Para se ter uma idéia do clima que impera neste segmento,
na abertura da temporada 98, que será dia 28 de março,
no Jockey Club de Sorocaba, a bolsa deve superar os R$ 70
mil, em duas provas. o GP Torneio Início (para potros
de dois anos, inéditos) e o I Derby (para cavalos de
3 amais anos). Os diversos leilões programados para
os próximos três meses geram grande expectativa
e devem, segundo apostam os promotores, superar os resultados
do ano passado. Entre as vendas mais expressivas estão
o Golden 98, o Leilão Shalakô/Prata/ Santo Ângelo
e o Rancho das Américas, entre outros. Além
disso, o número de corridas vem aumentando gradativamente
em todo o país, alavancando com elas o prestígio
e a procura por esse tipo de animal. O mercado do norte/nordeste
não perdeu o fôlego, como alguns acreditavam,
e manteve-se como um dos principais mercados consumidores,
com aumento considerável do número de plantéis
e de animais, que são utilizados nas vaquejadas e nas
canchas retas. Tudo isso, aliando a um bem elaborado programa
de criação, treinamento e seleção
por resultados, garante ao QM de corrida uma rentabilidade
fora do comum para a atividade. Segundo um dos mais tradicionais
criadores de QM de corrida do país, Wellington Germano
Queiroz, do Haras Fazenda Bela, crise existe para todos, mas
quem consegue diminuir seus custos e trabalhar com ótima
genealogia, consegue se manter no mercado. O custo de
venda do animal deve ser maior que o custo de sua produção
e isso só conseguimos quando criamos animais de ótima
genética, garante. Para ele, adquirir boa genética
não é difícil, como era há alguns
anos. Isso porque o país, segundo ele, já possui
um nível comparável ao encontrado nos Estados
Unidos, berço do Quarto de Milha. Atualmente,
as importações são desnecessárias,
além de elevarem em cerca de 30% o valor do animal,
com as cobranças de fretes, impostos e documentações,
afirma.
Queiroz, que construiu a base de seu plantel sob as melhores
genealogias americanas disponíveis, mantém atualmente
um criatório com 80 matrizes. Ele irá realizar,
em 6 de junho próximo, a oitava edição
do seu leilão, o Golden 98, um dos melhores
remates da raça, em média e em qualidade. Para
ilustrar, no ano passado o leilão Golden foi o terceiro
melhor em comercialização, contabilizando média
de R4 15.453. Para ele, essa é a média mais
realista de um excepcional animal de pista, valor comparável
aos animais de mesmo padrão vendidos nos Estados Unidos.
Se a otimização dos custos e o emprego de boa
genética são essenciais, os resultados não
seriam favoráveis se o QM de corrida, apesar de possuir
especialidade bem definida, não tivesse uma outra característica
fundamental, comum a todas as linhagens da raça: a
versatilidade. Para Queiroz, esse é o ponto chave para
o sucesso da performance comercial desses animais. Além
de ser o cavalo mais veloz para curtas distâncias, ele
também pode ser utilizado, depois de terminada sua
carreira nas pistas de corrida, nas provas de baliza, laço
e tambor, sem qualquer dificuldade, explica o criador,
que há 18 anos desenvolve a criação de
Quarto de Milha. Para ele, essa é a razão
que explica se o QM de corrida é um animal de liquidez
e preços garantidos, ficando imune às dificuldades.
Algumas iniciativas dos próprios criadores também
foram responsáveis pela fácil sobrevivência
do mercado do QM de corrida, com ações que promovem
o aumento das premiações, aumentando as disputas
e, conseqüentemente, a emoção, atraindo
com isso mais proprietários de cavalos e mais público
nas corridas.
Um exemplo é o Quarter Horse Golden Club, criado, há
oito anos, por um grupo de proprietários de cavalos
do Jockey Clube de Sorocaba e região, do qual Queiroz
foi um dos fundadores. O Golden Club funciona como uma bolsa
de arrecadação, sendo que o dinheiro recebido,
nas inscrições dos animais, que participam das
corridas, são distribuídos como prêmios
no decorrer do ano, em varias categorias. Queiroz explica
que um dos principais objetivos desse grupo de criadores era
estimular e incrementar um setor independente de premiações
no Jockey de Sorocaba.
O resultado positivo dessa empreitada fica evidenciado na
participação esperada para a temporada 98: de
300 animais, um número razoável,
considera. Com exceção do GP Potro do Futuro,
arrecadado e distribuído pela ABQM e corrido em Sorocaba,
todos os prêmios distribuídos dentro do jockey
da cidade é organizado pelo Golden Club. Essa
experiência tem sido muito importante para mantermos
uma premiação satisfaória com custo baixo
de inscrições. Conseguimos atrair gente nova
e valorizar o cavalo de corrida, ressalta. O grupo incentivou
a formação de bolsas similares em Campo Grande,
Salvador, Recife e Carazinho.
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