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                    Quem elaborou a Goiaba Kumagai foi o pai de Luiz, 
                    na década de 70, quando iniciou a exportação 
                    da variedade. Após o falecimento do pai, os irmãos 
                    dividiram as terras e continuaram a produção. 
                    Em uma dessas terras está o Sítio Maracujá, 
                    com cerca de 1.000 pés de goiaba, que podem produzir 
                    até um milhão de goiabas por ano  o equivalente 
                    a 250 toneladas. Para controlar toda a lavoura, o produtor 
                    passou a usar o MIP. É muito importante o equilíbrio 
                    na lavoura. A terra deve ser adubada conforme o resultado 
                    das análises técnicas. O uso de defensivos químicos 
                    deve ser a última opção do produtor, 
                    porque ele acaba matando os predadores das pragas também, 
                    explica Miguel Francisco de Souza Filho, pesquisador do IB. 
                    Além do MIP, os produtores da região utilizam 
                    a técnica da Poda Total para garantir frutos 
                    homogêneos, ter goiaba em todas as épocas do 
                    ano e manter a sanidade da plantação. A Poda 
                    Total, também conhecida como Poda Drástica, 
                    consiste no corte da copa da planta após a colheita, 
                    deixando apenas alguns galhos para servirem de respiro para 
                    a planta se desenvolver. Existe também a Poda 
                    Contínua, que significa realizar o corte de galhos 
                    durante toda frutificação do pé. O 
                    problema neste procedimento é que você tem galhos 
                    com botões, frutos pequenos e grandes ao mesmo tempo. 
                    Quando se aplica o produto, todos os frutos acabam recebendo 
                    o defensivo, sendo que alguns estão quase prontos para 
                    serem colhidos e não respeitariam o período 
                    de carência dos agrotóxicos, explica o 
                    pesquisador. Inclusive, para cada fase do fruto, há 
                    um tipo de praga e, logicamente, um tipo de defensivo a ser 
                    aplicado. 
                    Com a Poda Total, os produtores podem dividir a lavoura em 
                    fases da planta. Se uma fileira de pés acabou de passar 
                    pela poda total, a que está localizada de um lado deverá 
                    estar com frutos quase prontos para serem colhidos. Já 
                    a do outro lado deve estar na primeira etapa do pós-poda. 
                    A diferença entre as fileiras é de 15 dias. 
                    Essa divisão por fases é classificada por números. 
                    A fase zero é onde o pé está quase completamente 
                    podado, só existem alguns galhos mais altos para a 
                    planta poder fazer a fotossíntese e se desenvolver, 
                    são os chamados pulmões da planta. Tudo o que 
                    foi retirado na poda vai direto para o chão para servir 
                    de adubo para o próprio pé. Na fase um, na qual 
                    os primeiros galhos começam a aparecer, se retira os 
                    pulmões, para não desequilibrar a planta. Se 
                    você não retira os pulmões, esses galhos 
                    estarão mais avançados em comparação 
                    com o resto do pé e os frutos desse galho seriam maiores 
                    e o restante menores, explica Miguel Filho. 
                    No próximo estágio, começam a aparecer 
                    os primeiros botões da fruta. Nesse momento, o produtor 
                    começa a retirar o excesso de galhos para arejar a 
                    planta. No terceiro estágio, com os frutos ainda pequenos, 
                    o trabalho é retirar que estão mais avançados 
                    ou atrasados em relação à maioria. A 
                    gente precisa tirar os que estão fora da média 
                    porque na hora de colher, nós temos pouco tempo e todos 
                    precisam estar homogêneos. Além da colheita, 
                    na hora de ensacar os frutos também precisam estar 
                    parecidos, porque se demorar a proteger, as pragas começam 
                    a atacar, explica Luiz Kumagai. 
                    O estágio quatro é o ensacamento dos frutos, 
                    ou seja, a fase em que cada fruto recebe um saquinho que é 
                    grampeado a fim de proteger a goiaba. Cada trabalhador consegue 
                    colocar cerca de 4.000 saquinhos por dia, o que significa 
                    aproximadamente quatro pés, já que cada planta 
                    produz entre 800 e 1.200 frutos. Se nós não 
                    selecionarmos os melhores frutos, o pé é capaz 
                    de produzir 3.000 goiabas, só que o tamanho de cada 
                    uma seria muito menor. Daria muito mais trabalho e o valor 
                    de venda seria bem abaixo do praticado atualmente, explica 
                    Luiz Kumagai. Depois do ensacamento, o produtor só 
                    precisa acompanhar a planta para analisar a incidência 
                    de pragas e colher na época correta. 
                  Pragas 
                   
                    As cinco principais pragas que prejudicam a goiabeira, segundo 
                    o pesquisador do Instituto Biológico, são os 
                    psilídeos, os percevejos, as moscas das frutas, o besouro 
                    amarelo e o gorgulho da goiaba. Os psilídeos são 
                    insetos que se alimentam da seiva das plantas. Eles sugam 
                    o líquido e a folha reage se encolhendo e se curvando, 
                    o que prejudica a fotossíntese  processo de transformação 
                    da energia solar em alimento. O percevejo também é 
                    um sugador, mas ele ataca o próprio fruto deixando 
                    uma marca na parte externa, tornando a goiaba sem valor comercial. 
                    O pior é que ele não ataca apenas os frutos 
                    maduros, mas também os botões florais e os pequenos 
                    frutos. 
                    Além dessas pragas, há a mosca da fruta que 
                    pousa na goiaba e deposita os ovos. As larvas eclodem, entram 
                    no fruto e vão se alimentando da polpa, o que torna 
                    a goiaba inconsumível. Depois que a larva se 
                    desenvolve no interior do fruto, se torna mosca e vai depositar 
                    os ovos em outras goiabas, explica o pesquisador do 
                    IB, Miguel de Souza. O gorgulho, que é um besouro, 
                    causa os mesmos danos à fruta que a mosca da fruta. 
                    Ele deposita os ovos e depois que as larvas eclodem elas destroem 
                    a polpa do fruto. 
                    Já o besouro amarelo é uma praga que ataca plantações 
                    de diversas culturas, como abacateiros e mangueiras. Os 
                    besouros têm um ataque muito feroz nas folhas. Eles 
                    acabam deixando as plantas muito desfolhadas e elas perdem 
                    o poder de fotossíntese o que claramente prejudica 
                    o desenvolvimento dos frutos, afirma o pesquisador. 
                  Precauções 
                   
                    Através do MIP, o controle dessas pragas tem dado resultados. 
                    Além do baixo uso de defensivos, o manejo permite ao 
                    produtor o maior uso dos restos da própria lavoura 
                    como forma de adubo. Usando produto químico diversas 
                    vezes, os insetos se tornam resistentes, os frutos recebem 
                    inseticida em excesso, destrói o meio ambiente inclusive 
                    os predadores das pragas e o produtor prejudica a própria 
                    saúde, explica o pesquisador. Com esse tipo de 
                    manejo deve ser feito o acompanhamento dos pés para 
                    verificar a incidência de praga a fim de determinar 
                    a necessidade ou não do uso de produtos. 
                    Para esse tipo de trabalho, é necessário que 
                    o produtor se preocupe com a capacitação dos 
                    funcionários para analisar a incidência de cada 
                    praga nos pés de goiaba. Tem muito produtor que 
                    ao ver qualquer sinal de praga, já vai aplicando inseticida, 
                    com medo de perder a produção. Mas o ideal é 
                    trabalhar com um ambiente mais natural possível, 
                    afirma Miguel. Com isso, se preserva os predadores, que se 
                    alimentam das pragas. Nós estamos sempre monitorando 
                    as goiabeiras, e aturamos até atingir um índice 
                    de incidência de 5 a 7% dos frutos. Aí é 
                    o momento de usarmos algum produto, mas sempre com controle 
                    e com diferentes princípios ativos para não 
                    criar resistência, explica Luiz Kumagai. 
                  Exportação 
                   
                    Ao tomar todos esses cuidados, os produtores de Pedra Branca 
                    exportam cerca de 50% da produção. A variedade 
                    Kumagai é a branca, apropriada para a exportação 
                    já que é mais resistente. Para o envio das frutas, 
                    os produtores aguardam a encomenda dos exportadores e programam 
                    a colheita e a embalagem para o mesmo dia do carregamento, 
                    diminuindo ao máximo o tempo da colheita para a venda 
                    final. 
                    Após a colheita, o fruto é embalado um a um 
                    em uma máquina a vácuo. São separados 
                    por tamanho, e os maiores e os menores acabam ficando de fora 
                    já que os menores não têm valor comercial 
                    e os maiores não cabem na caixa. As caixas cheias de 
                    goiabas ficam em um refrigerador até o momento do carregamento. 
                    Daí para frente já não é 
                    mais com a gente, mas o ideal é ir o quanto antes, 
                    de preferência de avião. É uma pena o 
                    fruto demorar tanto para chegar lá porque quanto mais 
                    tempo passa, pior fica a consistência e o gosto, 
                    explica Ricardo Kumagai. 
                    Quem desejar ter mais informações sobre o Manejo 
                    Integrado de Pragas na cultura de goiaba, pode entrar em contato 
                    com o pesquisador do Instituto Biológico, Miguel Souza 
                    Filho através do telefone (11) 3252-8342 ou pelo e-mail 
                    miguelf@biologico.sp.gov.br. 
                       
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