A
mandioca, um dos produtos mais populares de nossa cultura
alimentar, está alçando vôos na atividade
comercial. Deixando de ser apenas uma atividade comum a pequeno
produtores, ela encontrou caminhos para tornar-se uma atividade
viável também em larga escala. Um dos grandes
responsáveis por essa mudança no perfil da plantação
de mandioca é a indústria de papel, onde a utilização
do amido modificando de mandioca surgiu como uma alternativa
mais eficiente e barata, em comparação ao amido
modificado de milho, usado na fabricação do
papel. Com características privilegiadas em relação
ao milho, como oferta o ano todo, menos perda no processo
de produção, custo mais baixo e mesma qualidade,
o amido modificado de mandioca é utilizado para melhor
a resistência e textura, tanto no papel para impressão
com também para os utilizados em embalagem. Aproximadamente,
80% do papel produzido no Brasil hoje já utiliza o
amido de mandioca modificado em seu processo de fabricação.
A Halotek Fadel Industrial Ltda, e uma das empresas que comercializa
e presta consultoria técnica no mercado de amido de
mandioca modificado, desde 1991 e já conta com 120
clientes ativos, como fábricas de papel, adesivos e
artefatos. Segundo seu diretor técnico Hermann Schumacher,
grandes indústrias já utilizam esse componente,
como a Cia. Suzano, a Celpav-VCP - do Grupo Votorantim-, e
a Ripasa. Para ele, a utilização do amido da
mandioca nesse setor possibilitou uma mudança do perfil
dos fornecedores e plantadores. Hoje, o produtores buscam
safras durante o ano todo, as fecularias investem em tecnologia
e criam estruturas fortes para atender a esse mercado. Isso
porque, as indústrias papeleiras não compram
sua matéria-prima dos produtores, mas sim de empresas
técnicas, que por sua vez, compram amido das fecularias,
explica. A Halotek, além de manter uma fazenda de 500
ha para plantio da mandioca, incrementa sua oferta de 3 mil
ton/mês adquirindo mandioca de produtores da região
com parceiras com cooperativas.
A Coopervale, por exemplo, localizada no Paraná, produz
em sua fecularia cerca de 600 ton de amido de mandioca no
mês que é repassado á Halotek para a comercialização.
No
prato: um sucesso antigo!
Apesar
de ser uma atividade que, historicamente, firmou-se como uma
cultura de pequena escala, restrita a pequenas propriedades,
sem mecanização e sem subsídios governamentais
- sem controle oficial e nem expectativa de produção
-, mandioca sempre reinou na área alimentícia.
Para o gerente comercial da Pinduca Ind. Alimentícia
Ltda indústria que produz fécula e farinha de
mandioca de mesa, farofa pronta e outros sub-produtos -, César
Fernando Paggi, apenas a farinha de mandioca movimenta um
volume em torno de 240 mil toneladas ao ano, no Brasil. Somente
a Pinduca, situada em Araruna, PR, produz mil toneladas de
farinha ao mês, exportando para os brasileiros que moram
no Japão cerca de 64 toneladas anualmente. O mercado
da mandioca é muito promissor, pois o amido da mandioca
é utilizado para a produção, informa
Paggi. Segundo ele, a empresa tem boa área de plantio
da raiz, mas a maior parte de sua matéria-prima vem
de vários plantadores da região. Trabalhamos
com um contato entre os sitiantes, no qual a Pinduca compromete-se
a adquirir toda a produção colhida no ano para
a utilização na fábrica, explica. Dessa
forma, essa região que tem um solo areioso, não
muito propício para a produção de outras
culturas, intensificou a produção de mandioca
e passou a receber ótimos dividendos com essa atividade.
Um dos fornecedores da Pinduca, destaca-se entre os demais
pelo porte de sua produção. Atualmente, são
100 ha cultivados divididos entre duas fazendas, dos quais
o titular Vicente Paulino retira cerca de 60 ton por ha no
ciclo de 10 a 12 meses e 110 ton no ciclo de 16 a 18 meses.
A colheita é feita no período de repouso, ou
seja, quando atingem o ponto máximo de produção
com elevados teores de amido, explica. Para ele, que no momento
está plantando a variedade Branca de Santa Catarina,
a mandioca é um bom negócio, pois sendo lavoura
rústica que requer cuidado com herbicidas apenas nos
quatros primeiros meses de cultivo, é uma cultura que
não corre perigo de perda, porque tanto na seca como
no período das águas há produção,
garantindo receita em qualquer época do ano.
Porém, temos que combater a principal praga do mandiocal:
O Gervão da mandioca. Ele ataca as folhas e se não
combatido, causa danos de até 75 ás plantas,
informa. Mas, uma das únicas dificuldades nesse plantio
é o processo de colheita manual, realizado por trabalhadores
temporários controlados para esse serviço. Mas,
apesar disso, Paulino diz que a cultura não tem alto
custo de produção e a comercialização
durante todo o ano garante bons preços à tonelada.
A mandioca também está na onda dos alimentos
supergelados, sendo utilizada na fabricação
de nhoques. A Pratigel Alimentos, de São Paulo, comercializa
entre as variedades supergeladas cerca de 60 toneladas/mês.
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