Segundo Luiz Meneghel, após uma avaliação
mais realista, a Estância 3M decidiu modificar sua linha
de atuação e priorizar a criação
de animais de tipos funcionais, que atendam a campo
e que sejam capazes de desenvolver bem sua função,
ou seja, cobrir as vacas com resultados.
A família Meneghel, pioneira no investimento em genética
e seleção de Limousin, está apostando
no mercado de machos, em fazendas de cruzamento industrial,
onde os trabalhos de cobertura são realizados exclusivamente
no pasto. Por isso, segundo o veterinário que atende
a 3M, Wilson Oslis Sanches, o manejo do rebanho está
sendo modificado, com o objetivo de incentivar a rusticidade
dos animais, diminuindo, lentamente, e oferta de suplementação
no cocho.
Luiz Meneghel diz que acredita em uma pecuária de resultados,
com fazendas de 5 mil vacas Nelore com um touro Limousin
cobrindo. Para ele, o melhor animal é aquele
que serve para nossos objetivos, ou seja, a produtividade.
Dentro dessa nova linha de trabalho, Meneghel afirma que continuará
participando de exposições, mas acha que os
animais que irá apresentar podem não se enquadrar
nos conceitos de julgamento de alguns juizes e criadores.
Achamos que a exposição faz parte, queremos
participar e ganhar, mas o que agora é importante para
estância é o animal funcional. Talvez não
vá agradar nas exposições, mas é
esse o nosso objetivo: criar animais para trabalhar a campo,
declara.
A Associação Brasileira dos Criadores de Limousin
já mostra-se convencida da importância em investir
na funcionalidade da raça. Modificações
nos Julgamentos de Limousin nesse sentido já estão
sendo estudadas, sendo quase certa a sua aprovação.
Dentro desse projeto, cria-se um julgamento de produtos ½
sangue Limousin x Zebu, que vai, segundo os dirigentes da
associação, poder analisar os resultados do
cruzamento industrial em três categorias distintas de
machos e fêmeas. Nos julgamentos de fêmeas vão
ser observadas a precocidade e habilidade materna através
do peso de desmame de seus produtos e, nas avaliações
dos machos POs, serão priorizados os que apresentarem
carcaças com mais carne.
Seleção
de Mocho
Visualizando
o mercado de cruzados e acompanhando uma tendência mundial,
a Estância 3M passou a desenvolver também, desde
92, a seleção de Limousin macho, com aquisição
nos Estados Unidos de um touro PC mocho, Mags Bailman, e oito
vacas mochas. Em 94, o trabalho foi intensificado com a aquisição
de sêmen do touro mocho Evered, também americano,
em conjunto com a Agropecuária Maragogipe e Fazenda
Negrinha. Atualmente, dentro dos 750 animais da 3M, cerca
de 20% é naturalmente mocho e essa porcentagem é
a mesma nos nascimentos, ou seja, cerca de 20% das crias da
3M nascem mochas.
Esse trabalho, segundo Meneghel, foi desenvolvido pensando
nos pecuaristas que tem grandes rebanhos, seja de cruzados
ou não, e que precisam mochar seus bezerros por questões
de segurança. Imagine uma propriedade que tenha,
por exemplo, mil nascimentos. Quanto tempo irá levar
para que a mochação de todos esses bezerros
seja concluída?, comenta. Além dessa
facilidade no manejo, os criadores não terão
que se preocupar com o estresse que o animal sofre nesse processo,
além das complicações como febre e infecções,
garante.
Ele não acredita, porém, que o consumo de energia
pelo animal no crescimento dos chifres possa comprometer a
performance do mesmo no ganho de peso, ao contrário
do que alguns defendem. Isso é lenda, não
representa nada significante, afirma, apontando a facilidade
no manejo principal trunfo do mocho.
O objetivo da 3M é num futuro próximo, já
estar produzindo touros mochos comerciais para o cruzamento
industrial, porém Meneghel afirma não ser um
processo rápido, pois é preciso manter ampla
a base de seleção genética dos animais.
Temos que ter o cuidado de promover constantemente a
entrada de sangue novo, novas linhagens, mesmo que sejam de
animais com chifres para garantir a hibridez (sic),
explica.
Apesar das vantagens de praticidade do manejo que o gado homozigoto
mocho oferece aos criadores e da procura que já está
despertando, Meneghel afirma que no Brasil ainda existe uma
certa discriminação em relação
a esses animais, por serem considerados PC, que dizem, não
terem valor comercial. Isso porque a base de seleção
de Limousin mocho nos EUA foi desenvolvida através
de cruzamentos com o Aberdeen Angus e, quando da importação
dos primeiros animais feita pela Estância 3M nos EUA,
os números de puros mochos ainda eram restritos e os
animais trazidos foram PCs. Mas desde então,
estamos trabalhando com a nossa base genética e com
mais um touro mocho PO, sendo que já possuímos
animais mochos puros, afirma Meneghel. Parece, porém
que o criador não está preocupado com esse tabu.
Para nós, o que importa não é se
é PC ou PO, mas sim, a qualidade do animal e a sua
capacidade de transmitir essas qualidades a sua progênie,
afirma.
Ele cita como exemplo a vaca Grande Campeã da raça
em 97, Marca Sol Bimini, de propriedade das Fazendas Reunidas
Boi Gordo. É uma vaca PC, que já teve
várias premiações, lembra Meneghel.
Nosso trabalho prova que o gado PC (puro por cruza)
é tão bom quanto o PO (puro de origem). O que
nos interessa é que o animal apresente resultados,
com números positivos e carcaça, morfologia,
ponderal, sendo produtivo, afirma.
Hoje, o registro genealógico é efetuado pela
Associação Brasileira dos Criadores de Limousin,
sediada em Londrina, no Paraná, sem fazer nenhum tipo
de divisão entre animais mochos e que tem chifres.
|