pagar a estrutura necessária
de produção e lhe sobrar alguma coisa no fim
do mês, diz o produtor. O produtor gaúcho Narciso
Barison, de Vacaria, diz que reserva todo ano cerca de 30%
da sua área plantada de soja para produzir semente.
Recém eleito presidente da Associação
dos Produtores de RS, Apassul, ele afirma que o Rio Grande
do Sul já Foi um dos Maiores produtores de sementes
dos país, sendo inclusive um grande exportador para
outros estados. "Cerca de 40% da soja plantada no RS
vai para semente afirma. Para ele vale a pena ser produtor
de semente porque agrega valor ao produto e pode conseguir
algum recurso a mais para a receita da propriedade.
Barison afirma que este mercado é bastante difíceil
de atuar porque além da grande oferta existente no
mercado, é um produto que leva quase dois anos para
receber o retorno do investimento. Isto porque do momento
em que decide plantar um variedade até a venda já
levou um ano e depois geralmente tem que dar prazo da próxima
safra para que o cliente pague o produto adquirido. "Então
ficamos com um risco muito grande de não ver o nosso
capital retornar com o valo real que ele possui", afirma.
Com um enfoque um pouco diferente dentro deste mercado a Supremo
Insumos, que pertence ao grupo Josapar, de Pelotas, RS, de
forte atuação na área do arroz , busca
na produção de sementes, via parcerias com agricultores,
mater um produto de alta qualidade que lhe retorno em produção
de arroz no mesmo nível. Isto porque faz parte do grupo
a conhecida marca Tio João que se abastece de fornecedores
gaúchos, em sua maioria. A empresa produz hoje cerca
de 140 mil sacas de sementes (50 kg) em 1700 ha ao custo de
1.4 sacos por hectares ( base 97/98). Segundo o gerente responsável
pela setor, o gerente responsável pela setor, o agrônomo
Douglas Cabral, 85% do que é produzido vai para mercado
e o restante fica para consumo interno pois a empresa possui
granjas próprias. "É um mercado bastante
forte o nosso porque o estado é um dos grandes produtores
de arroz, mas vendemos também para Santa Catarina",
ressalta. Estabelecida em um mercado que tem poucos mas fortes
concorrentes, a Novartis é hoje uma empresa de grande
porte que possui 14% de participação do mercado
de sementes de milho híbrido. Um setor que em 97 movimentou
cerca de 5,5 milhões de sacas e que pela sua importância
ganhou fortes investimentos da empresa na construção
de novos laboratórios dentro de centro de pesquisa
localizado em Uberlândia. "E investimos também
US$ 2 milhões para um laboratório que vai trabalhar
na produção de sementes transgênicas,
afirma Eduardo Botelho, gerente de marketing de produto da
empresa.
Este tema, por sinal vai ser a próxima revolução
a acontecer no próxima revolução a acontecer
grandes investimentos de todas de as empresas que quiserem
se manter no ramo.Baseada na biotecnologia, área na
qual a Monsanto saiu na frente, as sementes transgênicas
mesmo polêmicas devem ocupar grandes espaço neste
mercado. Prova é que na Argentina, 15% da área
de soja plantada já utilizou este tipo de semente e
nos Estados Unidos, a área cresce a cada ano. "É
uma questão de tempo, afirma Narciso Barison, da Apassul,
porque se o cliente começar a exigir este produto,
todas as empresas que quiserem permanecer terão necessariamente
que investir nesta área e ofertar este produto",
afirma o dirigente.
|