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                    Ao longo deste tempo, precisei [usar o recurso do seguro] 
                    apenas três vezes, sendo que nos últimos dois 
                    anos consecutivos [2007 e 2008], devido às chuvas de 
                    granizo, lembra o produtor. 
                    Na opinião do agricultor de 72 anos, o seguro agrícola 
                    é uma medida preventiva e que vale a pena investir. 
                    A última vez que acionei a seguradora, o técnico 
                    veio e verificou os danos. Daí, aguardei até 
                    o final da safra e eles me reembolsaram dos prejuízos, 
                    diz Geraldo Parise, se referindo a chuva de granizo, que atingiu 
                    a região de Jarinu em meados de novembro do ano passado. 
                    Os danos provocados até hoje estão aí, 
                    marcados na lavoura. Daqui para frente, seja lá o que 
                    Deus quiser e o que o seguro cobrir, diz bem humorado. 
                    Se não tivesse me prevenido estava amargando 
                    até agora o prejuízo. Como dizem por aí, 
                    chorando as pitangas, brinca o agricultor. 
                    Embora o seguro rural não seja novidade para muitos 
                    produtores, ainda há aqueles que não conhecem 
                    os benefícios ou que demoram em reconhecê-los. 
                    Essa ferramenta financeira é um dos instrumentos de 
                    política agrícola que permite o produtor proteger-se 
                    contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos 
                    climáticos adversos. Foi o que aconteceu com Cristiano 
                    Roberto Aparecido Evangelista. Ele e seu pai têm um 
                    sítio, em Jarinu, de três ha, dos quais, 2,5 
                    ha são destinados ao cultivo de uva niagara rosada. 
                    Em 2007  o primeiro ano em que contrataram o seguro 
                     eles tiveram prejuízos ocasionados também 
                    pelo granizo, que chegou antes da colheita. O fenômeno 
                    natural comprometeu parcialmente a produção, 
                    o que garantiu a continuidade da exploração 
                    econômica da cultura. Dessa forma, o agricultor recebeu 
                    da seguradora um valor proporcional (R$ 13 mil reais, na época, 
                    que ressarcia a perda nas áreas atingidas). Em 
                    mais de 40 anos, tivemos muitos danos na lavoura. Lembro-me 
                    que no ano anterior amargamos grandes prejuízos, pois 
                    não contávamos com o seguro. A perda em algumas 
                    áreas foi total, lembra o agricultor Cristiano 
                    Evangelista. Na minha opinião, vale a pena investir 
                    no seguro, enfatiza ele, que garantirá uma renda 
                    segura, pelo menos até a próxima colheita. 
                    Por estes motivos, não é por acaso, que nos 
                    últimos anos o seguro rural teve um aumento expressivo. 
                    Atualmente ele abrange as modalidades: agrícola, pecuária, 
                    aquícola, florestal e penhor rural. Cada vez 
                    mais, os agricultores recorrem ao seguro, para evitar prejuízos. 
                    Uma vez que ele corre o risco de perder a lavoura e, consequentemente, 
                    a renda dele. Hoje, o valor do seguro pago, ao contrário 
                    do que se imagina, não é tão elevado 
                    assim, uma vez que o agricultor pode pagar em até quatro 
                    vezes, ressalta o corretor de seguros agrícolas 
                    da HBN Consultoria, Ney Bertini. Há também 
                    vários benefícios ao agricultor. No caso do 
                    cultivo da uva, algumas seguradoras pagam o prejuízo 
                    dobrado e a franquia nestes casos é de 10%, em 
                    outras culturas, a franquia é 20%, argumenta. 
                    Na opinião do corretor, a maior agilidade no processo 
                    e também a popularização do seguro estão 
                    contribuindo para cada vez mais elevar os números de 
                    novas adesões. Nós próximos anos, 
                    haverá um expressivo crescimento no setor com maior 
                    número de produtores, aumento da importância 
                    e da área segurada, ressalta Bertini. 
                  Subsídios 
                    do governo 
                   
                    Desde 2003, quando foi criado o Programa de Subvenção 
                    ao Prêmio do Seguro Rural houve um volume considerado 
                    de novas contratações. Através dele o 
                    governo divide com o produtor o valor que ele tem de pagar 
                    pelo seguro, diminuindo os preços e tornando o sistema 
                    acessível a um maior número de produtores. A 
                    força extra dada pelos governos estadual e federal 
                    também estimulou o crescimento desse mercado de seguros. 
                    Hoje, além do subsídio garantido pelo governo 
                    federal, de 50%, o produtor paulista, com renda bruta anual 
                    de 24 mil, pode contar com mais 25% do valor total do prêmio, 
                    do governo estadual. Restando ao agricultor o pagamento dos 
                    25% restantes. Até a safra passada, apenas os agricultores 
                    com renda bruta anual de até R$ 400 mil tinham direito 
                    ao benefício. 
                    Outra alteração, que ocorreu no primeiro trimestre 
                    deste ano, foi o repasse direto do governo paulista ao prêmio 
                    de subvenção, às seguradoras. Até 
                    então, o produtor pagava integralmente o prêmio 
                    e, depois, solicitava ao Estado o reembolso da metade paga 
                    por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio 
                    Paulista (FEAP). Com isto, segundo dados da Secretaria da 
                    Agricultura e Abastecimento de São Paulo, durante o 
                    ciclo agrícola 2007/2008 e o segundo semestre de 2008, 
                    foram R$ 7 milhões em subvenções pagas 
                    pelo governo, com 5.013 operações realizadas, 
                    no valor de 50% do prêmio do seguro agrícola, 
                    contra os fenômenos climáticos. 
                    Em 2008, o governo federal também auxiliou o mercado 
                    quando aprovou um aumento nos subsídios. Conforme o 
                    Plano Agrícola e Pecuário 2008/09, foram previstos 
                    R$ 160 milhões para a subvenção ao prêmio, 
                    o que permitia atender a contratação de 82 mil 
                    apólices de seguro. Ainda segundo dados da Secretaria 
                    de Política Econômica, do Ministério da 
                    Fazenda, em 2005, o governo federal destinou R$ 2,3 milhões 
                    para a subvenção do prêmio do seguro rural. 
                    Em 2006, foram R$ 31,1 milhões. No ano seguinte, o 
                    valor atingiu R$ 61 milhões e chegou em 2008 a R$ 160 
                    milhões. Isto mostra que o governo vem aumentando significativamente 
                    os valores a serem aplicados junto às seguradoras credenciadas. 
                    É um empurrão a mais para as empresas ampliarem 
                    a atuação nesse setor, motivadas pelo aumento 
                    de liquidez no ramo de seguro rural. 
                  Mercado 
                    seguro 
                  Nos 
                    últimos anos, houve um crescimento bastante significativo 
                    de novas adesões, por causa das subvenções 
                    do governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, 
                    e do governo estadual, ressalta Joaquim César 
                    Neto, coordenador administrativo de seguros rurais da Porto 
                    Seguro, uma das maiores seguradoras brasileira de automóveis. 
                    As perspectivas são otimistas e prevemos para 
                    os próximos ciclos (safras) um aumento de até 
                    100%. 
                    Há nove anos, a empresa despontou no segmento focando 
                    no seguro pecuário. Porém, a pouca demanda da 
                    época, fez com que a empresa se retirasse da atividade, 
                    retornando há dois anos, com um cenário bastante 
                    favorável. Atualmente, o Porto Seguro Agrícola 
                    cobre somente danos causados pelo granizo às safras 
                    de frutas, como: ameixa, caqui, figo, pêssego, nectarina, 
                    pera, maçã, goiaba e uva, em todo o estado de 
                    São Paulo. Segundo Neto, a ocorrência de granizo 
                    é mais comum a partir do início da primavera, 
                    época que está começando a fase da floração, 
                    e se estende até o término do verão, 
                    abrangendo todo o ciclo de desenvolvimento das frutas até 
                    a colheita. Isto aconteceu em 2008, nas indenizações 
                    pagas aos produtores de uva na região de Jundiaí, 
                    no estado de São Paulo, que sofreram as ocorrências 
                    de granizo, conta o coordenador. Perante isto, 
                    o seguro rural traz enormes vantagens ao agricultor que vai 
                    desde maior tranquilidade, garantia de rendimentos, segurança 
                    nos futuros investimentos até o baixo custo. Hoje, 
                    ele se torna uma ferramenta essencial na lavoura. E ainda 
                    há um mercado inexplorado, enfatiza Neto. 
                    Com atuação mais abrangente, a Seguradora Brasileira 
                    Rural ingressou no ramo em 2003. Hoje além do seguro 
                    agrícola, atua também no setor pecuário, 
                    aquícola, florestal, penhor rural e seguro de animais. 
                    No início, os participantes eram majoritariamente 
                    fruticultores. No entanto, produtores de outras atividades 
                    nos procuram e podem receber a subvenção estadual, 
                    afirma o diretor comercial da Seguradora Brasileira Rural, 
                    Geraldo Mafra. 
                    Para o diretor, o subsídio ao prêmio é 
                    extremamente inteligente, uma vez que facilita o acesso dos 
                    produtores a cobertura de risco. É preferível 
                    investir na prevenção que no auxílio 
                    aos prejuízos, diz Mafra. Outro ponto importante 
                    para o nosso segmento é a abertura do mercado de resseguro. 
                    A condição proporciona o acesso de novos resseguradores, 
                    garantindo, assim, a possibilidade de aumento na oferta de 
                    capacidade para cobertura de riscos às seguradoras, 
                    aliado a condição de oferta de novas tecnologias 
                    no desenvolvimento de produtos  condições 
                    estas, básicas e fundamentais para o crescimento e 
                    fortalecimento do mercado de seguro, explica Mafra. 
                    Ainda segundo ele, apesar destes fatores favorecerem o campo 
                    das seguradoras é importante ressaltar que o seguro 
                    rural tem sempre um fator aleatório, sob o ponto de 
                    vista técnico, no qual pode haver tendências, 
                    mas nunca uma certeza. Pode chover ou não. Pode 
                    ocorrer granizo como não. Com isto, estamos sempre 
                    vulneráveis. Por isto, o seguro rural é totalmente 
                    diferente ao seguro de autos, no qual as empresas trabalham 
                    com estatísticas. Infelizmente, não podemos 
                    prever o que acontecerá amanhã, enfatiza 
                    Geraldo Mafra. 
                    Diante da dificuldade de prever o futuro e os eventos climáticos, 
                    o mercado de seguro rural com certeza crescerá e será 
                    o remédio mais eficaz, ou melhor, na opinião 
                    dos produtores: prevenir é melhor que remediar 
                    e ainda não ver a vaca indo para o brejo. 
                  Novos 
                    rumos 
                   
                    A tradição de contratação do seguro 
                    rural é essencialmente européia. Países 
                    como Inglaterra, França e Alemanha são os que 
                    apresentam melhores índices no ramo. Fora do continente, 
                    os destaques são para os Estados Unidos e Nova Zelândia. 
                    Uma das primeiras seguradoras a atuar no segmento no Brasil 
                    foi a Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São 
                    Paulo), em 1982. A empresa que oferecia aos segurados uma 
                    contratação básica, chegou a manter uma 
                    carteira de clientes com seis mil segurados. Atualmente, as 
                    seguradoras credenciadas são: Allianz Seguros S/A, 
                    Cia de Seguros Aliança do Brasil, Itaú XL, Mapfre 
                    Vera Cruz Seguradora S/A, Nobre Seguradora do Brasil S/A, 
                    Porto Seguro Cia de Seguros Gerais, Seguradora Brasileira 
                    Rural S/A e Grupo Santander. 
                    Aliás, além de criar uma linha de crédito, 
                    com recursos próprios para fazer empréstimos 
                    aos produtores, o Grupo Santander (que reúne os Bancos 
                    Santander e Real) foi uma instituição que aderiu 
                    ao seguro rural. Atualmente, 20% dos financiamentos agrícolas 
                    realizados pelo Grupo Santander Brasil no varejo estão 
                    assegurados. Hoje, a importância assegurada é 
                    de R$ 250 milhões e os prêmios são de 
                    R$ 7,4 milhões. Isso traz sustentabilidade tanto para 
                    os produtores quanto para os negócios do Banco neste 
                    setor, revela a superintendente executiva de agronegócios 
                    do Grupo, Oacy Oréfice. Atualmente são 
                    1.200 apólices, com o prêmio arrecadado de R$ 
                    7,5 milhões, em uma área de 130 mil hectares. 
                    Porém, é importante ressaltar que foi um começo. 
                    Neste ano, pretendemos expandir estes números, obedecendo 
                    ao calendário agrícola. Com isto, nosso objetivo 
                    é chegar a um número ainda maior do que 2008, 
                    que já foi quatro vezes superior em apólices 
                    e 10 vezes mais a importância de 2007, reforça. 
                    Segundo a superintendente executiva do Grupo Santander Varejo, 
                    o produtor precisa entender que o seguro não é 
                    um custo, mas um benefício e que o governo também 
                    está mudando a forma de subsidiar. O governo 
                    percebeu de fato que necessitava criar um programa que atendesse 
                    às expectativas do produtor, já que a agricultura 
                    está tomando um outro caminho, sendo mais relevante 
                    à economia, opina. 
                    Hoje, são 14 as atividades agrícolas seguradas 
                    pelo Grupo Santander Varejo. Entre elas estão: do Seguro 
                    com Colheita Garantida  assegura indenização 
                    sobre a produtividade das culturas de soja, milho, algodão 
                    e cana-de-açúcar, por eventos climáticos 
                    como seca, geada, granizo, vendaval, inundação, 
                    entre outros; Seguro Granizo  garante o pagamento de 
                    indenização ao produtor rural em caso de granizo 
                    nas lavouras de frutas; Seguro Canavial  destinado à 
                    proteção do custo de produção 
                    da lavoura de cana-de-açúcar; Seguro de Máquinas 
                    e Equipamentos  Protege máquinas, implementos 
                    e equipamentos contra incêndio, roubo e furto simples. 
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