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                    Tal evolução não é devida somente 
                    à alta eficiência das principais raças 
                    de animais, mas também a uma série de melhoramentos 
                    nas áreas de fisiologia, nutrição, manejo 
                    dos reprodutores e, principalmente, genética. O processo 
                    de inseminação artificial está sendo 
                    cada vez mais divulgado no mercado e é hoje, considerado 
                    por muitos, o grande gancho da pecuária moderna. 
                    Com isto, o mercado de produtos para inseminação 
                    artificial tem números a comemorar e vê pela 
                    frente um cenário bastante otimista. Segundo o relatório 
                    anual da Associação Brasileira de Inseminação 
                    Artificial (Asbia)  divulgado em março deste 
                    ano  o setor fechou 2008 com um volume histórico 
                    de doses de sêmen comercializadas. Foram 8,204 milhões 
                    de doses vendidas. Até o momento, o melhor resultado 
                    fora o de 2004, com 7,480 milhões. Para a entidade, 
                    o principal responsável pela marca foi a pecuária 
                    leiteira. Em 2007, só neste setor houve um crescimento 
                    de 27,01%, em comparação a 2006. Foram 3,696 
                    milhões de doses comercializadas, o maior volume dos 
                    últimos dez anos. Em 2008, houve um aumento considerado 
                    e o setor encerrou o ano, com 4,050 milhões de palhetas 
                    comercializadas. Nos últimos dois anos, com melhor 
                    remuneração do setor, os produtores passam a 
                    investir em genética. Até o ano passado, a valorização 
                    do real frente ao dólar foram outros fatores que contribuíram 
                    para sustentar a demanda. Houve também na cadeia produtiva 
                    do leite um crescimento da importação do sêmen, 
                    puxado pela raça Holandesa, que responderam por 77% 
                    das compras externas, relata o presidente da Asbia, 
                    Lino Rodrigues Filho. 
                    As vendas de sêmen de bovinos de corte também 
                    deram sua contribuição. Em 2007, foram negociados 
                    3,8 milhões de doses  com ligeiro recuo de 0,65% 
                     em relação ao ano anterior. Já 
                    em 2008, foram 4,1 milhões. Apesar da crise atual 
                    vivida pelos frigoríficos, a demanda pelo produto continuará 
                    existindo. Com isto é hora de melhorar a qualidade 
                    para garantir remuneração, utilizando o quê? 
                    Tecnologia. Isto é um estímulo interessante, 
                    pois os pecuaristas precisam mostrar eficiência na produção, 
                    descreve Rodrigues Filho. 
                    Até mesmo com a crise financeira, o setor espera para 
                    este ano um crescimento em torno de 6% a 8%, em comparação 
                    ao ano passado. Porém, se alguém me perguntasse 
                    das nossas projeções no mês de setembro 
                    de 2008, o resultado seria diferente. Agora neste mês 
                    de março, encerraram a estação de monta 
                    e aguardamos que até a próxima, os efeitos da 
                    crise já estejam amenizados, diz o presidente. 
                    Na opinião de Heverardo Rezende de Carvalho, diretor 
                    da Alta Genetics, de Uberaba (MG), empresa especializada em 
                    inseminação artificial, a crise poderá 
                    afetar o setor, mas não tão profundamente. Até 
                    porque os preços da arroba não estão 
                    tão baixos, como estavam em comparação 
                    à mesma época do ano passado. Acredito que haverá 
                    também falta de animais para abate. A demanda por carne 
                    fará com que haja um crescimento no mercado de inseminação 
                    artificial, revela. Se o pecuarista tiver um problema 
                    no fluxo de caixa, ele poderá até comprar produto 
                    mais barato, mas não deixará de inseminar, 
                    completa. 
                    O otimismo no setor tem boas explicações. Nos 
                    últimos 10 anos, o crescimento foi de 47,35%. Os 
                    bons resultados são a soma da visão empresarial 
                    da atividade e do pecuarista que sabe que produzir com qualidade 
                    e competitividade, necessariamente, passa pelo uso da técnica 
                    (IA), analisa Márcio Nery, diretor da ABS Pecplan, 
                    empresa de inseminação artificial, de Uberaba 
                    (MG). 
                    Mas, para o presidente da Asbia, Lino Rodrigues Filho, ainda 
                    há um campo para ser explorado. Na área 
                    de leite existem 22 milhões de matrizes e na de corte, 
                    70 milhões, no total apenas 8% destas são inseminadas. 
                    O número não a chega 1% do total de pecuaristas. 
                    O que falta é a divulgação dos resultados 
                    do uso desta tecnologia e de uma cultura de fidelização 
                    dos clientes, para garantir o sucesso do trabalho. Este é 
                    o nosso desafio, diz o presidente da Asbia, que agrega 
                    17 empresas de inseminação artificial.  
                    Para o gerente administrativo da CRV Lagoa, Antonio Esteves, 
                    a propaganda é alma do negócio. Hoje, 
                    já existem kits para facilitar o investimento inicial, 
                    forma de pagamento, disponibilidade de mão-de-obra 
                    capacitada e cursos nas centrais de coleta. O mais importante 
                    é começar bem um trabalho para que a empresa 
                    não caia no descrédito e os pecuaristas também 
                    parem com a técnica de inseminar, diz. 
                  Pensando 
                    no futuro 
                   
                    Para alavancar a tecnologia, a aproximação entre 
                    os elos das cadeias da carne e de lácteos e a disseminação 
                    de novas práticas, como a Inseminação 
                    Artificial em Tempo Fixo (IATF), favorecem o aumento das vendas. 
                    Acredita-se que, em 2009, a demanda de sêmen para 
                    IATF já tenha superado dois milhões de doses. 
                    É uma prática que vem crescendo e se mostra 
                    interessante, mesmo para quem não tem prática 
                    de inseminação. As vantagens da técnica: 
                    são o aumento do número de bezerros de IA, aceleração 
                    ao melhoramento genético e possibilidade de nascimento 
                    e desmame em épocas mais favoráveis ao bezerro 
                    e padronização dos lotes, obtenção 
                    de melhores preços na venda, diz o presidente 
                    da Asbia. 
                    Já na opinião de Márcio Nery, da ABS 
                    Pecplan, a IATF é a principal alavanca do uso da técnica 
                    no gado de corte e o principal benefício está 
                    em facilitar o uso da técnica em grandes rebanhos e 
                    uma adequação às necessidades de uma 
                    estação de monta. No gado de leite, o 
                    uso de técnicas simples e largamente testadas, 
                    acrescenta Nery.  
                    Para o gerente da Alta Genetics, Heverardo Rezende de Carvalho. 
                    Sem dúvida, a IATF veio possibilitar que grandes 
                    rebanhos e fazendas enormes passam a inseminar com facilidade. 
                    Com isto, há uma série de vantagens econômicas, 
                    entre elas, a redução de custo, conta. 
                    Outra tecnologia de ponta que deve favorecer as vendas será 
                    o sêmen sexado [onde acontecem a escolha do sexo dos 
                    animais], puxado principalmente pelo bom momento da cadeia 
                    produtiva de leite (pela primeira vez nos últimos 10 
                    anos, o volume de vendas de sêmen de raças leiteiras 
                    foi praticamente o mesmo do negociado para as de corte). O 
                    presidente da Asbia, cita ainda que a preocupação 
                    com a rastreabilidade é outro fator indiretamente positivo, 
                    pois a utilização de sêmen facilita o 
                    processo de identificação. O sêmen 
                    sexado é uma tecnologia fantástica para aumentar 
                    a produtividade, pois é o produtor terá a certeza 
                    que nascerão mais fêmeas (no caso da pecuária 
                    leiteira) ou mais machos (na pecuária de corte), 
                    cita o gerente administrativo da CRV Lagoa, Antonio Esteves. 
                     
                    O otimismo do setor também está embasado em 
                    um outro fator. Empresas que visam à qualidade do produto 
                    estão trabalhando junto à atividade primária 
                    [os produtores] para que este invista na inseminação. 
                    Quando mais gente for para o campo e mostrar as tecnologias 
                    da inseminação, isto será positivo para 
                    todo mundo, conclui Heverardo Rezende de Carvalho, da 
                    Alta Genetics, confiante no cenário positivo a longo 
                    prazo. 
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