E
enquanto não encontravam solução, eles
simplesmente abriam enormes buracos e jogavam tudo numa área
pertencente a empresa. Mas eles sabiam que esta maneira não
era a melhor, e que dentro de alguns anos poderia haver problemas
ambientais.
A solução apareceu há cerca de dez anos
quando a Riocell contratou o agrônomo e ecologista José
Lutzenberger, reconhecido por sua forte atuação
em preservação ambiental, tendo sido inclusive
Ministro desta pasta no governo Collor. No encontro com o
técnico pediram que estudasse a questão e encaminhasse
uma solução. Conforme conta Renata Matz, agrônoma
que trabalha na área de pesquisa e desenvolvimento
de produto dentro da empresa Vida, criada por Lutzenberger,
o primeiro passo foi avaliar química e biológicamente
todos os resíduos com o objetivo de verificar seu nível
toxicológico.
O final do trabalho conclui que não haveria problema
para o ambiente nem para as pessoas se eles fossem reciclados
e que poderiam muito bem ser processados para uso na agricultura.
Surge daí um fertilizante biológico concentrado
que contém húmus e diversos nutrientes minerais,
um calcário calcítico e uma terra enriquecida
com nutrientes orgânicos e minerais. Todos estes produtos
são oriundos de quatro tipos de resíduo; o lodo
que é todo o processo resultante do que não
se aproveita para a produção de celulose, a
casca que por alguma razão ainda ficou na madeira,
os drags e grits que são em forma de pó.
A Alquimia Explicando que estes produtos estão
sendo utilizados em sua maioria por empresas de paisagismo
e floricultura, Renata explica que para chegar a estes produtos
precisa trabalhar cada um deles de forma específica
para poder depois mistura-los. O lodo é colocado em
enormes buracos com 20 m de profundidade onde fica por mais
ou menos 4 meses a fim de retirar toda a umidade que possui,
fazendo um processo de compostagem anaeróbica. Depois
de seco passa pelo processo de peneiração, para
ser misturado após a formulação ideal.
Os outros dois trabalhados para a formulação
do calcário que servirá para correção
de solo, uma necessidade freqüente na medida em que a
terra no Rio Grande do Sul, em geral tem ph ácido.
Também é um produto mais utilizado por
este setor específico, explica a agrônoma,
acrescentando que podem ser utilizados no plantio de outras
culturas, mas, talvez, o custo seja um pouco alto não
compensador a curto prazo.
Renata diz que a Riocell partiu para esta solução
quando percebeu que era mais barato reciclar que continuar
fazendo o método antigo. O custo ambiental ia
ser muito grande, ressalta, lembrando que todo este
processo é feito pela empresa de Lutzenberger que é
contratada pela Riocell para a reciclagem. O que nós
fazemos aqui, é a prática do que acreditamos,
que agricultura orgânica, no qual pegamos subprodutos
e transformamos em novos produtos para colocar vida na terra,
nas plantas e no meio ambiente, da forma mais natural possível,
com o menor nível de agressão, explica.
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