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                    Enquanto produtor de pêssego aumenta produção 
                    da fruta, o de ameixa diminui a cada ano devido a doença 
                    sem controle. Entre as 235 mil toneladas (t) de pêssego 
                    colhidas no Brasil, 120 mil provém do Rio Grande do 
                    Sul, líder absoluto, tendo o Estado de São Paulo 
                    a segunda colocação, com 43 mil t, significando 
                    aproximadamente um terço do RS. Em questão de 
                    produtividade, SP também fica na segunda colocação, 
                    com 20 t por hectare (ha), mas neste quesito, o líder 
                    é Minas Gerais, com 25 toneladas por ha. Isso se deve 
                    a plantação extremamente extensiva no Sul, o 
                    que diminui a produtividade. Waldir Parise é um dos 
                    produtores mais conhecidos de São Paulo, produz cinco 
                    variedades diferentes, rendendo 900 t anualmente. No início, 
                    há 12 anos, foram plantados quatro ha e a produção 
                    foi aumentando até chegar em 30 ha da fruta. 
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                    O Sítio Santo Antonio, localizado em Jarinu, a 65 quilômetros 
                    da capital, colhe os primeiros pêssegos brasileiros 
                    toda safra. Jarinu tem o pêssego mais precoce 
                    do Brasil devido ao clima e as variedades. A primeira a ser 
                    colhida é a Flor de Prince, em meados de agosto, 
                    comenta o produtor. Além de pêssego, Parise também 
                    cultiva ameixa e banana prata. Já produzi diversas 
                    frutas, mas a cada ano invisto mais no pêssego, porque 
                    o nome Pêssego Parise ficou conhecido em 
                    todo o Brasil. É mais vantajoso comercializar apenas 
                    o pêssego, afirma. 
                    As demais variedades produzidas no sítio são 
                    a Trop Beaut, Aurora, Douradão e a Chiripa. A colheita 
                    se inicia em julho, com a Flor de Prince e vai passando pelas 
                    demais variedades até o fim de dezembro com a Chiripa. 
                    A ideia é ter diversas variedades para poder 
                    colher durante um longo período e ter a fruta por mais 
                    tempo para oferecer, esclarece Parise. A média 
                    paulista de produtividade é de 20 t por ha, mas a do 
                    produtor chega a 35 t/ha, dependendo da variedade. 
                    Para atingir tal produtividade, Parise utiliza a fertirrigação, 
                    garantindo também a sanidade das plantas. Não 
                    temos grandes problemas na lavoura de pêssego, fazemos 
                    a microaspersão em toda a lavoura, conseguindo livrar 
                    as plantas de doenças e irrigando-as adequadamente, 
                    explica. A microaspersão consiste em um sistema de 
                    irrigação localizado onde a água é 
                    liberada através de microaspersores próximo 
                    ao sistema radicular das plantas. O maior problema enfrentado 
                    no pessegueiro são passarinhos que consomem o fruto, 
                    deixando-o inegociável. Os demais problemas variam 
                    ano a ano. Nesta safra estou reparando problemas com 
                    a podridão-parda, que é um fungo que se desenvolve 
                    com o excesso de chuvas, comenta. O responsável 
                    pelo problema é o fungo Monilinia fructicola, que neste 
                    ano destruiu diversos frutos, mas o prejuízo não 
                    chega a ser significativo. Em anos normais, nos quais a quantidade 
                    de chuva não é tão grande como em 2009, 
                    esse problema não aparece. Mas o pessegueiro 
                    não apresenta muitos problemas com doenças, 
                    fungos e pragas, é uma cultura tranquila, completa. 
                    Na propriedade, o produtor tem um sistema de classificação 
                    de sete tipos de frutos através do peso. Além 
                    disso, é a única propriedade em São Paulo 
                    que conta com uma máquina capaz de lavar a fruta retirando 
                    os pelinhos, que envolvem o pêssego. Quando 
                    a quantidade colhida é superior à demanda, as 
                    frutas ficam armazenadas em um refrigerador a 5°C. As 
                    frutas podem ser mantidas lá por 15 dias, mas procura-se 
                    deixar o mínimo de tempo possível, para não 
                    perder a qualidade. Quando temos de usar a refrigeração, 
                    vamos revezando para as frutas não passarem de cinco 
                    dias no local, explica. 
                    Os pêssegos são vendidos para diversas regiões 
                    brasileiras, inclusive no Sul do País, na época 
                    em que ainda não se encontra pêssego na região. 
                    Parise não comercializa para indústria, já 
                    que estão instaladas no Sul, devido a maior concentração 
                    de pessegueiros, lá. 
                  Ameixas 
                   
                    Perto dali, também em Jarinu, o produtor Sérgio 
                    Ferrara tem uma produção bem diferenciada de 
                    Parise, já que ao invés de investir em uma única 
                    cultura, investe em diversidade para manter o trabalho o ano 
                    inteiro. Eu toco o sítio todo com meu filho e 
                    apenas mais um funcionário. Procuro ter plantações 
                    de diferentes épocas de plantio e de colheita, para 
                    termos trabalho o ano todo e não sobrecarregar em nenhum 
                    momento, até porque a mão de obra por aqui anda 
                    bem difícil, reclama. 
                    Segundo ele, conseguir trabalhador na época de colheita 
                    está ficando cada vez mais difícil. Há 
                    cinco anos (na safra 2004 da ameixa), a maior que o produtor 
                    já colheu, foi o último ano que não teve 
                    problemas para encontrar funcionários. De lá 
                    pra cá, mesmo com menor necessidade de pessoas, está 
                    mais difícil encontrar gente disposta a trabalhar na 
                    lavoura. 
                    Nos 38 hectares do Sítio Santo Antonio II, Ferrara 
                    já teve 2.000 pés de ameixa da variedade Rubinel, 
                    mas hoje tem apenas 700, devido a escaldadura, uma doença 
                    causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que começa 
                    secando os galhos mais altos da planta e vai atacando até 
                    a raiz, perdendo completamente a produtividade. Segundo o 
                    produtor, a doença apareceu na região por volta 
                    de 2002 e piora a cada ano. Depois de colher a última 
                    safra, derrubei mais de 500 pés devido ao ataque da 
                    bactéria. O problema é que não existe 
                    nenhum método de controle. Não tem bactericida, 
                    variedade resistente, nem alguma técnica de manejo 
                    que possa amenizar o problema, explica Ferrara. A Embrapa 
                    chegou a visitar a propriedade com intenção 
                    de colher amostras em busca de solução para 
                    a doença, mas já faz quatro anos e ainda não 
                    foi detectada nenhuma solução. 
                    Atualmente, a média de produtividade é de 30 
                    quilogramas (kg) por planta, menos da metade conquistada em 
                    2004, quando a média foi de 84 kg. Dava para 
                    conviver com todas as outras pragas e doenças existentes 
                    na lavoura, mas essa está acabando com o pomar. Não 
                    tem mais o que fazer, se continuar assim, devo derrubar todos 
                    os pés em mais três anos. Só não 
                    faço isso antes, porque o problema é geral e 
                    o preço da ameixa deve ser cada vez melhor, supõe 
                    o produtor. Atualmente, Ferrara colhe o fruto ainda amarelo 
                    do pé e o coloca em uma caixa refrigeradora com gás 
                    etileno, que amadurece o fruto entre 12 e 36 horas, dependendo 
                    da época que foi colhido. 
                  Decopon 
                   
                    Com a queda cada vez mais acentuada na produção 
                    de ameixa, o produtor passou a dar espaço para o pêssego, 
                    hortaliças diversas, lichia, milho e a decopon, que 
                    é uma espécie de tangerina poncã, só 
                    que é maior e sem semente. Essa fruta é originária 
                    do Japão e por mais apetitosa que pareça com 
                    quase 1 quilo cada, não conquistou o consumidor brasileiro. 
                    Parece que as pessoas não conhecem a fruta. Ela 
                    é doce, é bonita e apesar de ser cara, poderia 
                    ter mais espaço no mercado, avalia Ferrara. 
                    Ela começa a dar frutos em junho e atinge o pico em 
                    julho, mas continua oferecendo frutos até dezembro, 
                    época que já estão nascendo os botões, 
                    que é o momento de fazer o raleio dos frutos, que é 
                    a seleção dos melhores. Ferrara tem 260 pés 
                    de decopon, e cada um rende 50 kg da fruta por ano. A tangerina 
                    gigante não é barata e pode ser encontrada 
                    nos supermercados com valor superior a R$ 2,00 a unidade. 
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