Apesar
de todas as restrições que os fumantes recebem
diariamente e ser cada vez mais restritos os locais permitidos
para esse hábito, o setor fumageiro não vê
decrescer o consumo de seu principal produto que é
o cigarro. Ao contrário, realiza cada vez mais, vultosos
investimentos tanto em construções de
centros de processamento de fumo como em fábricas de
cigarros e se consolida como um dos segmentos do agrobusiness
de melhor resultado brasileiro.
Foram US$ 1,056 milhões de faturamento em 1997 com
o processamento de 543 mil toneladas de fumo cru produzidas
dentro dos três estados da região sul (Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul) em áreas aonde
predominam o minifúndio, com média de 20 ha
em cada propriedade. Esse sistema movimenta cerca de 161 mil
produtores de forma integrada ocupando uma área de
269 mil ha. Existe ainda um volume de produção
realizado no nordeste, Bahia e Alagoas, em torno de 45 mil
toneladas, destinadas principalmente para a produção
de charutos e cigarrilhas.
Deste total produzido na região sul, em torno de 43,6%
(306 mil ton.) vai para o mercado externo dividido entre EUA,
Europa, Extremo Oriente e outros países. Em geral,
o tipo mais plantado é a Virgínia, seguido pelo
amarelinho, Burley e Comum. Segundo a Associação
Brasileira da Indústria do Fumo, o Brasil hoje, é
o principal fornecedor do produto devido a sua alta qualidaede.
Compradores do mundo todo vêm anualmente ao país,
fazer suas encomendas. Estruturado sob o sistema de integração
entre o produtor e a indústria desde 1918, quando se
iniciou o plantio desta cultura no país, foi exemplo
para todos os outros processos que existem na agroindústria,
como o frango, por exemplo. Hoje, segundo relata a Abifumo,
dificilmente se encontra um produtor sem qualquer vinculação
com alguma indústria, pois o pacote tecnológico
é que proporciona a garantia de produtividade do investimento
com a lavoura para o produtor.
O presidente do Sindicato das Indústrias do Fumo, Sindifumo,
Helio Fernsteinseifer, diz que o fumo dentro do sistema de
produção do agricultor, geralmente ocupa, cerca
de 10% da área da propriedade. O restante é
utilizado com outras culturas como o feijão, a mandioca,
pastagens reflorestamento e criação em geral,
e sue plantio é feito todo sob orientação
das indústrias. A lavoura tem mão de obra familiar,
desde o plantio até a secagem das folhas.
Atualmente, o produtor recebe cerca de R$ 2,00 por Kg e tem
um custo de produção em torno de R$ 1,81/Kg.
A média da produtividade é de 2050 Kg por hectare,
e a lucratividade gira em torno dos 10 a 12% calcula
Fernsteiseifer. Segundo ele, uma lavoura bem cuidada pode
deixar uma renda bruta de R$ 8 mil por safra o que tem um
bom significado na medida em que o produtor recebe com certeza
este valor na hora da venda do produto, que acontece normalmente
em janeiro até maio. Além disso, ele está
agregando esta renda a todas as outras que ele consegue no
frango, no leite e etc, ressalta. O dirigente lembra
ainda que se um produtor quiser entrar no sistema terá
que investir em média, cerca de R$ 8 a 10 mil em toda
a infraestrutura. Valor que pode conseguir através
de financiamento bancário tipo Pronaf, Lembra.
Safra
deste ano menor
Estamos
perdendo cerca de 100 mil toneladas nesta safra devido aos
efeitos do El Niño, afirma Hensi Gralow, presidente
da associação dos Fumicultores do Brasil, RS,
cidade a 200 Km de Porto Alegre e nomeada a capital do fumo
no estado. É lá que se concentra a maior região
produtora e todas as indústrias do setor. Segundo Gralow,
a expectativa para este ano, era de 520 mil toneladas, mas
se entregarmos 420 ou 430 mil, já ficaremos satisfeitos.
Conforme diz, estas variações climáticas
além de chuvas de granizo, foram as responsáveis
pela baixa na produção da safra 97/98. Com isto
Gralow sentencia que não haverá lucro para o
produtor, apenas a reposição dos custos gastos.
Gralow acredita que também existe uma razão
econômica para esta perda de lucro: há
três anos que o preço do Kg do fumo tem sido
o mesmo em reais, só que o transferimos para dólar,
vemos que o valor tem sofrido pequenas desvalorizações,
afirma. O dirigente assinala que por outro lado, os preços
dos insumos têm sofrido reajustes, utilizando este argumento
para dizer que precisam rever os valores.
Mesmo com este pequeno momento em baixa, Gralow diz que esta
é uma aitividade imprescindível para o pequeno
agricultor, ainda que a lucratividade seja baixa em relação
ao tempo de dedicação que esta lavoura exige.
São 210 dias de envolvimento completo para que
ele obtenha resultados favoráveis, relata acrescentando
que o plantio começa em final de agosto, e se estende
até o fim de novembro. Depois da colheita o fumo precisa
passar pelo período de secagem, feito em galpões
aquecidos a lenha, chamados de estufas, ou simplesmente à
temperatura ambiente, dependendo do tipo plantado. Um dado
importante, lembrado por Gralow é que não existe
rejeição de produto. Tudo o que foi plantado
é adquirido pela indústria que depois, irá
dar o destino e a classificação que lhe interessar.
Utilizando
o plantio direto
Com
incentivo por parte das indústrias, a lavoura de fumo
está cada vez mais tecnificada em termos de conservação
de solo. Mesmo que ainda existam produtores que arem e gradeiem
a terra, o percentual daqueles que fazem cultivo mínimo
ou mesmo plantio direto está bem alto. Para ter uma
idéia, 55% dos fumicultores ligados a Diamond do Brasil
Tabacos Ltda, fazem adubação verde. A preocupação
com este tema é tão grande que a Souza Cruz,
uma das líderes do mercado no setor, chegou a publicar
o Plano Diretor de Solos qual constam orientações
para o manejo do solo com o mínimo e mobilização
e adoção de práticas conservacionistas.
A adesão ao cultivo Mínimo levou à substituição
da enxada e do cultivador por outros implementos, como escarificador,
a mola subsoladora, entre outros, Estas técnicas
vieram somar às outras há muito utilizadas,
lembra o agrônomo Saul Bianco, gerente de Comunicações
Souza Cruz, citando a correção de solo, adubação
de base, rotação de culturas, implantação
de terraços, curva de nível, uso de quebraventos
e drenagem como as que já fazem parte do plantio.
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