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SUPERMILHO - O supermilho de segunda!
rev 183 - maio 2013

A supersafra de grãos é acompanhada pela alta também da produção de inverno brasileira – o milho ‘safrinha’ já bate os resultados das lavouras cultivadas no verão.

Com resultado maior do que a temporada de verão, o milho de safra de inverno deve chegar a uma produção de 42,6 milhões de toneladas (t). De acordo com o 7º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em abril, o resultado chega a representar 55% do total estimado a ser colhido na safra 2012/2013 – 77,5 milhões de t em todo o País. O grande salto da safrinha aconteceu na temporada 2011/2012, saindo de 57,4 milhões em 2010/2011 para 72,9 milhões, o que significou uma alta de 27%.

Com melhores oportunidades do cereal no cenário internacional, os produtores de grãos tem feito o possível para garantir uma boa safra. Três produtores paranaenses falam como têm conduzido a lavoura de inverno e a importância que o milho possui este ano. Na média entre os três produtores, os investimentos foram altos – cerca de R$ 1.881 por hectare –, e devem render os resultados esperados.

Raul Cocatto, produtor de milho em Rolândia (PR), por exemplo, foi o que mais investiu em sua lavoura. Foram gastos R$ 2.230 por hectare, numa área de 68 hectares (ha). Para cobrir isso, o agricultor estimou que os preços por saca do cereal na região girem nos patamares de R$ 23 a R$ 24 por saca.

A semeadura foi de 15 a 22 de fevereiro deste ano. As variedades escolhidas pelo produtor foram as superprecoces da Syngenta e Cargill, que possuem um ciclo de 120 dias. Foram semeadas em média, 15 quilos de sementes por hectare e a estimativa é colher a partir de 25 de julho em diante.

Até o mês de março, o nível de chuvas foi considerado bom pelo produtor. “Posso dizer até está um pouco exagerada, bem acima do nível normal de chuvas para essa época. Desde o início do ano, até agora [dia 20 de março], a média ficou em 286 milímetros (mm) por mês. Isso prejudicou a soja, mas o milho de segunda safra não teve problemas”.

A expectiva de produtividade para a safra do cereal é de 115 quilos por saca de 60 kg por hectare. De acordo com o produtor, isso pode significar uma queda de produtividade com a temporada 2011/2012, a qual foi muito boa, rendendo 125 sacas por hectare. “Isso não quer dizer pessimismo, mas ser realista. Não acredito muito que o milho renda em duas safras consecutivas, prefiro acreditar nessa perspectiva para não me arrepender depois”.

De acordo com o produtor a queda de safra deste ano está fundamentada numa possível geada que pode vir a causar estragos na lavoura do milho este ano. Segundo as previsões meteorológicas, é prevista geadas na região. “Ano passado, não houve geada e choveu em, isso influenciou numa boa safra de milho”.

Antecipação da soja

O plantio da safrinha este ano, nem estava no planejamento de Aluir Dalposso, produtor de grãos de Toledo (PR), mas com a antecipação da colheita da soja em cerca de 20 dias, a semeadura de milho pode ser estabelecida. “Na safra passada, em função das chuvas, a soja atrapalhou o cronograma e não permitiu condições favoráveis para a semeadura do milho safrinha no momento adequado. Nesse sentido, preferi não plantar o cereal”, lembra o produtor.
Dalposso imiginou que este ano seria a mesma coisa – e o cenário de muitas chuvas em janeiro contribuía para isso. Ao final, com a predominância de sol forte em partes do dia, a plantação da soja teve um desenvolvimento mais rápido que acabou culminando num ciclo mais curto do que o esperado.

A área reservada para a produção foi de aproximadamente 25 ha. As variedades escolhidas foram Morgan 30A37 HX e AG 9010 PRO, que segundo o produtor, possuem qualidade de grão e precocidade. A semeadura foi logo no início de fevereiro, no dia 10 e a colheita deve ser feita em meados de junho. O custo total de implantação da lavoura também foi alto, R$1.813,00 por há, entre custos fixos e variáveis. A espectativa do produtor é colher de 85 a 90 sacas por ha.

Redução na safrinha

A contramão das estatísticas, o produtor Taylor Marostica, também de Toledo, reduziu quase pela metade a área de milho. Para a safra de 2012/2013, a área de cultivo é de 205 ha, cerca de 200 ha a menos que a do ano passado. A cautela tem a ver com as incertezas do próprio mercado internacional e a desvalorização do produto – no mês de março, segundo o Indicador Milho Esalq/BM&Fbovespa, Região de Campinas (SP), a média da saca caiu 9,80%. O comportamento de queda dos preços vem desde meados do final de novembro do ano passado, o que já representa um indicativo para os produtores.

O custo médio da lavoura – que foi considerado num patamar de médio investimento – foi de R$ 1.600,00 por ha. “O fator ‘terra’ (custo) foi aplicado a taxa regional de arrendamento para safrinha, em torno de quatro sacas de soja/ha, e não uma porcentagem sobre o valor regional do hectare de terra. Além disso, só para se ter uma ideia, só a semente e o fertilizante representaram R$ 650,00 por ha.

As cultivares selecionadas são específicas para safrinha, de médio custo e investimento, AG 9010 em 20% da área, e AS 1551, nos 80% restantes. O plantio foi iniciado em 30 de janeiro e finalizado em em 20 de fevereiro. A colheita deve ser realizada em meados de julho.

Em geral, pela avalização do produtor, o tempo tem sido considerado bom para a cultura do milho. “As pragas estão controladas. Apenas o percevejo atacou um pouco no início. Outro procedimento que temos feito é trabalhar preventivamente com fungicidas”, detalha Marostica.
Apesar de tecer uma boa avalização do clima até então, ainda preocupa as possíveis geadas que geralmente caem em maio e junho. “Nós tivemos um nível médio de investimento, mas acreditamos que se não gear nesses meses, e se o preço se mantiver em torno de R$ 20,00, será uma cultura ainda rentável. Esperamos colher acima de 85 sacas por hectare”.

Contexto global

Com as estimativas da Conab numa produção de 77,5 milhões de t, a alta da produção de milho chega a 6,1% sobre a safra 2011/2012, com uma produtividade de 4,96 t/ha. Ao que tudo indica, a segunda safra impulsiona esses resultados – o incremento dela foi averiguado na ordem de 9,1% em comparação com o volumde obtido na safra de inverno de 2011/2012. No mesmo sentido, a área plantada teve um incremento de 3% na comparação entre 2011/2012 e 2012/2013. A Conab alerta também que o alto custo logístico deve diminuir a competitividade do grão ao longo da safra, a despeito do volume recorde exportado nos primeiros meses do ano.

Já no mercado internacional, a queda de safra volta a sondar os números norte-americanos. De acordo com o levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), a produção sai de 313,9 milhões de t para 273,8 milhões – redução de 12,8% ou 40,1 milhões de toneladas. Assim como queda da temporada passada, a seca ainda se relaciona com a baixa do índice neste ano. Ainda segundo o órgão americano, a China, segundo maior produtor de milho do mundo, teve alta 7,9%, saindo de 192,8 milhões de t para 208 milhões. Ao todo, o USDA prevê uma produção que deve chegar a 855,9 milhões de t – 3% inferior ao volume da safra 2011/2012 – e que deve gerar um déficit de 6,6 milhões de t num consumo estimado em 862,5 milhões em todo o planeta.


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