Alberto
Cardoso, titular da fazenda Braúnas, em Funilândia/
MG, limpou o caminho e consegui grandes resultados com a produção
de iogurte. Ele quebrou a incompatibilidade entre a maximização
da produção e a redução dos custos,
abandonou o conforto das queixas ás políticas
governamentais e á própria falta de espírito
de corpo da categoria, para assumir uma postura competitiva
do empresário que busca o sucesso no seu negócio
com trabalho.
Cardoso
detém um dos melhores materiais genéticos da
raça Pardo-Suíço no Brasil- linhagem
especializada na produção leiteira. Quando entrou
nesse setor, ele já era empresário bem sucedido
em distribuição de alimentos, know how bastante
útil quando iniciou a produção do Suicinho
iogurte de Laticínio Braúnas). Com o produto,
no mercado há dois anos, a remuneração
do leite produzido na fazenda saltou de R$ 0,35 por litro
para R$ 0,45 transformando sua pecuária num negócio
tão rentável quanto os outros que comanda.
Os investimentos necessário para Braúnas II
pudesse produzir iogurte totalizam R$ 600 mil, sendo que a
metade disto já foi desembolsado e o restante financiado
a logo prazo. O montante pode assustar, mas o processo de
instalação foi austero, iniciado como artesanato,
ganhando força mesmo somente com o surgimento de uma
demanda crescente pelo produto.
Adalberto reconhece que cometeu alguns erros na formulação
do projeto e que este custo poderia Ter sido bem menor. Em
dois anos, equipamentos tiveram que ser substituídos,
até por uso inapropriado, e novas instalações
construídas, pois o laticínio, depois da licença
junto ao IMA - Instituto Mineiro de Agricultura, pleteia agora
o SIF - Serviço de Inspeção Federal.
A nova licença permitirá que o produto saia
de Minas Gerais - grande Belo Horizonte, Vale do Aço,
Zona da Mata e parte do Norte do Estado - para ganhar o Brasil.
O
Suicinho
Mas
o objetivo primeiro não foi a produção
de iogurte. Tudo começou com a ordenha de leite. Tipo
B, envazado na própria fazenda. Os resultados nunca
foram animadores, pois a concorrência com os grandes
laticínios na colocação do produto é
muito dura. O litro de leite acabava com remuneração
de R$ 0,35 Isto não dá, conta Alberto. Daí
surgiu a idéia de criar sub-produtos, inicialmente
o iogurte, com domínio do processo produtivo até
a distribuição. Foi preciso investir em tanques,
pasteurizadores de maior porte do que aqueles instalados na
propriedade e recentemente, numa máquina que embala
o produto em bandejas com seis copinhos de 120ml, como aquelas
que conhecemos dos supermercados. O equipamento de R$ 270
mil foi adquirido em leasing de longo prazo.
A produção inicial era de 400 litros/dia de
iogurte, hoje ela é de 4.000 litros/dia e o projeto
prevê 10 mil. De um litro de leite é possível
produzir 1,15 litro de iogurte. A produção de
leite de Braúnas alcança 2.200 litros /dia ,volume
que não é suficiente para cobrir demanda de
iogurte e obriga Adalberto a completar com leite adquirido
no mercado local. Há entendimentos entre produtores
da região para completar a cota. Segundo o empresário,
a produção emprega, hoje, 18 pessoas.
O custo de mão-de-obra, manutenção de
equipamentos, embalagens e ingredientes fica em torno de 45%
do valor do litro. De todo o processo, a distribuição
do produto consome 15% do valor do produto, colocado por R$
1,40 o litro, e que precisa de menos agilidade e eficiência
do que a do leite. Adalberto não aconselha produzir
iogurte sem uma distribuição e comercialização
bem estruturadas. Além dos copinhos em bandeja ou avulsos,
o "Suicinho"é comercializado em embalagens
plásticas de 120g, distribuídas em pacotes de
seis e 20 unidades. As embalagens respondem por boa parte
do preço final do produto, cerca de 20%.
Para Adalberto a estabilidade da economia brasileira, de certa
forma, contribuiu bastante para o sucesso de sua empreitada,
embora reconheça que a concorrência tenha crescido
muito, inclusive baixando o preço do produto e as margens
de lucros.
Para que Adalberto pudesse produzir iogurte, além dos
investimentos, foi preciso alterar uma série de tópicos
do projeto de leite da Braúnas II. Em cinco anos de
trabalho, a organização física da fazenda
alterou de modo que ela pudesse aumentar sua lotação
e facilitar o manejo semi-estabulado do rebanho. A taxa de
ocupação, hoje, é de 15 animais por 0,5
a 0,8 hectare está nos moldes do início do projeto,
que previa maior aproveitamento do pasto.
A adoção de um regime semi-estabulado, com dieta
que dê aos animais totais condições de
manifestação dos respectivos potenciais genéticos
e de produtividade, a Braúnas também teve de
investir em mecanização das tarefas, mão-de-obra
e acompanhamento técnico, como o de Robson Vilela,
veterinário responsável pelo plantel. Adalberto
almeja, tanto com o manejo quanto com genética, a alta
produção de leite acima de tudo. O objetivo
da fazenda é chegar a 160 fêmeas em lactação
(90 atualmente), alimentadas com arrraçoamento quase
todo de produção própria.
Quando a Braúnas alcançar este número
de fêmeas, a receita ainda estará reforçada
pela comercialização dos animais de fundo do
plantel, que serão mantidos em propriedades fronteiras
á Braúnas, hoje incorporada, com campos irrigados
de coast-cross e alfafa, destinados á produção
de feno de boa qualidade.
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