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                    Segundo Lino Rodrigues Filho, o uso da tecnologia depende 
                    do valor pago pelo mercado sobre o leite e sobre a carne. 
                    A pecuária leiteira teve um porcentual maior 
                    de crescimento porque o preço do leite no período 
                    também apresentou um bom aumento. O preço pago 
                    ao produtor pelo leite e pela carne está diretamente 
                    relacionado à inseminação artificial, 
                    justifica o presidente da Asbia.
                   Gado 
                    de corte 
                   
                    O mercado de inseminação artificial relacionado 
                    ao gado de corte está praticamente divido entre Nelore 
                    (considerando Nelore e Nelore Mocho) e as demais raças, 
                    já que o Nelore representa 50,07% de todo sêmen 
                    comercializado no Brasil. E no último ano, o mercado 
                    da raça cresceu 10,29%, em relação a 
                    2007, atingindo a marca de 2 milhões de doses vendidas. 
                    A segunda raça que mais utiliza a inseminação 
                    artificial é o Red Angus que representa 25,69% de participação 
                    no mercado, com 1 milhão de doses comercializadas em 
                    2008. Porém, cerca de 50% do sêmen de Red Angus 
                    utilizado é importado, já que em outros países 
                    a raça é mais trabalhada. Um fator importantíssimo 
                    da inseminação artificial é o cruzamento 
                    industrial, o F1. Não há condições 
                    de usarmos touros Red Angus para cobrir rebanhos zebuínos, 
                    no Brasil tropical. O animal não se adapta, e a IA 
                    vem proporcionar a melhora do rebanho com o cruzamento industrial, 
                    explica o diretor geral da ABS Pecplan, Márcio Nery. 
                    A raça teve um crescimento de 20,64% em relação 
                    a 2007. Com o dobro do porcentual de aumento que a raça 
                    Nelore, o Red Angus poderá manter a taxa de crescimento 
                    já que a busca por cruzamento industrial na IA é 
                    vista com bons olhos por quem trabalha na área. 
                    Na sequência, as raças Brahman e Guzerá 
                    aparecem em terceiro e quarto lugar, respectivamente. A primeira 
                    detém 4,63% do mercado, com um crescimento de 4,44% 
                    de 2007 para 2008, com um total de 192 mil doses. Já 
                    o Guzerá teve um total vendido, em 2008, de 141 mil, 
                    com crescimento de 26,79% em relação a 2007. 
                    O mercado da IA na área de corte tende a crescer nos 
                    próximos anos. A Inseminação Artificial 
                    em Tempo Fixo (IATF) [veja matéria na pág. 42] 
                    vem colaborando para que grandes fazendas inseminem os rebanhos, 
                    gerando um forte crescimento no mercado para os próximos 
                    anos, acredita Márcio Nery, diretor da ABS Pecplan. 
                    A IATF dinamizou a IA, porque consegue inseminar um 
                    grande rebanho em apenas alguns dias e com maior resultado. 
                    Hoje, existem projetos em que a fazenda insemina 400 vacas 
                    por dia, o que resulta em 3.000 por semana, explica 
                    o presidente da Asbia. 
                    O mercado não consegue identificar o crescimento do 
                    uso da IA com a chegada da IATF, mas vê o aumento do 
                    uso da técnica pelos produtores. Nós não 
                    conseguimos medir exatamente o quanto impactou no mercado 
                    a presença da IATF, mas cerca de 35% de nossas vendas 
                    é direcionada a IATF, enquanto há cinco anos 
                    não passava os 5%, relata Nery. 
                  Gado 
                    de leite 
                   
                    O Holandês possui mais da metade do comércio 
                    de sêmen na área leiteira respondendo por 55,62%, 
                    com 2,2 milhões de doses comercializadas no ano passado, 
                    sendo mais de 80% importado. O crescimento de 2007 para 2008 
                    foi de 8,93%, abaixo do índice geral da IA de leite, 
                    que obteve 9,61%. O Gir Leiteiro, que apresentou o maior crescimento, 
                    com mais de 20%, é a segunda raça leiteira que 
                    mais comercializa sêmen. No ano passado, 805 mil doses 
                    foram vendidas (representando 19,87%), sendo 100% de genética 
                    nacional. O Jersey é o terceiro mais comercializado 
                    no Brasil, com 16,86% do mercado leiteiro, o que significa 
                    683 mil doses vendidas. 
                    Ao todo, o mercado de IA no Brasil vendeu 8,2 milhões 
                    de doses em 2008, somando a área de leite e de corte. 
                    Esta segunda representou 50,63%, enquanto a de leite 49,37%. 
                    Proporcionalmente ao rebanho, o mercado leiteiro utiliza muito 
                    mais a genética, porque são cerca de 20,8 milhões 
                    de cabeças no rebanho de leite, contra 179 milhões 
                    do gado de corte, sendo que comercializam praticamente a mesma 
                    quantidade. A inseminação leiteira cresceu 
                    muito, principalmente nos dois últimos anos, quando 
                    obteve um incremento no preço pago pelo leite. A genética 
                    no gado de leite é fundamental, porque o investimento 
                    é a longo prazo. O animal vai produzir leite e bezerros 
                    por muitos anos, então é necessário pensar 
                    que cada vaca tem de dar o melhor, explica Antônio 
                    Esteves, gerente comercial da CRV Lagoa. 
                    Para o gerente de pecuária da Agropecuária Jacarezinho, 
                    Fernando Boveda, outro fator que esquenta o mercado de IA 
                    no leite é a praticidade de averiguar os resultados. 
                    É muito mais simples mensurar a produtividade 
                    do rebanho leiteiro, já que se marca a quantidade de 
                    leite diariamente, aponta Boveda. Além 
                    disso, o pecuarista leiteiro faz mais conta, e consegue ver 
                    o retorno da genética. Já o pecuarista de corte 
                    é mais difícil ver esse tipo de controle, e 
                    não adianta falar em inseminação artificial 
                    se tem muitas fazendas que não têm nem estação 
                    de monta definida, complementa o gerente da Agropecuária 
                    Jacarezinho. Mesmo com a queda no preço do leite 
                    em 2009, a expectativa é que o mercado leiteiro cresça 
                    de 10 a 12% neste ano, acredita o presidente da Asbia. 
                  Fazenda 
                    Paquetá 
                   
                    Com mais de 16 mil cabeças de gado na propriedade, 
                    a genética não poderia deixar de fazer parte 
                    da reprodução desta fazenda que determina 90 
                    dias para inseminação, sendo 30 dias para a 
                    IATF mais IA e 60 para a monta natural. No primeiro terço 
                    do período são realizadas a IATF, em 38% do 
                    gado, e a IA em 32%. Os outros dois terços são 
                    separados para a monta natural. A taxa de prenhez ao 
                    final é de 86,29%. Na fazenda todos os números 
                    são marcados para registrarmos o andamento do processo, 
                    explica Hélio Marcelino, zootecnista da Fazenda Paquetá 
                    (MS). Segundo ele, a meta é chegar a inseminar 85% 
                    do gado com a IATF e a IA, sendo 70% de IATF. 
                    Os números mostram o aumento do uso da IATF nos últimos 
                    anos. Em 2004 foi inseminado apenas 7% com a IATF. Já 
                    em 2005 esse número chegou em 10,4%. Em 2006, 24,6%, 
                    em 2007, 28,8% e em 2008, 36%. Hoje, consigo aumentar 
                    o peso do gado devido a um lote mais homogêneo. Em 2004, 
                    o gado ganhava 592 gramas por dia (g/dia), hoje ele engorda 
                    706 g/dia. Assim, reduzi a idade de abate de 24 para 21 meses, 
                    afirma Marcelino. Outro ponto de orgulho para a fazenda é 
                    a prenhez de nelore com um ano de idade. Devido à 
                    seleção genética que realizamos na Paquetá, 
                    55% das vacas emprenham logo no primeiro ano de vida. As novilhas 
                    chegam entre os 23 e 25 meses paridas, comenta entusiasmado 
                    o zootecnista. 
                  Fazenda 
                    Santa Thereza 
                   
                    Com 1.100 cabeças atualmente, a propriedade de Moacyr 
                    Frebonese é outro exemplo de como a genética 
                    pode transformar o negócio. Há oito anos 
                    comecei a trabalhar com inseminação artificial, 
                    e mudou tudo na fazenda. Comprei alguns touros, mas a vacada 
                    era de baixa qualidade. Acabei matando todas e comecei tudo 
                    do zero. Comprei vacas da Agropecuária Jacarezinho 
                    e comecei a inseminar, lembra Moacyr Frebonese. Hoje, 
                    inseminamos 200 vacas por dia e a fazenda realiza IATF com 
                    índice de prenhez de 64,5%. Nas que não 
                    emprenharam, é feita a IA simples. Ao final, as que 
                    não tiveram sucesso nem com a IATF, nem com a IA, vão 
                    para a monta natural, onde são usados cerca de um touro 
                    para cada 50 vacas. O índice de prenhez da propriedade 
                    hoje é de 93%. Aqui a vaca tem de dar um bezerro por 
                    ano, explica o proprietário dos 850 hectares 
                    de terra, localizados em Aparecida do Taboado (MS). O pecuarista 
                    aponta diversos benefícios em trabalhar com a IA na 
                    propriedade, entre eles a receita da fazenda que gira em maior 
                    número e com mais facilidade. O pecuarista conta que 
                    hoje tem maior nível de prenhez, as matrizes dão 
                    mais bezerros e de melhor qualidade e que o gado vai para 
                    o abate mais pesado e em menos tempo. 
                    O problema enfrentado pelo pecuarista, na Fazenda Santa Thereza, 
                    e pelo zootecnista, da Fazenda Paquetá, é a 
                    falta de mão-de-obra qualificada para realizar a IA. 
                    No início, quando comecei a trabalhar com genética 
                    vi que o peão que estava aqui há anos não 
                    gostou muito de se acertar com a mudança. Tive que 
                    mandar embora e saí procurando uma equipe que pudesse 
                    realizar o serviço, lembra Moacyr Frebonese. 
                    Já no caso da Paquetá, não se insemina 
                    artificialmente 100% do rebanho devido à carência 
                    de mão-de-obra. Realmente o resultado com a IA 
                    é ótimo e estamos aumentando a cada ano, mas 
                    trabalhamos no limite de pessoal. Precisamos de gente qualificada 
                    e hoje não temos o suficiente, explica Hélio 
                    Marcelino. 
                    As centrais de inseminação artificial e a Asbia 
                    concordam que a ausência de mão-de-obra especializada 
                    é um grande problema. O gargalo da IA são 
                    pessoas especializadas para realizar esta técnica. 
                    Realmente esse é um ponto que tem de ser resolvido, 
                    afirma Márcio Nery, diretor da ABS Pecplan. Para o 
                    presidente da Asbia, o maior problema é a cabeça 
                    dos pecuaristas. Muitos pecuaristas são conservadores, 
                    e não querem mudar. Para se implantar a IA, é 
                    preciso tecnificar a propriedade e muitos não estão 
                    preparados para alterar a maneira que sempre conduziram a 
                    fazenda, explica Lino Rodrigues Filho. 
                  Futuro 
                   
                    Independente dos problemas, o mercado deverá crescer 
                    nos próximos anos, já que mesmo com a crise 
                    de 2008 o mercado apresentou elevação. Não 
                    consigo enxergar outra coisa que não seja o crescimento 
                    da IA no Brasil. As demandas por proteína animal é 
                    um fator que irá influenciar muito o mercado de inseminação. 
                    Já está estabelecido que o Brasil será 
                    o maior fornecedor de carne vermelha para o mundo, comenta 
                    Márcio Nery. 
                    Outro fator que pode influenciar o mercado, segundo o presidente 
                    da Asbia, é a questão da sustentabilidade. A 
                    genética aumenta a produtividade, principalmente com 
                    o cruzamento industrial. O mercado irá crescer muito 
                    nos próximos anos, e principalmente daqui a três 
                    anos, afirma Rodrigues Filho. 
                    Para o gerente da Agropecuária Jacarezinho, Fernando 
                    Boveda, o mercado em 2009 está bom, mas deverá 
                    ser melhor ainda para os próximos anos. No momento 
                    da crise do ano passado, tivemos uma queda nas vendas, mas 
                    agora o pecuarista já percebeu que o problema passou, 
                    porque hoje estamos em crescimento. E, pelo que estamos percebendo 
                    dos nossos clientes, o sinal é de elevação 
                    para o ano que vem, estima. 
                    Para este ano a projeção é de crescimento 
                    tanto no corte como no leite, mesmo com uma queda no preço 
                    do litro do leite. Espera-se que o mercado cresça a 
                    cada ano e que em três, a IA se solidifique como a forma 
                    mais rentável de reprodução. O que não 
                    se pode projetar é o tamanho deste crescimento, segundo 
                    Lino Rodrigues Filho. Se você me dizer quanto 
                    estará a arroba do boi e o litro do leite daqui a cinco 
                    anos, eu te falo quanto a inseminação artificial 
                    terá crescido. 
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