Confinadores
de 14 estados brasileiros se reuniram em Uberlândia/MG,
dias 7 e 8 de agosto, para seu 1º encontro Nacional e
5º Encontro Estadual do Novilho Precoce. Pelo menos 500
pessoas participaram ativamente das palestras, debates e do
dia de campo.
A organização informou que pelo menos 200 inscrições
foram recusadas, mostrando a repercussão da jornada
e seu oportunismo: De uma mesma vez por todas, é hora
dos produtores de carne se unirem e acertarem o passo da atividade
com os novos tempos, afirma um dos palestrantes, José
Alberto de Ávila Pires, coordenador técnico
de bovinocultura de corte da EMATER.
A tônica do encontro foi tendência de maior rentabilidade
para os confinamentos profissionalizados e que trabalham em
larga escala. Com as margens de lucro reduzidas, a viabilidade
do negócio ficará por conta do número
de bois confinados ou da produção de carnes
com qualidade superior, explica José Alberto, que apresentou
planilhas e estudos planilhas e estudos elaborados pela EMATER,
reforçando a tendência.
Sua opinião foi compartilhada por Cláudio Maluf
Haddad, outro palestrante, professor de bovinocultura do Departamento
de Zootecnica da ESALQ-USP. Ele acredita que a pecuária
brasileira deverá seguir os passos da norte-americana:
Lá bois é inviável. Os bons negócios
ficam para aqueles que engordam de 50 mil a 200 mil animais
- verdadeiros profissionais na atividade, com mega estruturas
e técnicas para realizar os serviços, justifica.
Haddad, porém, entende que enquanto isso não
for uma realidade no Brasil, o confinador tem mesmo é
que sobreviver, nem que seja engordando fêmeas: É
preferível ver um confinamento de vacas eradas do que
um confinador sem dinheiro, ressalta. E também que
é preciso apurar mais e mais o conhecimento e as técnicas
de trabalho, desde aquelas que garantem a compra de bons animais
até a as que norteiam a busca dos recursos tecnológicos
disponíveis.
Assim como Haddad, Celso Boin, outro especialista da ESALQ-USP,
defendeu o uso de aditivos na pecuária de corte, principalmente
no confinamento. Para eles, a categoria precisa se unir e
aumentar a pressão sobre o Governo Federal para a liberação
dos anabolizantes; proibióticos e tamponantes; aditivos
que aumentam em 20% a produtividade do confinamento norte-americano.
O especialista foi categórico ao afirmar que os resíduos
deixados por esses aditivos na carne bovina, estão
em índices bem abaixo dos tolerados, não justificando
assim a ilegalidade do seu uso, no Brasil: Na verdade, é
uma questão de atraso, refuta o professor. Para ele,
a produtividade conferida pelos aditivos representaria a remuneração
que os confinadores precisam para a sobrevivência da
atividade e sua própria evolução na tentativa
de aumentar o consumo percapita de carnes especiais do brasileiro,
estimado hoje em 1 kg/ano, por Sylvio Lazzarini Neto, ex-presidente
da Associação Brasileira de Confinadores.
Em sua palestra, Lazzarini apelou para o espírito de
corpo do setor, mostrando que esta união não
pode se restringir ás questões técnicas
mais diretas. Na sua avaliação, a carne é
um produto que precisa ser repensado em todas a sua cadeia
produtiva, profissionalizando as várias etapas, conferindo
qualidade a todas elas e investindo no seu marketing: A dona-de-casa
sabe reconhecer um produto de qualidade superior, bem apresentado
e chega até a pagar mais por ele, justifica.
Para Sylvio Lazzarini, neste processo os restaurantes estão
mais adiantados, pois o gourmet pensa no sabor, apresentação
e exige do proprietário uma carne diferenciada, muitas
vezes até de uma raça específica. Porém,
o assunto raças para cruzamento e produção
de novilhos precoces, foi discutido por Pedro Franklin Barbosa,
pesquisador em melhoramento animal da EMBRAPA - Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária ( São Carlos/SP).
Franklin apresentou estudos realizados nos EUA quanto ao rendimento
de vários raças na produção de
carne. Na verdade tantos as de origem asiática quanto
as continentais e britâncias, se equivalem no balanço
geral de suas respectivas performances nos vários itens
do estudo. Para o pesquisador, as condições
de exploração nutrição, manejo
e meio-ambiente de cada produtor é que podem definir
qual a raça mais indicada para estabelecer a parceria.
Fatores
que afetam a lucratividade na produção de novilho
precoce em confinamento
Baseado
no estudo realizado por José Alberto de Ávila
Pires, coordenador técnico de bovinocultura de corte
da EMATER.
A
abertura de economia iniciada no Brasil em 1992, mais a criação
do Mercosul, a redução dos impostos no comércio
exterior e as profundas modificações no sistema
financeiro nacional revelam que há no Brasil um forte
processo de mudanças internas, principalmente, no sentido
de adequar sua economia á realidade mundial.
O que observou-se após a implantação
do Plano Real (1994) foi um período de grandes alterações
na economia e que estão influenciado de forma acentuada
o meio produtivo. Na bovinocultura de corte, este processo
de redirecionamento da economia brasileira revela a necessidade
do surgimento de conceito tanto na produção
quanto na comercialização da carne. São
esperadas alterações profundas em toda a cadeia
produtiva, caracterizadas basicamente pela busca de competividade
através de maior produtividade e qualidade dos produtos,
por custos compatíveis ao mercado, como caminho para
a sobrevivência do setor.
Dentro deste contexto, o confinamento e a produção
de novilhos precoces caminharão sempre juntos. O confinamento
utilizado na fase de terminação/acabamento da
produção de novilhos precoces é a melhor
forma de se obter abate de bovinos dentro das exigências
do mercado animal jovem - 2 anos, com peso acima de 15 arrobas
e terminação adequada - 3 a 10mm de cobertura
de carne. Por sua vez, o novilho precoce para terminação
em confinamento é o tipo de animal capaz de assegurar
melhores desempenhos técnicos e econômicos à
atividade. Numa análise financeira feita sobre o confinamento
de novilhos precoces com idade de abate entre 22 e 24 meses,
partiu-se do princípio que o peso médio em arrobas
de cada animal é um custo fixo.
Assim, o estudo da EPAMIG realizado em conjunto com a EMBRAPA
utilização de índices, sobre a viabilidade
econômica, ponderou sobre o desempenho dos animais ganho
de peso e conversão alimentar e o rendimento de carcaça,
como variáveis. Na montagem de uma caixa, considerou-se
fluxos os valores que refletem as entradas de recursos o dinheiro
obtido com a vendas das arrobas produzidas pelo confinamento
e as saídas despesas operacionais definidas pela disponibilização
e aquisição de recursos produtivos: volumoso
de silagem de milho; concentrados á base de milho,
sorgo, farelo de soja e algodão, além de sais
minerais com uréias e outros; sanidade do rebanho as
despesas realizadas com vacinas, varmífugos, carrapaticidas,
bernicidas e medicamentos em geral; mão-de-obra da
administração à assist6encia técnica,
manejo e tratamento dos animais; manutenção
de máquinas, motores e equipamentos incluíndo
combustíveis e lubrificantes; benfeitorais manutenção
de instalações; e juros despesas do capital
investido.
O quadro 1 apresenta resultados técnicos esperados,
considerandos pelo animais em estudo, novilhos com peso de
11 e 12 arrobas. A meta era obter uma produção
líquida de 5 ou 6 arrobas, durante 100 dias de cada
engorda.
Na apuração dos resultados econômicos
utilizou-se o Sistema de Análise de Viabilidade Econômica
de Confinamento de Bovinos, desenvolvido na Universidade de
São Paulo/Piracicaba, pelo departamento de Economia
Rural da ESAQL.
Com base no cenário de produção para
um confinamento, este sistema permite a contabilização
dos principais insumos, apresentado os custos e as receitas
relacionadas ao preço final da arroba do boi gordo,
além do retorno. O quadro 2 apresenta a síntese
dos dados utilizados na análise de um lote de 900 novilhos
precoces.
Quadro 3 apresenta os custos projetados para engorda de 900
animais dentro da expectativa de se conseguir no período
médio de 100 dias de confinamento, levar novilhos precoces
de 11 e 12 arrobas para peso de abate de 17 arrobas. O quadro
4 apresenta as receitas esperadas pela venda de 4,5 e 5,4
mil arrobas, respectivamente lotes A e B, produzidas ao preço
médio de R$ 26,91 por arroba.
O quadro 5 final mostra o resultado econômico esperado.
Assim, o estudo mostra a pequena margem de lucro obtida na
engorda de cada animal. Ainda que os custos possam ser ligeiramente
atenuados em seus vários itens, os resultados mostram
que há uma tend6encia muito forte de quanto maior o
confinamento, maior o seu retorno econômico. Tudo depende
de quanto o confinador quer ou pode ganhar.
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