A
cevada cervejeira é uma planta cultivada no inverno
com áreas delimitadas devido as condições
climáticas que necessita. NO Brasil, ela é plantada
somente na região sul, em zonas que tenham um certo
volume de chuvas, frio e umidade, como o sul do Paraná,
o centro-oeste de Santa Catarina, o norte e o sudoeste do
Rio Grande do sul. Na safra 96/97 foram plantados 83.575 mil
ha que obtiveram uma produção de 223,160 mil
toneladas e segundo Marcelo Boff, do setor de Fomento da Cervejaria
Brahma, foi tudo consumido no mercado interno,
afirma.
As recomendações técnicas indicam que
para um bom resultado é necessário evitar o
excesso de preparo do solo e rotação de cultura,
aplicar os corretivos e fertilizantes baseados nas análises
de solo bem como controlar de forma adequada e no momento
oportuno as pragas e escalonar o plantio em mais de uma época
dentro do período recomendado que, normalmente, é
entre fim de maio a fim de junho. A colheita fica para os
meses de outubro a novembro.
LUCRO CERTO O que atrai os produtores a plantarem esta
cultura é o fato de ser um produto que já tem
comprador certo. Desde o momento do plantio até a colheita
o trabalho está regido por um contrato de compra e
venda realizado entre as cervejarias e o produtor ou cooperativa
que representa um grupo de produtores. Quando entra na terra
com a semente fornecida pela empresa o produtor
já sabe o quanto vai gastar e receber depois da colheita.
E mesmo que dê alguma quebra como foi o caso desta safra
passada com El niño, a empresa auxilia o produtor a
vender o que não atingiu à qualidade necessária,
às empresas de ração para animais.
Embora o custo, em alguns casos, representa quase 50% da média
produzida por ha (2300 kg), o lucro que sobra é compensador.
Assim, pelo menos, afirma Fredo Westermann, da cidade de Paritini,
RS, que pergunta: qual a única lavoura de inverno que
tem liquidez de 50 a 70% em 5 meses e com compra garantida?
Para ele a cevada foi à maneira de manter a terra produzindo.
Já tivemos trigo, mas agora nem vale a pena porque
o sujeito não sabe se vai ter comprador quando colher,
comenta. Ele afirma que recebe cerca de R$ 9,12 por saca independente
do período da colheita. Feliz com esta opção,
diz que na região existem cerca de 1600 ha destinados
à cevada entre 18 produtores.
Difícil neste momento é conseguir escapar das
várias propostas que chegam diariamente na mesa de
Marcelo Boff. Segundo ele, cada vez mais os produtores vêm
a cevada como um negócio rentável e querem iniciar
o plantio.Mas nós, no momento, não podemos
aumentar o número de fornecedores porque nossa capacidade
de produção na maltaria está no limite,
e no Brasil existem somente mais duas, que são Antarctica
e de uma cooperativa, por isto é um negócio
que no momento não tem como expandir, explica,
acrescentando que o restante do malte para a produção
do total de cerveja consumida no Brasil é importado
de diversos países.
Cevada
é boa opção na dieta animal.
Não
é só na fabricação de cervejas
que a cevada ocupa posição estratégica
e importante. Na pecuária, a polpa da cevada ou, como
é popularmente conhecida, bagaço da cerveja,
resíduo das cervejarias, está encontrando boa
aceitação na alimentação de bovinos,
sobretudo em propriedades leiteiras. Muitos pecuaristas de
leite da região do Vale d Paraíba estão
utilizando o bagaço como item de dieta
animal.
Usuária da polpa de cevada, o produtor de leite Manoel
Dinis, da Estância do Parateí, em Jacareí,
SP, está alcançando alta produtividade, mantendo
em seu criatório 10 das 20 maiores produtoras da raça
Jersey do País, segundo o Controle Leiteiro da ABC.
Para ele, o instrumento para alcançar tal produtividade
é o cuidado redobrado na alimentação
dos animais, por isso, utiliza a polpa da cevada, em conjunto
com a polpa cítrica e a silagem na dieta do plantel.
Pela localização de seu criatório
próximo a uma cervejaria -, ele tem adquirido o bagaço
a preços bastante atraentes, pagando na safra cerca
de R$ 0,0015 pelo quilo. Só para comparar, o criador
paga por um quilo de polpa cítrica R$ 0,10. Vale lembrar
que um produto não deve ser substituído pelo
outro na dieta do gado, mas uma boa combinação
pode baratear os custos diários com a comida do rebanho.
Ele explica ainda que os resíduos do cevada desfruta
do mesmo status que cevada in natura e é bem mais barato.
A Estância do Parateí mantém animais com
uma produção média diária de leite
B de 16 litros, recebendo cerca de 15 kg por dia de resíduo
de cevada. A polpa cítrica é fornecida em quantidade
bem menor: 2,5 kg por animal. O criador informa que os pecuaristas
de sua região já estão formando silos
para o resíduo de cevada, prática comum
na Alemanha há muitos anos.
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