A
razão desse enorme potencial de desenvolvimento está
na excelente combinação que produz quando cruzada
com raças zebuínas, principalmente, Nelore e
a extraordinária capacidade da raça Blonde DAlquitaine.
Do ponto de vista científico, a Blonde desde muitas
gerações vem sendo selecionada para um animal
especializado no desenvolvido estrutural e muscular, com a
transformação rápida da alimentação
em carne de qualidade e, na origem sempre foi selecionada
dando-se muita importância à precocidade sexual,
fertilidade dos animais.
A formação de um plantel de Blonder DAquitaine
exige do criador brasileiro, alguns cuidados importantes,
nos métodos de melhoramento genético a serem
aplicados.
Ao selecionar animais em um rebanho pode-se usar dois critérios:
separam-se grupos melhores pelo tipo (fenótipo),
ou escolhem-se os indivíduos pelo genótipo,
neste caso, não se pode ver os genes, portanto, empregam-se
processos indiretos que estimam os genótipos dos animais.
Na seleção fenótipica surgem duas alternativas:
leva-se em conta a morfologia do animal (exterior), ou medem-se
as produções dos indivíduos, que nada
mais são que manifestações de atividades
fisiológicas. O criador deve observar alguns fatores
que limitam o valor da seleção fenótipa
morfológica: baixa correlação entre caracteres
morfológicos e produtivos, a ação do
meio ambiente e a ação gênica não
aditiva (onde não se terão garantias de que
as expressões desejáveis sejam transmitidas
aos filhos, uma vez que na passagem da característica
de uma geração outra poderá haver quebra
das combinações responsáveis pela superioridade
escolhida nos pais).
As características de produção, que podem
ser medidas, sofrem influência dos fatores ambientais,
o que vale dizer que só será seguro comparar
animais pelos seus desempenhos em meio uniforme, para que
as variações de produção entre
os animais sejam em maior intensidade devido às diferenças
genéticas.
Através da avaliação de indivíduos
da mesma família pode se estimular o provável
valor genético, o que faz necessário incluir
nos pedigrees dados referentes às produções
relativas dos ascendentes e informações que
permitam calcular os diferenciais de seleção
do indivíduo e de seus ancestrais. Este tipo de seleção
é tão mais eficiente quanto maior for a semelhança
(homozigose) entre outros animais de uma população.
Pois no caso de pais heterozigóticos não
existe correspondência perfeita entre o pedigree e a
herança genética em decorrência da segregação
gênica que sempre ocorre.
O teste de progênie consiste na seleção
de animais pelo valor fenótipo médio de seus
descendentes, sendo a prova genótipica indireta mais
segura para o criador. No entanto, está sujeito a algumas
imprecisões decorrentes da sistemática de aplicação
como amostragem, ação direta do meio ambiente
e efeitos da ação genética não
aditiva, que podem ser diluídos durante a transmissão
genética pela segregação.
Uma raça tão antiga quanto a Blonde DAquitane
é dotada de certo grau de parentesco entre os constituintes
do rebanho na origem, o que confere um grau natural de homozigose
(genes parecidos) nessa população. A importância
deste fato está na obtenção da prepotência
que a capacidade do animal imprimir nos filhos as suas características
independentemente dos indivíduos com os quais foram
acasalados. Este fenômeno da obtenção
da prepotência genética é extremamente
importante ao criador para que as características superiores
escolhidas nos pais sejam transmitidas de forma máxima
aos seus filhos.
Quando acasalamos indivíduos de raças ou linhagens
diferentes entre si promovemos a heterozigose, isso ocorre
porque as freqüências gênicas são
diferentes. É importante lembrar que ao cruzarmos a
Blonde com raças zebuínas, muito diferente geneticamente,
ocorrerá um fenômeno biológico denominado
heterose responsável pelo maior vigor dos
mestiços; o mesmo ocorre quando realizamos
outros tipos de cruzamento, como o Absorvente para formação
do puro por cruza. Nesses casos é importante
observar este vigor híbrido é provocado
pela heterozigose envolvendo ação gênica
não aditiva cuja transmissão de caracteres selecionadas
para as próximas gerações é baixa,
dada á alta segregação genética
que ocorre com estes indivíduos em reprodução.
O verdadeiro progresso genético que o criador de Blonde
DAquitaine poderá obter está ligado diretamente
a utilização de reprodutores dotados de alta
homozigose e selecionados com base em teste de progênie
para as características de interesse como funcionalidade,
reprodução e produção de carne.
O acasalamento executado de forma complementar, baseado na
progênie dos animais e não exclusivamente no
tipo ou mesmo num caracter isolado, são
os que apresentam, o melhor resultado médio em termos
de população.
O criador deve pensar que o crescimento de seus animais
não é simplesmente o aumento de peso que pode
ser medido de tempos em tempos no rebanho, pois é um
fenômeno mais complexo que envolve dois tipos de evolução;
o aumento de peso, que é devido à idade, é
uma evolução quantitativa; e o desenvolvimento
que é a realização progressiva do estado
adulto por modificações da forma, de proporções,
da composição química e do funcionamento
do corpo, é uma evolução qualitativa.
Para ilustrar: um bezerro de 40 kg que se torna um touro de
800kg, sofre modificações que não podem
ser devidas a um simples aumento de peso. É um conjunto
de modificações que fazem com que a fotografia
de um touro não seja uma simples ampliação
de um bezerro!
É importante o criador ter em mente que o potencial
de crescimento de um animal é máximo do início
da vida até a puberdade, o que torna em muitos casos
mais econômico alimentar bem os animais enquanto jovens.
Outro conceito relevante é quanto ao desenvolvimento
dos tecidos, cuja seqüência de evolução
pode ser resumida: nervoso> ósseo> muscular >
adiposo. Sendo importante observar que as diferentes raças
e mesmo animais da mesma raça tem comportamento diferentes
raça tem comportamento diferente no desenvolvimento
dos tecidos e são exatamente estas diferenças
que irão determinar o grau de precocidade sexual, terminação
de carcaça, idade, peso de abate, quantidade
de gordura entremeada e outras características.
Temos que evitar confundir precocidade com rapidez e ganho
de peso: um animal pode ter grande velocidade de ganho de
peso e não ser precoce. Precocidade está ligada
ao desenvolvimento, que é a realização
mais ou menos rápida do estado adulto. Um animal precoce
é aquele que tem uma rapidez de ganho de peso elevado,
aliado a um desenvolvimento ativo dos diferentes tipos de
tecido ósseo termine o seu, e o tecido adiposo não
espera a diminuição do crescimento muscular
para se depositar.
Cada sistema de produção necessita um diferente
comportamento fisiológico dos animais para que se consiga
boa performance. As condições de criação
no Brasil, em sua grande maioria, sugerem um biotipo para
o Blonde DAquitaine com alta precocidade de desenvolvimento,
baixa exigência alimentar e grande funcionalidade para
adaptação para a vida em meio tropical. Estas
exigências nos sugerem animais com as seguintes descrições:
Cabeça curta, focinho largo, boca grande, pescoço
curto, peito largo e profundo, membros afastados e com bons
aprumos, cernelha larga e plana, espáduas largas e
bem fixadas no corpo, linha do tronco retilínea, costelas
longas e bem arqueadas, ventre não distendido, rins
bem fixados, garupa longa, larga e plana, cauda bem fixada,
coxa espessa, arredondada e descendente, porte médio,
estrutura óssea forte, porém leve, boa conformação
de úbere outras considerações que poderiam
ser feitas, a partir de observações de campo
desempenho de animais de diversos tipos em nosso
país.
Estas considerações nos levam a refletir nossa
enorme responsabilidade para com o futuro da Blonde DAquitaine,
em nosso país, em termos de expansão e fixação
nas diversas regiões, pois como vimos, resumidamente,
fatores como Método de Seleção, Prepotência
Genética, utilização de Heterose, Reprodutores
PC, Fisiologia da produção de Carne, Biotipo
dos Animais e muitas outras observações que
poderiam ser feitas são essenciais a este bom desempenho.
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